Entenda por que você deve ficar de olho no álbum de estreia da Ava Max, "Heaven & Hell"!

Em tempos de enxurrada de singles e álbuns que mais parecem playlists, o álbum de estreia da Ava Max prova que é possível lançar canções avulsas e ainda criar um projeto com conceito. Heaven & Hell reforça que, apesar da pressão de fugir do apelido one hit wonder, a cantora de ascendência albanesa conseguiu provar que tem muito potencial e merece a sua atenção.

Desde o lançamento de “Sweet But Psycho” em 2018, a carreira de Ava Max deu um giro de 180 graus. A canção alcançou o number one em várias paradas na Europa, inclusive a do UK. Além disso, ela ainda acumula quase 1 bilhão de streams no Spotify. A música seguinte, “So Am I”, também foi top 10 na Europa e ganhou um remix com o grupo de kpop NCT 127. No MTV Europe Music Awards de 2019 a cantora ganhou o prêmio de Best Push Act. A partir disso foram várias canções e parcerias, que fizeram Ava conquistar o estrondoso número de 4 bilhões de streams. 

O lançamento de “Kings & Queens” em março deste ano foi a confirmação de que o tão aguardado debut estava pra chegar. O letreiro “Side A: Heaven” no começo do clipe já dava pistas do conceito da era, que foi confirmada com o clipe de “Who’s Laughing Now” e o take com “Side B: Hell” no centro. O título escolhido é Heaven & Hell, pois “representa luz e escuridão, bem e mal, e o diabo e anjo em seus ombros. Estou discutindo as dualidades dos desafios que enfrentamos todos os dias. Algumas canções têm escuridão; outras canções são mais positivas. ‘Heaven & Hell’ é o meio termo.” E falando em conceito, numa entrevista para o próprio Keeping Track, Ava deixou bem claro o quanto isso é importante para ela. “Sabe, eu realmente faço questão que me represente como artista. E, principalmente, faço questão de não copiar roupas e tudo mais, porque sinto que todo artista deveria ser original”. 

O céu de Ava Max é composto por uma introdução e 6 canções, incluindo as já conhecidas “Kings & Queens” e “OMG What’s Happening”. “H.E.A.V.E.N” apresenta o universo angélico com um coral acompanhado de sintetizadores, que se transforma numa batida eletrônica e perto do final retorna para o som do início. “Naked” mostra uma Ava vulnerável, na busca por uma pessoa que enxergue seu corpo, sua alma e seu coração. O refrão de “Tattoo” tem uma vibe mais adolescente, e acaba flertando com um outro público, mas não precisa torcer o nariz, porque ela tem uma produção nostálgica e um ritmo super cativante. Toques latinos fazem parte dos versos de “Call Me Tonight”, e ajudam a criar uma atmosfera sensual enquanto Ava canta sobre se entregar à paixão por uma única noite. Os sinos góticos no começo de “Born to the Night” indicam o fim do primeiro ato. A faixa é bem ambiciosa já que, além dos sinos, passa pelo eletrônico, pop clássico e uma bridge que leva as distorções na voz para outro nível. É definitivamente uma das melhores do side A.


A dona do purgatório é “Torn”, de agosto de 2019, que já ganhou clipe dirigido pelo renomado Joseph Kahn. Apresentando um cenário em que Ava está dividida entre continuar ou terminar um relacionamento, ela é a canção perfeita para preencher o espaço do limbo. Uma curiosidade é que na ponte da música Ava canta “I'm torn in between heaven and hell”, será que ela já tinha deixado um easter egg lá atrás?


Já o inferno conta com 7 faixas, com as já lançadas anteriormente “Who’s Laughing Now”, “So Am I”, “Salt” e o hit mundial “Sweet But Psycho”. A canção escolhida para apresentar o lado mais dark do álbum é “Take You To Hell”, uma pop perfection que merece ser single. Com um início dramático e uma produção cativante, Ava canta sobre se valorizar e exigir o tratamento que merece. “Belladonna” é uma faixa ousada, no estilo ame ou odeie, e isso se deve à sua produção e à construção da letra. O começo lembra um filme de ficção científica, quebrado pelo drama dos versos e um retomado com o eletrônico presente no refrão. A atmosfera sensual e perigosa combina com a composição, em que Ava fala sobre uma mulher que encanta e machuca as pessoas ao seu redor, mesmo que não seja sua intenção. A última inédita é “Rumors”, onde Max brinca com a sequência de palavras “Rumors-Ruma-Room” para dizer que está ignorando qualquer fofoca em prol de uma noite boa com seu boy.


Algumas canções até parecem estar no lugar errado da divina comédia, mas isso não impede que sejam apreciadas. A preocupação de Ava ao criar conceito e visual para seu debut deve ser valorizada, agora só falta uma turnê para explorar ainda mais esse universo. Outro destaque fica para a diversidade de seus vocais, que é surreal e muito bem explorada ao longo do trabalho, assim como sua ambição ao misturar vários estilos numa única canção. De maneira geral, Heaven & Hell é um ótimo álbum de estreia, e posiciona Ava Max como uma artista, e longe do estigma de one hit wonder e cópia.

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