As apresentações que salvaram – ou não – o VMAs 2016


Em sua 33ª edição, a cerimônia do ano de 2016 do MTV Music Video Awards veio para tentar se reerguer e reconquistar o grande público que tinha em seus tempos áureos, mas que falha na tentativa e na execução, visto que a audiência só mostra que mais e mais pessoas deixam de assistir ao programa a cada ano que passa. Muitos erros foram cometidos, como a falta de um apresentador carismático, e o formato desgastado do show, que cansa pela irrelevância de certos momentos para o telespectador. Ainda assim, algumas apresentações de artistas consagrados ajudam a salvar uma noite tediosa, apelando para uma nostalgia daqueles tempos que não voltam mais.

Rihanna – Vanguard Award Medleys (por Peterson Augusto)


Desculpe, mas para mim, Riri foi a verdadeira dona do VMA deste ano. Foi homenageada com o prêmio Vanguard, que reconhece toda a sua enorme carreira e contribuições para a música como a conhecemos hoje – e que rendeu discursos lindos com Drake – e ainda pôde apresentar seus maiores hits num total de quatro vezes. Foram quatro performances de tirar o fôlego, que justificaram o porquê de Rihanna ser a dona da porra toda, rs. Separados em medleys pelos gêneros com que a cantora trabalha em suas composições, todos com identidades visuais totalmente diferentes umas das outras, revisitamos cada single memorável de seu passado como artista, até seus sucessos mais recentes. Nem a Britney, da plateia, conseguiu resistir à empolgação de todos esses momentos, gente!

Começando com o estilo que nos rendeu ótimos hinos do pop-farofa, Riri mostra suas habilidades na dança ao som de “Don’t Stop the Music”, “Only Girl (In the World)”, “We Found Love” e “Where Have You Been”, num bloco frenético e visualmente muito bonito. Em seguida, dentro do estilo que mais gosto, o dancehall, a barbadiana fez juz às suas raízes e entregou uma performance bem empolgante de “Rude Boy”, “What’s My Name” e “Work”. Ela fica extremamente confortável nesse gênero e foi a minha preferida das quatro. Outro que mereceu meus aplausos foi o bloco do hip-hop, com “Needed Me”, “Pour It Up” e “Bitch Better Have My Money”, onde a cantora exalou atitude e personalidade forte, como já é habitual. Por fim, encerrando a noite, Rihanna apostou nas melhores baladinhas que já produziu, “Stay”, “Diamonds” e “Love On The Brain”, em versões muito bonitas acompanhadas de uma orquestra. Respect!

Ariana Grande & Nicki Minaj – Side To Side (por Peterson Augusto)


Para mim, a apresentação de “Side To Side” foi um dos pontos altos da noite, ainda que tenha sido um pouco esquecida devido às performances das donas da noite, Rihanna e Beyoncé. O novo single de Ariana Grande em parceira com Nicki Minaj debutou na própria noite do VMA, e o palco já dava um gostinho do que veríamos logo em seguida no clipe, que por sinal está muito maravilhoso. Ari e Nicki encarnam duas bonecas Barbie em um cenário que chama atenção por simular uma academia, onde elas treinam nas bicicletas e atraem os olhares de todos os marombinhas. Quanto à questão vocal, não digo que deixa a desejar, mas admito que tem suas falhas, sim, mas totalmente justificáveis. Ninguém consegue pedalar, fazer uma coreografia bem ensaiada, subir em objetos, interagir com os dançarinos e ainda se manter nas notas certas. Não há fôlego que aguente, essa é a verdade.

Tudo foi muito bem executado com um esforço notável da menina Ari, enquanto Nicki, como sempre, faz seus versos na maior tranquilidade e no carão. A dinâmica das duas é sempre uma aposta muito certeira, e a química estava muito presente ali, ficando evidente que ambas estavam tendo um bom momento. A dupla também parece trocar favores: ao seu lado, Grande se distancia da imagem meiga e inocente, ao mesmo tempo em que Minaj se mantém relevante na indústria em parceria com uma grandes artistas da geração. Por fim, no palco predominantemente rosa e azul, a apresentação se torna um bom complemento do videoclipe, fielmente reproduzido ao vivo, no palco do VMA.

Britney Spears & G-Eazy – Make Me... / Me, Myself & I (por Peterson Augusto)


Acredito que esta tenha sido a apresentação mais aguardada do público, devido a todos os acontecimentos com a princesinha do pop nos palcos dos VMAs que entraram para a história, tanto positivamente, quanto negativamente. Em 2007, em meio a um colapso de emoções e tragédias em torno de sua vida pessoal, Britney se viu eternamente marcada no mundo todo como problemática, durante a apresentação de “Gimme More”, no palco do VMA. Virou alvo de piadas e de pena, por um público que só contribuía para sua iminente derrota. E é exatamente por isso que, nove anos depois, é extremamente simbólica a performance que a cantora entregou ao som de seu novo single, “Make Me...”.

Foi uma performance para os fãs, sempre munidos da esperança de que um dia Britney voltaria a ser completamente dedicada ao seu trabalho. Entretanto, mais do que isso foi visto no palco: ela estava feliz, confiante do potencial que tem, sem as inseguranças que a limitavam. Neide deu o melhor de si, sim, ainda que tudo tenha sido relativamente simples, e por isso supriu minhas expectativas. Não foi icônico, mas entra também para o hall de momentos memoráveis de sua carreira. Teve muita coreografia bem executada, bate cabelo, pouca roupa – não é para todos, aquele tom de amarelo, hein – e o já habitual playback. Estou apostando todas as minhas fichas nela ultimamente, depois de ouvir seu maravilhoso novo álbum, “Glory”, e consigo enxergar muita coisa boa no futuro para a cantora que redescobriu seu espaço no cenário musical.

Future – Fuck Up Some Commas (por Gabriel Bonani)



Infelizmente, ao meu ver, o rapper Future entregou a pior performance da noite. Claro que os artistas pop são sempre mais privilegiados quanto a produção de suas produções, mas dessa vez nem o próprio Future ajudou. O rapper claramente não consegue levar um show por si só, porque sua presença de palco é deprimente de se ver, uma vez que o cantor mal se mexia no palco, e quando mexia, eram movimentos ridículos que pareciam mais como uma tentativa de fuga de abelhas, não posso negar (hahaha). Os dançarinos também nem sequer conseguiram melhorar a performance. Na minha opinião, faltou dinâmica em muitos aspectos: do Future com a plateia, dos dançarinos com o Future, etc.

Nick Jonas & Ty Dolla $ign – Bacon (por Gabriel Bonani)



Devo confessar que diante dos grandes nomes da lista de performers, não estava depositando muita confiança na performance do Nick, porém felizmente me surpreendi. Constando a apresentação da Beyoncé e o medley de baladas da Rihanna, seria errôneo dizer que foi a melhor da noite, porém afirmo sem me arrepender que Bacon foi, sem dúvidas, o momento mais divertido da noite. Só de ter começado em outro cenário, já mudou todo o clima do VMA, que permanecia morno até então. Nick conseguiu trazer personagens super animados em cena, como um cozinheiro jogando bacon pra todo lado, Ty Dolla $ign ostendo uns carrões, e ainda, por supresa, até seu irmão Joe Jonas com sua banda DNCE no banco da lanchonete. Além de tudo isso, como se não bastasse, Nick ao final saiu do estúdio que se apresentava para finalizar o seu show no palco externo, como uma verdadeira estrela, arrancando gritos de histeria de diversos fãs que o aguardavam do lado de fora. Foi um espetáculo do começo ao fim!

The Chainsmokers & Halsey – Closer (por Gabriel Bonani)



A apresentação desses dois artistas não atendeu nada além da demanda, portanto foi bem mediana. O grande problema foi a ordem na qual ela foi colocada: logo no encerramento, e convenhamos que não foi uma apresentação nem um pouco digna para fechar o evento com chave de ouro. Por um lado, nenhum dos dois cantores tem uma presença de palco notável, porém felizmente por outro, houve uma química muito grande entre os dois, fazendo que a atenção do público fosse mais fixada do que o comum. Todavia, mesmo assim, ainda esperava mais. Faltou uns efeitos visuais, assim como dançarinos, pra tentar dar uma turbinada nessa apresentação, que se resumiu só em um hiperssexualização de Andrew Taggart e Halsey, enquanto um caminho mais descontraído podia ter sido mais explorado.

Beyoncé – Lemonade Medley (por Gabriel Bonani)


Bom, mais uma vez a cantora salvou a noite! Beyoncé já está quase em um plano divino quando se trata de sua imagem artística e filantrópica, e isso foi comprovado mais uma vez na noite do VMA. Primeiramente, por incrível que pareça, ela conseguiu superar ainda mais o nível de sua apresentação do VMA 2014, colocando o medley do Lemonade certamente entre os momentos mais memoráveis da história da premiação.

Em uma apresentação de 15 minutos, a cantora provou que está em um nível muito superior ao tentarmos compará-la com qualquer outro artista da indústria, afinal quem detonaria o show – no bom sentido – a ponto de até quebrar uma câmera da MTV, não é mesmo? Num show pirotécnico maravilhoso, Beyoncé conseguiu mostrar as diversas facetas de sua personalidade, desde seu lado mais angelical, em “Pray You Catch Me”, até seu lado mais explosivo e badass, em “Don’t Hurt Yourself”. E o mais importante de tudo isso é que a cantora não deu só um show de dança e de música, ela também deu um show moral, terminando seu show com um embasamento feminista e racial espetacular. Garanto que quando Beyoncé encerrou sua apresentação, com as dançarinas formando o símbolo de vênus (símbolo da mulher) numa visão aérea, todo mundo levantou para aplaudir de pé a cantora. Tudo que podemos fazer é agradecer por estarmos vivendo na mesma época que Beyoncé! 

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