Nothing But Thieves retorna mais maduro e impactante com Broken Machine


O Nothing But Thieves acaba de lançar o sucessor do seu ótimo debut e não deixa nem um pouco a desejar, mostrando uma maturidade e uma evolução musical de dar inveja. Entenda tudo isso no nosso review do novo trabalho de estúdio deles, Broken Machine.

Se dar sequência a um ótimo álbum já é difícil para bandas veteranas (como vimos recentemente com o Queens of the Stone Age), para uma banda tão nova deveria ser ainda mais complicado, mas os meninos do Nothing But Thieves fizeram parecer a coisa mais fácil do mundo, nos presenteando com um disco absolutamente competente e tão agradável quanto o anterior.

Calmo como uma bomba, o disco abre com “I Was Just a Kid” e já lhes digo que custei a acreditar nos meus ouvidos quando escutei pela primeira vez. A faixa é extremamente impactante e traz um lado um pouco mais pesado da banda que não havia sido tão explorado no primeiro álbum e ainda destaca os vocais sensacionais de Conor Mason. “Amsterdam” vem sem a menor intenção de pisar no freio e mantém a mesma linha enérgica da faixa anterior. Por mais redundante que isso possa soar, os vocais de Conor novamente merecem um destaque gigantesco, mas além disso, os teclados de Dominic Craik deram uma ambientação única para a faixa em seus momentos mais calmos.


Finalmente amenizando as coisas, “Sorry” chega melodiosa e convidativa, bem digna de single mesmo. Dois pontos importantes a serem citados são o baixo, que por um milagre não segue a guitarra, consequentemente se sobressaindo um pouco mais que o normal e a ponte da canção que é baseada essencialmente no teclado, um dos pontos mais altos da faixa. Infelizmente nem tudo que é bom não dura tanto assim e a ótima sequência é quebrada pela faixa-título “Broken Machine”, uma música absolutamente confusa, talvez propositalmente até pelo próprio nome, mas que não funcionou tão bem. Ainda que morna, a faixa apresenta uma das melhores baterias do disco e vai ficando melhor depois de algumas ouvidas.


“Live Like Animals” acelera as coisas de novo e traz um vocal bem diferente, quase que um rap, em cima de um instrumental muito bem construído e enérgico, com uma ponte genial e um riff de guitarra absurdamente contagiante, se posicionando logo de cara entre as melhores do disco. Como se caísse do topo de um prédio, o ritmo do disco despenca e aterrissa na beleza de “Soda”, uma balada incrivelmente emocionante. Estruturalmente, um violão tímido, um baixo insistente e uma sutil guitarra carregada de delay envolvem um vocal essencialmente calmo que entoa uma letra que se revela uma das melhores do disco, ainda que muito simples e direta. Mostrando o quão estratégico foi o posicionamento dela no tracklist, a introdução de “I’m Not Made by Design” gradativamente te conquista e, quando você menos espera, ela explode num refrão magnífico e imponente, devolvendo o ritmo ao álbum e ainda com o bônus uma euforia quase que inesperada. A escolha dessa faixa como uma das primeiras do disco a serem liberadas não foi por acaso, pois ela de fato te faz querer ouvir mais e mais, não importa quantas vezes você já tenha feito isso.


Fazendo o processo inverso, “Particles” deixa de lado a empolgação da faixa anterior e dá lugar a uma atmosfera melancólica e sem brilho. O vocal e a letra são tão desanimados que o instrumental custa a acompanhar, só não chegando a soar desigual por conta das linhas de baixo e guitarra, que além de criarem um clima único para a faixa, ainda se completam numa sutileza incrível. “Get Better” tenta levantar os ânimos, mas não obtém sucesso, já que a faixa é muito boa, mas o instrumental é arrastado e a letra não colabora muito, tornando essa uma faixa com grande potencial, mas que poderia ter sido um pouco mais trabalhada e melhor executada.

Infelizmente agora as coisas desandam um pouco, pois daqui em diante o álbum decai com dupla de faixas mornas e sem sal que parecem nem tentar impressionar. Começando por “Hell, Yeah” que traz um instrumental cru e sem vida, acompanhado de uma letra que não faz muito sentido. “Afterlife” encerra a edição padrão do álbum de maneira trágica, sendo menos pior que a anterior apenas pelos teclados que são praticamente o único motivo para ouvi-la. Felizmente a edição deluxe continua por mais duas faixas e a primeira delas é “Reset Me”, uma canção bem animada e infinitamente melhor que as duas últimas, com arranjos muito bem construídos e uma linha de baixo tão sensacional que chega a ser viciante. Por fim temos “Number 13”, que é mais cadenciada, mas ainda segue a linha da faixa anterior, contando com ótimos vocais e algumas das melhores guitarras do disco.

Não é de hoje que algumas bandas lançam discos que podem ser comparados a uma pizza com uma das metades sem recheio. Felizmente, o caso aqui é menos grave, o álbum sofre bem pouco com faixas fillers e não é necessário focar nelas, afinal uma andorinha só não faz verão, ou nesse caso duas andorinhas. A evolução da banda em relação ao primeiro álbum é bastante clara e mostra um amadurecimento enorme tanto musicalmente quanto liricamente, com faixas mais complexas e mais bem construídas. Se eles vão seguir evoluindo, não sabemos, mas se no mínimo continuarem como estão, é certo de que ninguém vai reclamar.

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