Noonday Dream: os sonhos e experiências de Ben Howard



Depois de muita espera, Ben Howard retornou com força trazendo seu terceiro álbum de estúdio Noonday Dream. Um trabalho autêntico que diz muito sobre o cantor. Já que a espera acabou, agora podemos conhecer muito melhor sobre o álbum e muito mais sobre o cantor!

A carreira de Ben Howard começou pela Inglaterra. A identificação com o folk sempre foi muito forte dentro dele. Ele sempre soube de sua vocação com a poesia e com a composição. Umas pitadas de muitos estilos fizeram algo único com o som dele. Contrates de folk, rock e surf music são comuns nas composições de Ben. Autenticidade é marca registrada, inspiração tem de sobra em qualquer verso de qualquer canção. Muito além da poesia, ele se encontrou junto a música.

2011 foi quando ele lançou o primeiro EP, The Old Pine, e logo já teve seu primeiro álbum, Every Kingdom. O retorno havia sido apenas em 2014, com I Forget Where We Were, o segundo álbum de estúdio. Os anos de espera sempre foram compensados com um trabalho bem produzido e composto. Definitivamente nada decepcionante e sempre melhor. 2018, quatro anos depois do segundo álbum, é outro ano de estreia que diz muito sobre o que Howard guardava para a gente - se terceiro álbum, Noonday Dream.

Tudo começa já com um dos singles, "Nica Libres at Dusk", uma música um tanto quanto poética e inspiradora. Nica Libres pode ser algo referido a uma marca de cigarros ou um coquetel do Nicarágua, ou simplesmente uma referência o próprio lugar. Mas não é isso que faz a música ser o que é. A letra parece expressar liberdade e paz. Toda a composição sonora traz uma serenidade inigualável. A combinação perfeita de vocais e instrumentos dão aquela leve sensação de estar deitado em alguma praia com a paz para te rodear.


Em seguida, é a vez de outro single, "Towing The Line". Uma música com tantos significados unidos. É a verdadeira alma poética de Ben transparecida em versos. O leve acústico de violão transforma o cenário em algo que nos faz sentir cada pedaço. Pode se referir a algo sobre "andar na linha" ou sobre o peso de algo, enfim. Ele soube descrever ele mesmo provavelmente dentro de um relacionamento e se expressou muito bem. 

A terceira música é o primeiro single do álbum e estreia dessa nova era do cantor. "A Boat To An Island In The Wall" fala sobre a vida e como passamos por ela, quantas vidas nós vivemos. O instrumental é clássico de Ben Howard, com um destaque para a guitarra que aparece bem vívida em um dos momentos da música. É uma canção que expressa exatamente como é estar vivo aqui e agora.

"What The Moon Does" é a sequência que carrega mais uma parte muito única da essência de Ben. O ritmo evolui, e quanto mais você ouve, mais arrepiado fica. Mais uma vez fala sobre a vida e sobre como é reviver memórias e ser quem é. É uma canção perfeita para se inspirar. O mesmo acontece com a que vem em seguida, "Someone In The Doorway". Esta fala um pouco sobre memórias e amor, sobre os lugares e seus sentimentos. Um destaque para a bateria que se sobressai durante toda a música junto à suavidade de violoncelos e violinos. Outra música que evolui para você se arrepiar.

Pela primeira vez, Ben utilizou um interlúdio no álbum, "All Down The Mines" transfere o álbum a uma nova dimensão (recomendo ouvi-la com fones de ouvido). E então chega "The Defeat", que definitivamente mostra que as inspirações dele não vêm apenas do folk. Os encontros com o soft rock aparecem. Os vocais impecáveis trazem calor ao fogo aceso pelos instrumentos de percussão. A guitarra faz o aprofundar da música e mais uma vez uma letra bem caprichada e, mais do que nunca, um Ben Howard retratando experiências e a vida. Com certeza, uma das minhas favoritas.


"A Boat To An Island Pt. 2/ Agatha's Song" é uma viagem sonora que nos teletransporta por tudo aquilo que ele se inspirou. O pequeno verso apenas traz alguma provável forma dele de jogar algo fora. Os instrumentos são predominantes e nos faz sentir estar deitado olhando um céu estrelado e afetuoso. 

"There's Your Man" retorna ao clássico e acústico Howard, mas ainda com o toque de bateria destacado. Mas o verdadeiro ênfase é para o vocal elaborado com alguns efeitos de voz, os quais ecoam dentro de nós. Uma canção um tanto quanto fofinha. Ben parece ter criado um narrador para cantar esses versos e assumir o que parece descrever ele mesmo. Mais uma para a lista dos favoritos. Assim como "Murmurations", o último single lançado e a que encerra o álbum de forma linda. Escrita por ele em dias ensolarados, o que já nos deixa com o gostinho de sentir coisas boas. 

Noonday Dream foi um trabalho muito bem composto e produzido. Com toda sua áurea poética, o álbum é totalmente inspirador e traz muitas formas de experimentar a vida. Sobretudo mostra a essência graciosa de Ben Howard. Toda a espera por ele jamais nos desapontou, mas sim nos torna cada vez mais inspirados pela busca de uma essência e de uma melodia perfeita. Certamente essa busca pelos sonhos fizeram Ben Howard lançar um dos melhores álbuns do ano!








Um comentário:

  1. Cara, eu tive alguma resistência com esse álbum, talvez ele estivesse denso demais para o momento que eu estava vivendo quando ele foi lançado. Mas desde ontem já devo ter ouvido ele umas dez vezes e vejo a mesma beleza que seu texto exprimiu. Muito legal sua crítica, parabéns.

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