Jenni Mosello reflete sobre a vulnerabilidade do novo single "Disfarço"

Após “Menina Má”, Jenni Mosello, conhecida por ter sido vice-campeã do The X Factor Brasil, surpreende com a vulnerabilidade envolvente e sombria de seu mais novo single, “Disfarço”. Se mostrando como uma verdadeira preciosidade do pop alternativo nacional, a cantora traz melodias melancólicas, tons monocromáticos e reflexões sobre a fragilidade da mulher no contexto social atual. Aproveitamos, inclusive para conversarmos com Jenni a respeito do tão promissor lançamento.

Sensível, visceral e libertadora. Em uma performance memorável de “Disfarço”, Jenni Mosello traz a pauta de como  a mulher ainda é vista em uma posição menos privilegiada da sociedade, precisando, muitas vezes, mascarar certas fragilidades para ser aceita em determinados lugares. O single traz camadas intensas e sentimentais de uma artista que está pronta para conquistar o Brasil com sua personalidade artística e muito autêntica.

Confira na íntegra a entrevista que fizemos com a cantora:

KT: Muita gente te conheceu no X Factor, né? Desde lá, você tem lançado suas autorais e tem escrito para muitos outros artistas legais. Quais foram os maiores aprendizados e como você sente que evoluiu desde o reality até a Jenni que temos hoje em "Disfarço"?

Jenni: Nossa, o X Factor foi o lugar que me permitiu alcançar as pessoas e entender qual seria o meu lugar dentro do cenário da música. Foi a primeira vez que me senti acolhida por ser quem eu sou. Foi aquele gostinho de verdade que eu tive no programa que me fez a artista de hoje em "Disfarço". Eu me sinto muito mais completa e forte hoje graças ao reality.

KT: E antes de falarmos sobre "Disfarço", queria saber de você uma coisa: quais são as principais diferenças de quando você pega para compor pra você e pra outros artistas?

Jenni: São muitas diferenças! Quando eu sento para compor para a Luísa Sonza, por exemplo... Ela é muito diferente de mim musicalmente, então eu tento incorporar e imaginar ao máximo o que a Luísa quer ouvir dela naquela música. Tento ver quais são as linguagens usadas dentro daquele estilo de pop. Quando eu vou escrever para mim, não preciso entrar no universo de outra pessoa. Consigo falar sobre bastante coisa que é minha. E o fato de eu poder compor para outros artistas me deixa cada vez mais desinibida para fazer isso para mim.

KT: Legal! falando de "Disfarço", me conta um pouco dos bastidores desse lançamento. Como essa faixa nasceu?

Jenni: Essa faixa nasceu por uma necessidade que eu tinha de falar mais sobre o que era fragilidade para mim. Eu tinha um vício de querer me mostrar forte o tempo todo, porque quando você chega no espaço de trabalho sendo mulher, as pessoas já acreditam que você não vai dar conta do recado por você ser mulher. Isso me incomodava muito. Já cheguei a compor mesmo com muita enxaqueca, porque pensava "como é que eu vou voltar para fazer esse trabalho se eu for embora? Ninguém vai me chamar de volta". Eu estava me machucando e me disfarçava para não mostrar esse lado. Então, decidi abraçar esse lado de fragilidade. Todo mundo se machuca. Isso é normal. Faz parte e é bonito. Por isso fiz "Disfarço".


KT: Ela vem, inclusive, logo depois de "Menina Má", que é uma faixa muito forte e cheia de atitude. Mas "Disfarço" transborda vulnerabilidade. Como foi se entregar a esse seu lado? Foi desafiador?

Jenni: Eu acho que um dos meus maiores defeitos era não conseguir falar da minha fragilidade. E agora, estou fazendo isso na frente de todo mundo, lançando uma música com clipe. O jeito que eu tenho de lidar com minhas feridas é fazendo música. Apesar de ter sido muito difícil falar sobre,  "Disfarço" também é um dos motivos da minha cura. E ela vem logo depois de "Menina Má", porque eu queria que as pessoas entedessem que existem os dois lados. Eu não deixo de ser frágil por ser "menina má". E eu não deixo de ser "menina má" por ser frágil.

KT: Eu amo essa vibe meio dark, de solitude, que você trouxe em "Disfarço". Quais foram suas maiores inspirações musicais e visuais para o lançamento?

Jenni: Muito do que eu ouvia quando o quando era criança. Tem uma música que se chama "Black Coffee", da Peggy Lee, que passa muito essa sensação de melancolia. Ela fala sobre estar levantando a de madrugada para tomar um café. É uma coisa tão simples, mas ao mesmo tempo você consegue sentir a tensão daquele momento. E se falarmos de alguém mais atual, é muito visível a influência da Billie Eilish. Visualmente, as referências foram das artistas que eu passei anos estudando sobre, que foram pintoras e escultoras em performances femininas e que foram ocultadas ao longo da história. E eu queria muito trazê-las de alguma forma pra minha arte hoje.

KT: Tem alguma curiosidade que poucas pessoas sabem sobre "Disfarço"?

Jenni: É um pouco triste, mas vou falar mesmo assim. Eu gravei a voz da música em casa. E o segundo verso, que era o que faltava, eu tinha deixado para gravar um pouco mais tarde, porque eu estava ainda finalizando "Menina Má". E no meio disso tudo, meu avô faleceu. Eu acabei gravando o segundo verso duas semanas depois, então aumentou ainda mais a carga emocional que já tem na música em si. Acabei chorando bastante durante a gravação. Acho que é algo que só eu e o Lucas, meu produtor e namorado, sabemos.

KT: Por mais que o single transborde vulnerabilidade, eu sinto uma mensagem empoderadora às mulheres, no sentido de empatia mesmo. Como você sente que essa música se relaciona com as pressões que a mulher enfrenta hoje dia a dia, ainda mais sob os holofotes da Indústria do Entretenimento?

Jenni: O que eu gostaria que ela entregasse para nós mulheres é que está tudo bem em sermos exatamente como nós somos. Não precisamos nos disfarçar de nada e nem de ninguém para chegar onde queremos chegar. Até que ponto se disfarçar não faz a gente a gente se desfazer de nós mesmos, sabe?

KT: E, para finalizar, queria saber mais sobre os planos para o futuro. Sei que esse single, junto com "Menina Má", vai fazer parte de um projeto maior de 2021. O que podemos esperar? Pode contar algum spoiler?

Jenni: O que os meus fãs podem esperar é mais músicas, porque vamos ter em breve. E todas elas vão sempre vir com um recado e uma história. É uma parte do processo todo. Fiquem ligados!

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