Em entrevista, Roberta Campos dá detalhes de seu mais novo álbum “O Amor Liberta”

“Foi realmente um caminho, um caminho muito bonito inclusive”. É assim que Roberta Campos define a sua trajetória desde o álbum Todo Caminho de Sorte (2015) até o mais novo disco, O Amor Liberta, lançado nesta sexta-feira. Em entrevista exclusiva para o Keeping Track, a cantora deu detalhes sobre o trabalho, contou sobre essa fase atual de sua carreira e muito mais.

Influências e inspirações do novo projeto

Em O Amor Liberta, Roberta traz elementos de gêneros como o blues e jazz e utiliza instrumentos que não estava habituada a usar, como os de sopro. Essa experimentação veio tanto pela colaboração inédita com Paul Ralphes, produtor do álbum, quanto pelas vivências da cantora nos últimos seis anos. “Eu fiz muita coisa, fiz bastante show, viajei pelo país, me apresentei fora, conheci novas pessoas, conheci novas culturas, li muitos livros, ouvi muitos discos. Eu acho que isso acaba sempre trazendo uma bagagem muito grande pra nossa vida e a arte é um reflexo do que a gente é”, explica.

Entre os artistas que a inspiraram nesse álbum, a cantora cita Tom Jobim, Chico Buarque, Norah Jones e Rosa Passos. A música “O Futuro Nos Aguarda”, por exemplo, foi feita depois de Roberta mergulhar na discografia de Rosa. "Eu conheci o som dela através da Marina, que é minha empresária e minha esposa. A gente foi num show da Rosa aqui em São Paulo em 2019 e comecei a ouvir tudo que eu achava na internet”.

Processo de gravação

Inicialmente, o álbum estava planejado para ser gravado em março de 2020 e lançado em junho do mesmo ano. Em consequência da pandemia, tais planos precisaram ser adiados, como conta a mineira. “Veio a pandemia e eu compus muita coisa, acabei mudando na última hora duas músicas. Mas devo ter mudado umas três músicas do repertório até fechar ele finalmente”.

Por mais que Roberta tivesse adiantado algumas pré-produções em seu home studio e se comunicado com Paul à distância, o álbum começou a ser gravado efetivamente por volta de outubro do ano passado. Entretanto, algumas das canções já haviam sido compostas há um tempo. As faixas com Humberto Gessinger e Hyldon foram feitas em 2016, enquanto a com De Maria estava guardada desde 2019. A mais antiga é “Aquário”, de 2011, que Roberta cogitou incluí-la no álbum Diário de Um Dia (2012).

“Depois a gente entrou em estúdio, de máscara, testados e todo mundo meio que separado, não era aquela coisa que senta todo mundo junto, aquele monte de gente no estúdio. Foi um processo um pouco mais solitário, mas foi muito legal fazer esse álbum porque eu tava com muita vontade de trabalhar ele”, relembra.

A cantora segurou ao máximo o lançamento do projeto, até sentir que era a hora certa. “Eu vejo a necessidade do disco também, eu acho que agora é o momento de falar ‘gente, vamos junto, um segura a mão do outro, vamos passar essa energia boa, vai ficar tudo bem, a gente se cuida e vai dar tudo certo'”.

Seu último trabalho, o EP Só Conheço o Mar (2020), é independente do álbum. Ainda assim, a mensagem passada na faixa “Tudo Vai Ficar Bem” se estende para o disco. “Eu acho que esse álbum dita mais isso ainda, eu preparei um EP pra que ele chegasse, para mostrar que o amor liberta, com uma mensagem resiliente, para cima, positiva, de amor, de força”.

O título do álbum segue a mesma linha. Segundo Roberta, o nome veio do verso “O amor ensina e liberta” de sua canção “O Vento Que Leva”. “Quando fiz essa música eu sentia muito isso mesmo, esse ensinamento e essa liberdade que o amor traz pra gente, a partir do amor próprio que é o começo de tudo(...).Esse título é isso, é uma tradução do meu momento, do meu entendimento e também o que eu desejo para as pessoas”, reflete.

Apesar de ter co-compositores e parcerias em algumas faixas, todas as canções de O Amor Liberta foram assinadas por Roberta. “Eu acho super importante cantar para mim, falar de mim, cantar as minhas coisas, as minhas histórias (...) mas nada me impede também de me identificar com alguma outra canção”.

Ela pontua que certas músicas, mesmo que não tenham sido feitas por ela, a marcaram profundamente e traduziram o que ela estava sentindo. “Eu já fiz algumas releituras, como ‘Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor’. Essa música é como se tivesse saído de mim. ‘Casinha Branca’ foi uma canção que me despertou para a música. Ainda criança, ela me tocou de tal forma que eu quis aprender a tocar violão, que eu quis ser cantora”, recorda.

Planos para o futuro

Recentemente, Roberta lançou um single, “Miragem”, em parceria com o Natiruts, acompanhado de um clipe. Para a cantora, é importante fazer trabalhos visuais e por isso, pretende criar mais vídeos. “Eu acho que a minha música tem muita imagem, a pessoa escuta e já vê uma imagem ali. E eu acho super bacana porque a pessoa viaja ainda mais naquela história da canção". Ela adianta que tem ideias para pelo menos mais dois clipes e que quer fazer o máximo de vídeos que conseguir.


Outro plano de Roberta é continuar com seus quadros no Instagram. Por causa da pandemia e da vontade de interagir mais com seus fãs, a artista procurou uma forma de se aproximar de seu público, tendo duas ideias. Na primeira, chamada “Correio da Robertinha”, Roberta performa no feed uma canção que um de seus seguidores dedicou para alguém. Já na segunda, “Qual é a Música”, a artista canta por 15 segundos em seus stories alguma faixa pedida nos comentários.

“Eu gosto dessa troca, eu dou minha música com amor porque eu amo o que eu faço e a pessoa me retribui com tanto carinho e amor também. É uma outra forma de estar junto nesse momento que a gente não tá se encontrando nos palcos e na estrada”, confessa.

Um dos quadros tem até uma história curiosa. Depois de cantar no feed a música ‘Deslizes” do cantor Michael Sullivan, eles viraram amigos. Sullivan viu o vídeo e então os dois começaram a conversar pelo Instagram e Whatsapp, até que se encontrassem. “Já fizemos uma música, tô com outra música aqui para a gente terminar... desse Correio da Robertinha ainda nasceu uma amizade e uma parceria super super legal”.

Perguntada a respeito do seu próximo trabalho ou de uma possível nova sonoridade que gostaria de testar, Roberta revela que não sabe qual direção vai seguir. “Eu costumo dizer que eu faço a música que vem do meu coração(...) Quando eu for fazer um novo trabalho é mais de sentir, de ver as músicas que eu quero colocar e sentir o que eu quero experimentar ou o que eu quero manter naquele momento, mas não tenho nada pensado”.

De qualquer forma, Roberta, que sempre fez parte da trilha sonora das novelas brasileiras, espera que faixas de seu novo álbum integrem alguma trama. “É engraçado que nesse álbum eu vejo algumas músicas em novelas e tô torcendo para que os diretores vejam assim também”. “Miragem”, “Pro Mundo que Virá”, “Começa Tudo Outra Vez” e “Chegou O Meu Verão” são as favoritas dela para isso.

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