Aurora brilha intensamente em novo álbum "The Gods We Can Touch"

Atmosfera sonhadora, vocais delicados e conceito resumem o novo álbum de Aurora, The Gods We Can Touch, lançado nesta sexta-feira, dia 21. Depois de muita espera, a cantora disponibilizou o sucessor de A Different Kind of Human (Step 2), de 2019, entregando tudo o que se esperava do projeto.

Antes de qualquer coisa, é preciso entender a história do trabalho. O anúncio do álbum foi feito em outubro de 2021, por meio de um poema que antecipava qual seria o fio condutor. “Os deuses que podemos tocar / Da luz que está dentro de nós / Para a escuridão que existe ao nosso redor / Em breve, a personificação de tudo / Estará em suas mãos. E, esperançosamente, tocará suas almas”.

A mitologia, como percebido, é o personagem principal do disco. “A porta espiritual entre os humanos e os deuses é algo bem complicado. Nas mãos certas, a fé pode se tornar a coisa mais bonita. Carinhosa e calorosa. E nas mãos erradas pode se tornar um farol de guerra e morte”, explicou a norueguesa em um comunicado. Inclusive, há uma teoria de que ela interpreta diferentes deuses em cada música: em “Heathens”, por exemplo, ela estaria dando voz à Perséfone.

Grande parte do The Gods We Can Touch foi gravado em um castelo na Noruega (Baroniet Rosendal), fato importante para a narrativa construída. “Eu preciso estar em lugares diferentes quando gravo um álbum. O castelo é muito antigo e tem um passado, uma grande história, e é por isso que foi perfeito fazer este disco”.

Ao escutar a interlude “The Forbidden Fruits of Eden”, a sensação é de estamos andando por uma floresta, sendo guiados por harmonias suaves, prestes a entrar em um conto de fadas. Essa magia continua em “Everything Matters”, evidenciada pelo violão e piano, que carregam a faixa, e pelos vocais distorcidos em alguns momentos. 

A partir de “Giving In To the Love”, o trabalho ganha força, com uma cara mais pop.  A otimista “Cure For Me”, carro-chefe do disco, comprova isso ao inserir uma vibe caótica, acompanhada de um refrão poderoso.


“You Keep Me Crawling”, em seguida, destaca o alcance vocal de Aurora e fascina com os violinos ao fundo. Após, somos apresentados a canção mais romântica do conjunto, “Exist For Love”, que traz influências folk e lembra a clássica "Loving You", de Minnie Riperton. A calmaria transmitida, junto dos backing vocals, ressalta exatamente o que a letra quer passar: o sentimento de gostar de alguém e se sentir seguro.

“Heathens” vai por outro caminho e consegue ser uma das canções mais surpreendentes: ela é intensa e sombria, composta de vozes ao fundo que vão chegando “mais perto” até que a música exploda. Na verdade, cada uma das canções tem suas particularidades: “The Innocent" e “A Temporary High” encantam com seus climas hipnotizantes, enquanto “Exhale Inhale” ganha o ouvinte logo no início, quando começa murmurada. Já “Artemis” fica marcada pela presença do bandoneón na produção e “Blood in The Winde” se torna inesquecível por te transportar para um filme medieval.


“A Dangerous Thing”, no entanto, é inexplicavelmente, a faixa mais cativante- e os primeiros versos descrevem perfeitamente o poder da canção: “Algo em você é suave como um anjo e algo dentro de você é violência e perigo”. É um projeto tão complexo e cheio de camadas, que a cada vez, você descobre algo novo, algum elemento, alguma referência, algum vocal sutil que estava escondido.

Aurora descreveu o processo de realizar The Gods We Can Touch da seguinte forma: “Foi uma bela aventura. Eu fiz esse álbum fazendo muitas perguntas, sem presumir que eu tenho alguma resposta". Bom, ela também deixa questionamentos em quem ouve o trabalho, levando em consideração sua profundidade. Mas, sem dúvidas, a cantora confirma de forma brilhante seu talento e capacidade de inovar, dando para o público um verdadeiro presente dos deuses.

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