Em entrevista, Clarissa se abre sobre os momentos mais marcantes da carreira e conta tudo sobre o novo EP “Tudo, Eu, Enfim”

Relembrando o início de sua carreira, Clarissa entra em uma nova fase com o lançamento do EP “Tudo, Eu, Enfim” com letras mais maduras, arranjos mais intimistas e melodias leves. O disco navega pelas vulnerabilidades da cantora e explora suas vivências, erros e medos.

Depois de lançar o hit de sucesso “nada contra (ciúme)”, ser indicada ao Grammy Latino como "Artista Revelação" e atuar em diversas séries e filmes nas grandes plataformas, como Netflix e Amazon Prime, Clarissa está de volta, resgatando a ideia e a estética de como tudo começou em sua carreira, trazendo vídeos à capela da sua primeira página no Instagram. Em entrevista ao Keeping Track, a cantora refletiu sobre a sua trajetória, a mudança para o estilo minimalista e acústico e as novidades do EP.

Confira: 

Começamos voltando um pouquinho no tempo e refletindo sobre os grandes momentos da carreira de Clarissa e como isso impactou na sua vida. Perguntada sobre quais foram os altos e baixos dessa jornada e os momentos mais desafiadores até aqui, ela foi sincera:

“Olha, isso configura muita coisa, porque toda minha carreira artística foi muito insana. As pessoas acham que eu comecei na Ana e Vitória (filme). Foi meu primeiro grande papel, mas eu já estava fazendo vários workshops, tentando entrar nesse lugar de atriz e tal, fiz uma participação na Malhação depois. E aí rolou, o filme de Ana e Vitória, que foi tipo astronômico. Então, a partir daí só foi loucura atrás de loucura, porque qualquer pessoa que conhece um pouquinho do meio artístico sabe que dentro de cada alegria vêm muitas dores também e muitas situações e enfim, 1000 loucuras. E eu não estava preparada para isso (...)”.

“Eu acho que quando surgiu a coisa do “nada contra” na minha carreira artística de modo geral, eu já estava meio entendida de como funcionava esse tipo de coisa, eu já estava um pouco inserida ali nesse tipo de situação. Mas dentro de tudo isso eu aprendi muito, com muitos tombos também. Então, eu tenho muito carinho, muito amor pelos meus erros e pelas vezes que eu botei a cara, que eu tive coragem, porque senão eu não seria essa pessoa. Eu mudei muito e com certeza para melhor”.

Clarissa também compartilhou sobre a decisão de voltar a fazer músicas à capela, acústicas e com uma pegada ainda mais sentimental, depois de sair um pouco do gênero pop rock. “Então, quando a gente começou o nosso projeto musical, eu era mais conhecida por fazer músicas à capela no Instagram e a minha única experiência no mundo de música era o filme da Anavitória, mais voz e violão. A gente tinha um problema porque, apesar da direção óbvia ser o trabalho voz e violão, a gente não queria ficar muito colada na zona Anavitória, no lugar de ser confundida com elas”, diz ela.

“Então, meu primeiro trabalho, que foi o EP, a gente fez uma coisa que apesar de ter músicas românticas fofas, tem uma estética mais eletrônica, tem batidas e tal e eu comecei a ter uma virada assim, de querer fazer uma coisa mais pop rock, um pouco mais pesadinha, menos fofolete. E eu acho que voltar para esse trabalho (acústico) foi algo que a gente sempre quis fazer, porque a gente queria ter esse momento. Tipo assim ‘beleza, construímos essa pessoa e já não te associam mais necessariamente a Anavitória, vamos fazer uma coisa mais crua, ouvir a sua voz com letras mais maduras’. Então foi a oportunidade perfeita”.


Mais honesta do que nunca nesse novo trabalho, a cantora também revelou a experiência de colocar todas os seus sentimentos mais sinceros pra fora e as dificuldades do processo. “Apesar de no início ter sido muito difícil, principalmente quando no meu primeiro trabalho eu comecei com uma música sobre ficar com meninas, é uma coisa que eu venho me acostumado a fazer agora e nesse trabalho tem músicas em que eu exponho uma situação de um relacionamento meu, uma coisa que foi muito difícil, que envolve outra pessoa, que foi muito pessoal, que talvez as pessoas façam conexões, teorias e então eu acho que essa foi a parte que eu mais me senti com medo de botar para fora assim e de como as pessoas iam receber aquilo”.

“Esse trabalho é o meu mais vulnerável. O meu álbum tem algumas músicas sobre essas minhas questões e tal, mas esse é o trabalho que eu mais falo sobre a minha questão de saúde mental, sobre depressão, ansiedade, essa coisa do tédio, do cotidiano, de não se sentir o suficiente, não se sentir presente nesse mundo nesse momento. E eu acho que o que me ajudou foi pensar que muita gente podia se identificar e se sentirem abraçadas”, afirma ela.

Antes do lançamento do EP “Tudo, Eu, Enfim”, Clarissa fez uma audição via zoom com seus fãs para mostrar as músicas novas e contou que a reação deles foi bem positiva, que tem sorte de ter fãs que abraçam suas ideias e que muitos a procuram para contar suas próprias experiências: “Mudar um pouco a direção é sempre um risco, né? Mas as pessoas estavam super tipo 'Meu Deus, parece que você entrou na minha vida', 'Clarissa está dormindo debaixo da minha cama', eu acho tudo muito positivo, porque eu não queria que fosse uma coisa só minha. Eu queria que fosse algo que comunicasse para todo mundo, que as pessoas se sentissem na minha casa assim, que a gente estivesse trocando uma ideia”.

Perguntada sobre qual verso de música ela gostou mais de colocar pra fora, ela brinca dizendo que é difícil, pois é como escolher um filho preferido, mas diz que o verso “da casa que eu tinha sobrou um tijolo ou dois que eu ando debaixo do braço para lembrar do que ela foi” é o que mais a define nesse momento da vida e o que mais defini o EP. "Eu acho ele muito forte, muito maduro. Eu acho que foi uma das coisas mais intensas que eu já cantei. Essa coisa de você carregar consigo algo de que você já teve seguro, que você já viveu e que ele não existe mais e você precisa mostrar para as pessoas, ‘olha, eu já fui assim, eu já tive de mentir bem'".


Clarissa também contou um fato curioso de uma das músicas do EP. "Tem um trechinho que eu peguei de uma música da Marina and The Diamonds, que eu gosto muito, que é uma música que é zero nessa pegada Phoebe Bridges depressivo. É uma música, inclusive, bem dançante. 'E eu podia te tratar melhor, mas eu não sou tão esperta', aí eu boto na música 'Tudo, eu, enfim', de forma diferente", revelou ela.

Falando um pouco sobre os seus planos de carreira daqui pra frente, a cantora enfatiza que pretende continuar com projetos mais maduros. "Eu acho que esse EP marca um momento mais maduro meu que eu pretendo continuar. Eu acho que tem muitos trabalhos meus que são muito maneiros, mas que ainda tem uma roupagem mais jovem, mais adolescente e fez muito sentido na época. Mas agora eu acho que eu estou em outro momento e mesmo que a sonoridade das coisas permaneça um pop rock ou algo do tipo, eu pretendo fazer coisas sonoramente mais maduras e letras mais maduras também, igual a esse. Esse EP é pra mostrar esse lado meu e eu espero que as pessoas me enxerguem dessa forma também", finaliza Clarissa. 

Vale muito a pena conferir!

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