Megadeth entrega show imponente em São Paulo

Foto: Rafael Strabelli/Espaço Unimed

Diante de tantas adversidades, o retorno do Megadeth ao Brasil, sem dúvida, era muito esperado. A última passagem da banda no país havia acontecido em 2017, em divulgação ao álbum Dystopia (2016). Depois, os músicos até viriam em 2019, mas precisaram suspender todos os compromissos devido ao câncer na garganta do vocalista e guitarrista Dave Mustaine. Por fim, anunciaram participação no Rock in Rio em 2021, adiado para o ano seguinte e, então, cancelaram sua presença.

Sendo assim, encararam um público ávido na noite desta quinta-feira (18), em São Paulo, no Espaço Unimed, que aguardava com entusiasmo o show único em território nacional. 

Logo de cara, os fãs que chegaram ao espaço para a "Crush The World Tour" depararam-se com um palco diferente do habitual na casa, com uma extensão na parte da frente, além de uma cortina com a capa do álbum "The Sick, the Dying... and the Dead!" (2022) ao fundo.

Foi com a faixa título do disco em questão e com fumaça que Mustaine, Teemu Mäntysaari (guitarra), Dirk Verbeuren (bateria) e James LoMenzo (baixo) entraram para o "pódio" - com o jogo já ganho. Naquele primeiro instante, foi possível ouvir um grito com os dizeres "o metal está vivo" e o barulho ensurdecedor da plateia - composta desde crianças acompanhadas dos pais a adultos mais velhos.

Mustaine, líder do grupo, acabou roubando os holofotes. Com a típica cabelereira ruiva, normalmente tampando os seus olhos, e a postura quase retraída, o frontman, ainda assim, consegue demonstrar imponência. Aliás, demorou cerca de três músicas para que pronunciasse sua primeira frase: "good evening" ("boa noite").

Em seguida, com "In My Darkest Hour", o cantor trouxe um caráter performático para a canção, tanto fazendo gestos como batendo no peito. Não muitas músicas à frente, declarou: "Obrigado [em português]. Obrigado, São Paulo. Vocês se sentem bem? Eu também. Prestem atenção no solo de 'Tornado of Souls'."

Apesar do "pequeno" tempo de convivência, a formação atual parece entrosada e sintonizada. Isso porque o finlandês Teemu entrou para o time somente em setembro de 2023, em substituição ao brasileiro Kiko Loureiro - com quem até se parece e que fez questão de indicá-lo para o posto. A escolha é, com toda certeza, compreensível, já que o "novato" contribuiu de forma assertiva com backing vocals e demonstrou domínio dos solos.

Ao longo do setlist de 16 faixas e 1h30, os músicos deixaram o palco por questão de segundos algumas vezes, voltando brevemente. Claro que o repertório incluiu "Sweating Bullets" (que funcionou quase como um dueto com o público), "Hangar 18" (causando gritos ainda mais fortes dos admiradores) e "Trust" (com direito a uma saudação merecida ao Dirk por parte de James). 

Ainda, figuraram "Peace Sells" (com James rapidamente mandando um recado e o mascote Vic Rattlehead entrando em cena), "Devil's Island" (com Dirk levantando em seu kit e animando a galera) e o hit "Symphony of Destruction".

"A tout le monde" e sua marcante intro na guitarra atuaram como um dos destaques mais memoráveis. "Vocês sabem essa, certo?", entoou Mustaine antes de iniciarem o clássico sob luzes vermelhas. Ao fim, apenas Mäntysaari (que deu alguns sorrisos durante a faixa) permaneceu no palco escuro, enquanto terminava os últimos acordes, o que causou certa dramaticidade.

Ao voltar, o líder caminhou até as extremidades e, em recepção mais calorosa, murmurou inúmeros "thank you", mandou beijos, bateu palmas, se curvou, sorriu e, novamente, arriscou um "obrigado" - desta vez mais arrastado. Bagunçando os cabelos, ao som de um "olê olê olê Mustaine" expressivo, disse rapidamente: "Muito obrigado. Faz um tempo desde que tocamos aqui, não lembro a última vez".

Por fim, a noite acabou com "Holy Wars... The Punishment Due". Era possível ver algumas rodas, "improvisadas" devido ao espaço apertado, mas que causaram certa diversão e que cumpriram seu propósito. O vocalista também aproveitou a canção para apresentar os colegas - e até "tocar bateria" no ar.

Encerrando, de fato, Mustaine, sem muita enrolação ou bandeira do Brasil, jogou suas duas munhequeiras pretas, com o logo da banda, para a plateia. Os outros membros logo saíram, com apenas o baterista ficando um pouco mais. 

Enquanto "Silent Scorn" tocava nas caixas de som e as luzes acendiam, o público seguia vidrado. Mesmo ao deixar a casa, um estado de êxtase tomou conta do local. É essa a impressão que o Megadeth deixa.

Setlist:

  1. The Sick, the Dying… and the Dead!
  2. Skin o' My Teeth
  3. Angry Again
  4. Wake Up Dead
  5. In My Darkest Hour
  6. Countdown to Extinction
  7. Sweating Bullets
  8. Dystopia
  9. Hangar 18
  10. Trust
  11. Tornado of Souls
  12. A tout le monde
  13. Devil's Island
  14. Symphony of Destruction
  15. Peace Sells
  16. Holy Wars... The Punishment Due

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