Após
dois grandes álbuns de sucesso, Alt-J está de volta com seu som abstrato tão
único que todos amam. A banda já lançou três singles nos últimos meses,
deixando todos bem curiosos e ansiosos para a estreia do terceiro álbum de
estúdio.
Desde o lançamento do álbum de estreia, mas
majoritariamente após a estreia do segundo, Alt-J vem conquistando o público
com o seu som alt-pop instrospectivo e esquizofrênico, responsável pelos nossos
momentos “mindblown” de cada madrugada. Em ambos os trabalhos anteriores, a
banda soube fugir dos rótulos e criar seu próprio gênero musical, que mistura
um pouco de experimentalismo com momentos de pura fervura extremamente
contagiantes. O trio sempre foi muito conhecido pela originalidade de sua
atmosfera abstrata e artística, que leva a banda para um nível muito além do Radiohead
– com quem a mídia comparava demais o Alt-J no começo –, ainda mais por conta
de todo o modernismo trazido ao seu som, algo que poucas bandas conseguem fazer.
Depois dos grandes sucessos dos dois últimos álbuns,
respectivamente An Awesome Wave e This Is All Yours, a banda está de volta
aos holofotes com o novo álbum, Relaxer,
que só com três singles já está sendo nomeado por alguns fãs como um dos
melhores materiais da carreira do Alt-J. As três primeiras amostras do álbum – “3WW”,
“In Cold Blood” e “Adeline” são bem diferentes entre si, porém todas são
impecavelmente bem produzidas, cada uma em seu campo.
O carro chefe “3WW”, lançado no começo de março, engloba
desamparo, amor e impulso sexual através de um conto emocionante de um garoto
que, ao passar por uma perda e por experiências selvagens, sempre volta no
conceito frágil do amor e como a demanda pode ser tão alta por um sentimento tão
desgastante na sociedade. Todo o enredo é acompanhado de uma estrutura sonora
extremamente delicada, protagonizada pela voz vulnerável de Joe Newman e acompanhada
da percussão suavemente tocada por Thom Green, juntamente com uma guitarra e
piano que só ampliam a atmosfera sentimental. A música por completo é um tremendo
acerto, mas os grandes momentos são definitivamente quando Newman e
Unger-Hamilton harmonizam perfeitamente em a capella, nos levando quase que
para uma esfera extremamente angelical como eu nunca havia ouvido antes em materiais
anteriores da banda. Outro destaque fabuloso é a participação de Ellie Rowsell,
vocalista do Wolf Alice, que encanta com sua voz genuína e traz para “3WW” uma
perspectiva feminina que torna a música ainda mais intimista e profunda,
principalmente com a frase “Love is just a button we pressed last night by the
campfire”. Por fim, a música termina com Rowsell e Newman cantando juntos na
mais bela sincronia, que abre portas finais para um outro de guitarra que
finaliza a música com chave de ouro.
A segunda lançada, “In Cold Blood”, já segue uma linha
diferente da primeira, mais próxima do som extravagante já apresentado pela
banda antes, em músicas como “Left Hand Free” e “Breezeblocks”. A música é uma
das mais contagiantes da discografia do Alt-J, sem dúvida alguma, fazendo dela
a responsável por trazer o valor comercial pro Relaxer. Logo de cara, você já se entrega pelo “01110011/Crying
zeros and I'm nearing 111” que já nos dá aquele feeling de que o repeat dessa música
vai ser intenso – e pelo menos pra mim, realmente foi. Brincando muito com o
absurdo e uma pegada mais despojada, a banda explora uma gama instrumental
maravilhosa, guiada principalmente por metais épicos durante a música toda. Os “La-la-la”
e todo o crescente faz da música uma grande aposta pros charts!
“Adeline”, a mais recentemente lançada,
é a mais introspectiva e melancólica de todas. A temática peculiar conta a
história de um diabo da tasmânia que se apaixona por uma mulher enquanto ele a
vê nadando, fazendo com que o mesmo caia aos prantos ao perceber que nunca vai
poder ficar com ela. O diabo da tasmânia funciona como uma analogia óbvia ao
estado degradante que um homem pode chegar ao se apaixonar obsessivamente por
uma mulher, a ponto de se rebaixar ao nível de um animal. A angústia da música
é construída através dos vocais fechados de Newman, do coral agonizante das
crianças e das camadas musicais que só crescem ao longo da faixa, com direito
até a um violino. É maravilhoso observar como “Adeline” evolui, muda e se torna
um grande monstro de emoções. O diabo da tasmânia provavelmente deve ter se
transformado no Hulk ao fim da música. E o mais especial de tudo: Hans Zimmer é
o principal compositor e produtor da música, e realmente é perceptível a
influência cinematográfica. “Adeline” não falha em trazer arrepio atrás de
arrepio.
Com essas três faixas, pode-se perceber
que Alt-J permanece ainda enraizado no som pelo qual nos apaixonamos na
primeira vez, o que é muito bom, mantendo sua criatividade lírica cheia de
analogias inovadoras e sua produção instrumental tão bem trabalhada, que está
em falta no mercado, até na cena alternativa. A banda parece estar até
trabalhando mais em suas camadas durante as músicas, e se isso continuar acontecendo
nas outras do álbum, acredito que ele poderá se tornar o melhor disco da
carreira do trio. As três faixas soam totalmente diferentes umas das outras,
porém cada um tem seu encanto e momento marcante que nos aquece suficientemente
para o álbum completo. Relaxer
contará com oito faixas e será lançado no dia 02 de Junho. Ansiedade é o que
não falta!
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