Ao abraçar um novo som pop e rebelde, Tolentino revela: "Tenho sido visto como o carinha triste do violão. Não vejo a hora de provar o contrário."

Com um olhar inovador para o pop nacional, Tolentino tem nos surpreendido por construções sonoras ambiciosas que desafiam qualquer rótulo tradicional de se produzir música. Seu mais recente single “Parede” é uma grande prova disso. O lançamento trouxe um ar provocativo, pungente e imersivo, além de esbanjar versatilidade em melodias que absorvem inspirações de Jão a Billie Eilish. Após conquistar tanta gente com seu pop rebelde, o músico ainda prepara um novo projeto a ser lançado em breve. E claro que, com tantas novidades, aproveitamos para bater um papo com ele sobre isso tudo.

Sempre no perfeito equilíbrio entre poesia e ganchos melódicos marcantes, Tolentino une suas referências clássicas com uma levada futurista para narrar as vivências e sentimentos de um jovem parte da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. E o mais interessante é que toda sua arte se manifesta de forma muito espontânea, visto que o cantor nunca estudou música até, de fato, começar sua carreira.

"As primeiras coisas que lancei são expressões muito… primitivas, quase, das coisas que eu estava sentindo. Sempre fui um fã nerd de música, mas só agora estou entendendo as relações das notas e estruturas por trás das músicas que sempre amei. E perceber que meus heróis são pessoas bem parecidas comigo também foi uma evolução bem importante.", revela ele.

As principais inspirações por trás de sua música

Esses heróis que Tolentino tanto menciona como referência para seu trabalho autoral são David Bowie, Allie X e Robyn. Apesar de serem artistas bem distintos, eles possuem algo em comum que o inspira bastante: todos sempre usaram um som feliz pra contar algo triste. É exatamente esse lirismo direto e honesto que o artista paulista tanto almeja para sua música. 

"Acredito na solidão como uma chave pra escrever. Mas a maior parte do meu tempo tento absorver tudo ao meu redor. Passo o dia todo ouvindo música, lendo e escutando as histórias dos meus amigos. Escrevo todo e qualquer pensamento e aos poucos isso vai virando algo", conta sobre seu processo criativo.

Tal característica é muito comum do pop alternativo internacional, onde ele sempre se encontrou:

"Eu cresci ouvindo mais música pop internacional do que qualquer outra coisa. Mesmo tendo crescido na periferia de São Paulo e nunca ter pegado um avião, no carro sempre tocava The Smiths, Ramones e até Erasure, porque meus pais viveram isso lá nos anos 80. Então foi bem natural ir direto pro pop", relembra ele.

A liberdade cinemática do single "Parede"

“Minha primeira faixa pra dançar”, compartilha o cantor. Sim, esse single foge um pouco das reflexões nebulosas de seus últimos trabalhos para ousar em uma sonoridade grandiosa, guitarras distorcidas e batidas intensas que ecoam como um reinado de libertação para Tolentido. A mixagem e finalização do material, por sua vez, ficou nas mãos de Pedro Calloni, produtor brasileiro baseado em Los Angeles, que já trabalhou Anitta e nomes importantes da cena alt pop internacional, como LANY e Sasha Sloan.

Sobre toda a euforia que a faixa transmite, ele nos contou: "Acredito muito em tentar capturar a mágica do momento. E em 'Parede', por exemplo, o violão e os vocais que a gente ouve na primeira parte da música são os que gravei logo depois de escrever. Tudo ali está meio feio e errado, mas regravando com um violão de cordas novas e com a voz limpinha, não tinha a história ali mais, sabe?".

Segundo o músico, a faixa possui três grandes fases: as lembranças no sofá, um deserto de insegurança e a orquestra da libertação do relacionamento. A orquestra, inclusive, vem de uma referência um pouco inusitada: "Assisti a 'Fantasia', da Disney, pela primeira vez pra pegar a vibe exatamente que eu queria pra orquestra dessa seção final", complementa.


O próximo projeto de Tolentino

Ainda não temos muitos detalhes sobre o lançamento que vem aí. Mas o artista já adianta que deverá seguir a mesma linha efervescente de "Parede". "Com certeza, vai ser bem mais quente e ácido do que qualquer coisa que já fiz. E mais pop, com um som bem maximalista", afirma.

"Acho que tenho sido visto como o carinha triste do violão. E não vejo a hora de provar o contrário.", complementa ele.

E para essa nova fase, é nítido que não há limites para sonhar. "Sou muito sortudo de minha música começar a chegar em mais gente durante a pandemia, o que significa que não tenho ideia de como elas vão funcionar num ambiente físico e com a emoção de todo mundo junto. Tocar um show de verdade está no topo da minha lista de agora!".

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