Freya Ridings se entrega por completo no disco "Blood Orange" e afirma: "Eu quis escrever letras sobre mim mesma que me assustassem dizer em voz alta"

Em Blood Orange, Freya Ridings enxuga suas lágrimas e celebra os recomeços da vida. Após ter passado o auge da pandemia com um coração partido, a inglesa mergulhou nos altos e baixos de sua mente entre versos de incertezas e muita honestidade, além de muitos hinos que exaltam o amor próprio. Em um ato de pura verdade, Freya impressiona com um sentimento que permeia a dualidade e um talento único.

As 14 faixas de Blood Orange apresentam uma artista mais segura de sua voz indo do piano intimista aos sintetizadores da disco music. É como um retrato perfeito de sua vida marcada por sonhos, tentativas, estrelato e solidão.

Em bate-papo com o Keeping Track, Freya Ridings desabafou: "Sempre sonhei em ser cantora desde garotinha. E quando você cresce com esse sonho, você escreve músicas, toca em bares, mas nunca há garantia de nada. Então, eu acho que para mim todos aqueles anos cimentaram o quanto eu amo esse trabalho. E fazê-lo neste nível é apenas um privilégio. Mas existe um outro lado disso que envolve se isolar, viajar para longe das pessoas que você conhece e ama. E o que pegou pra mim é ter que lidar com um término, ao mesmo tempo que por fora tudo parecia estar indo muito bem. E isso fez com que eu colocasse muito de mim mesma nesse álbum e estou muito feliz com o resultado".

Influenciado por Carole King, Fleetwood Mac e Elton John, o álbum conta faixas como “Weekends”, composta antes da pandemia (que a colocou de volta ao Top 10 no Reino Unido e está entre as canções mais executadas nas rádios brasileiras), a balada para corações partidos “Face in the Crowd”, a intensa composição sobre amor próprio “Perfect”, a esperançosa “Can I Jump?” e o novo single “I Feel Love”.


Todas as faixas se dividem em duas partes: 18 meses em que Ridings se sentiu sozinha e triste, e 18 meses em que ela se sentiu feliz e realizada. A transição de uma fase para outra é o tema central de seu segundo disco.

“A ideia para o título do álbum veio da laranja sanguínea, que tem uma textura mais grossa e resistente - é mais difícil passar pela casca, mas é mais doce e vale a pena lutar. Há tanta escuridão melancólica em minha música. Eu só queria sentir a luz e a alegria”, ela contou.

A artista complementou ainda que sentia uma pressão enorme para este novo disco, mas que em certo momento conseguiu se libertar dessa preocupação. "Eu quis escrever letras sobre mim mesma que me assustassem dizer em voz alta.  Eu tinha esquecido o quão assustador era lançar música desse tipo, mas eu amo isso demais para não fazer. E mais do que isso, eu quero ser selvagem. Quero fazer música de verdade, com músicos de verdade, tocando instrumentos de verdade", contou Freya, que trabalhou com um time muito potente de compositoras para o disco. Isso contribuiu para que fosse seu trabalho com um empoderamento feminino bem transformador por ser tão aberto e vulnerável em sua essência.

E quando falamos desta vulnerabilidade à flor da pele, precisamos falar do single "Weekends", o single do disco que chama atenção pelos versos crus e muito espontâneos. Freya contou que nem imaginava que a colocaria no disco justamente por ter vindo diretamente do seu inconsciente de forma muito instintiva afirmando sua solidão pós término. Mas ela acabou tocando em uma live no Instagram e os fãs não pararam mais de falar dela. E certo dia, em uma sessão com o produtor Steve Mac (Ed Sheeran, Bastille), ele perguntou para a cantora: "O que você escreveu recentemente que te assustou colocar pra fora?", aí Freya mostrou pra ele a canção. Ele adorou e deu um toque especial com toda a melancolia da composição, mas com uma produção eufórica que saiu direto dos anos 70. Um resultado impressionante. 

E falando em outras faixas, quando perguntada sobre qual faixa foi a mais difícil de colocar pra fora, Freya não exitou: "Tem uma música no disco chamada 'Perfect', onde eu confronto minhas inseguranças físicas como mulher, incluindo toda a pressão para ser perfeita e o quanto isso pesa em você quando você está crescendo e amadurecendo. Mesmo reconhecendo todas essas questões, estava com medo de colocar pra fora, mas fiz isso e acabou se tornando uma das minhas favoritas. É um sentimento de superação cantar essa e ainda choro. Toda vez que canto as duas primeiras linhas eu sinto tudo intensamente".


E para quem acha que o álbum está banhado por tensão, está muito enganado. A faixa "Can I Jump?", por exemplo, fala, de forma muito leve, sobre se permitir se apaixonar por alguém novo, mesmo que seja um risco. É uma faixa corajosa que deu muito orgulho à britânica. "É como se eu estivesse à beira do precipício, mas eu sinto que estou voando quando a canto", revela ela. Outro grande destaque desta faceta do disco é a que encerra o trabalho brilhantemente, a intitulada "I Feel Love". Uma faixa que reconhece a felicidade em sua forma mais pura. 

Com o Blood Orange lançado, fica evidente que isso é muito mais do que um simples álbum. É uma jornada completa de uma artista que permitiu se desafiar em um momento muito delicado, mas mais do que isso: permitiu se libertar. E é isso que faz tudo ser tão especial e verdadeiro. E agora que o mundo mergulhou em suas músicas, Freya conta o que espera daqui pra frente: "Quero tocar em festivais novamente, fazer turnês e apenas ver pessoas reais. Meus fãs estiveram comigo por tantos anos e quero agradecê-los pessoalmente e dar meu melhor para este novo show. Vou construí-lo do zero e espero que seja o melhor que já fizemos", conclui com um sorriso no rosto.

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