Em entrevista, Leif Vollebekk reflete sobre a unicidade de seu novo álbum: “sei que nunca mais farei um disco como esse”.
O cantor canadense Leif Vollebekk trouxe, em seu álbum “Revelation”, faixas que são ao mesmo tempo espiritual e realista. É um álbum inspirado em uma exploração que começou com o texto baseado no ancestral “I Ching” de Carl Jung e continuou com a ciência da alquimia. O resultado dessa produção é, ao mesmo tempo orgânico, terrestre e celestial - com temas relacionados à natureza e moralidade que se entrelaçam em uma reflexão sobre viver em um presente de constantes mudanças, com dúvidas existenciais e a busca por um poder superior.
Batemos um bate papo com Vollebekk sobre o álbum “Revelation”, seus processos de composição e seus planos futuros. Para começar, iniciamos a conversa com uma pergunta bastante curiosa, questionamos o quão especial foi o processo por trás do álbum “Revelation".
“Foi totalmente diferente dos outros discos. Eu tinha muito tempo livre e foi a primeira vez que não estava em turnê e meu telefone não estava tocando”, diz Leif. “Comecei a escrevê-lo durante a pandemia e não estava sendo constantemente chamado para fazer coisas ou ir a lugares… Então, eu aproveitava isso e todos os dias eu tinha a regra de não poder olhar a internet ou o celular até o meio-dia, então eu acordava e tudo o que eu fazia era pintar, escrever, tocar música ou ler algo de Carl Jung - ou algo sobre a história da alquimia. Eu tinha todo esse tempo livre porque as turnês foram canceladas e escrevi todas essas músicas naquela época.”, relata o cantor. Vollebekk finaliza: “Não sei se algum dia poderei fazer outro disco como esse, porque foi completamente silencioso. Foi como refletir sobre o que é estar vivo nos anos 2020, 2021 e 2022”.
O álbum “Revelation” foi fortemente inspirado pela obra “I Ching”, de Carl Jung. “É um livro muito especial. É uma perspectiva diferente sobre tudo. Ele fala sobre equilíbrio. Basicamente, o equilíbrio de tudo no universo, e isso me fez pensar sobre o sol, a lua, a chuva e coisas realmente básicas, mas está tudo lá.” comenta Leif. “Todo símbolo tem um significado. O livro faz você pensar metaforicamente sobre tudo em sua vida e é basicamente um livro e metáforas. Eu ‘roubei’ muito desse livro”.
Leif nos contou, também, sobre a conexão do álbum com os ouvintes: “Espero que eles gostem do som. Foi uma coisa realmente intencional - tentei fazer com que esse disco soasse o mais aconchegante possível.”, diz Leif quando questionado sobre a conexão dos ouvintes com o álbum. “Eu só espero que as pessoas possam sentir algo diferente, porque eu fazia essa busca todos os dias e nós (Leif e seus engenheiros de som) tentávamos fazer com que as coisas soassem o mais aconchegante possível para que você pudesse sentir algo. Espero que isso faça as pessoas pensarem sobre o que precisam pensar, porque é isso que acontece quando ouço música - adoro que ela me leve para a minha própria vida.”
Vollebekk nos explicou como foi um pouco do processo de gravação e conta como conseguiu produzir um álbum que seja orgânico e celestial ao mesmo tempo. “Não sei se consegui (risos), mas gosto que você diga isso. Posso lhe dizer que fizemos o seguinte: eu escrevi todas as músicas ao longo de cerca de dois anos e as tocava todos os dias e deixava que as letras viessem até mim à medida que surgiam. É um disco muito lento, então acho que as letras vêm de um lugar onde eu não vou com tanta frequência.”, Leif relata. “E depois gravamos takes ao vivo, então há algo realmente ‘selvagem’ em fazer um take ao vivo, é uma sensação de loucura, sabe? Se você ouvir 'Purple Rain' do Prince ou 'Hey Jude' dos Beatles, como uma apresentação ao vivo, é etéreo e terreno, nunca acontece de novo, é como a teoria do 'I Ching', na verdade, é apenas o que acontece naquele momento. Algumas pessoas chamam isso de sincronicidade ou o que quer que seja, mas é apenas o momento e a vida. Não dá para ter conversas uma segunda vez. Portanto, acho que talvez o importante seja ter um registro ao vivo com o qual as pessoas se importem”.
Em “Revelation”, Vollebekk nos convida à uma reflexão profunda, o artista explora, neste trabalho, temas como espiritualidade, natureza e a busca por significado e, quando questionado sobre qual mensagem ou sentimento Leif espera que os ouvintes levem consigo depois de ouvir o álbum, o artista diz: “Honestamente, só espero que as músicas se conecte com elas. Espero que elas sintam que estão viajando um pouco no tempo”.
Com o recente lançamento de “Revelation”, Leif conta os planos futuros: “Estou em turnê então isso me mantém bastante ocupado. Não tenho mais muito tempo pra ficar filosofando e divagando… Na maior parte do tempo, estou apenas tentando descobrir como vou afinar meu violão a tempo para o show, mas espero que no próximo ano possamos fazer algo diferente, mas definitivamente sei que nunca mais farei um disco como esse”.
Escrito por: Guilherme Santana
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