Jão mostra todas as faces de um coração partido com o álbum “Anti-Herói”

Pouco mais de um ano do lançamento de seu álbum de estreia, LOBOS, Jão retorna com um trabalho quase surpresa, anunciado apenas dois dias antes da estreia. ANTI-HERÓI é bem diferente em comparação ao álbum anterior, mas ainda tem a essência de Jão, na sua forma mais crua e verdadeira.

Em post no Instagram, o cantor contou sobre a inspiração do novo álbum. Nas palavras de Jão: “Eu não sei muito falar disso, mas eu vivi um relacionamento esse último ano. Senti as coisas mais bonitas – e as mais difíceis também. Mas a vida aconteceu e ele acabou.” A partir daí, ele fala sobre como ANTI-HERÓI aborda todas as facetas do amor, da paixão até os conflitos que levam ao seu fim. 

O álbum abre com “A Última Noite”, uma canção baseada em voz e violão e que lembra “Only Love” do Ben Howard. Ela narra a última noite do casal, que por mais que seja triste, vai ser marcante. A sensação de desesperança e tristeza está muito presente nos vocais de Jão, que entrega ótimos agudos durante o refrão.

A primeira surpresa fica por conta da faixa “Triste Pra Sempre”, que surpreende com uma produção que apresenta um lindo coral infantil. A letra fala sobre o medo de nunca ser capaz de superar o fim do relacionamento. Os versos “Eu era melhor no passado / Do que eu sou no presente” combinam muito com o coral, pois fazem referência à versão mais nova de Jão.

“Enquanto Me Beija” é a faixa que serviu de lead single para a era ANTI-HERÓI. A balada pop acompanhada por um piano tem a composição mais dolorosa da obra. A canção aborda um casal disfuncional, em que um está empenhado e o outro não se esforça na relação. A partir disso, o eu lírico começa a se perguntar o que está acontecendo para que o relacionamento não vá para frente. Os versos “Eu te chamei de amor / Cê me chamou de Jão” deixam claro a mágoa que ficou.

“Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor” é praticamente uma homenagem ao relacionamento que chegou ao fim, e por ser tão honesta, é a melhor composição do álbum. A voz natural de Jão combina muito com a letra, que relembra momentos da história do casal. A bridge é maravilhosa, citando vários elementos, desde Cazuza até peças de roupa, que foram previamente mencionados durante os versos.


A faixa “Fim De Festa” mostra um Jão culpado por sempre ceder aos pedidos do companheiro, sem entender o porquê de ainda fazer isso. Os versos “Meu Deus, eu sou tão azarado / De me entregar no fim de festa / Eu só queria ir pra casa / Mas tô cuidando de você” exibem a situação na qual o eu lírico é submetido.

“Barcelona” é um upgrade da música “A Rua”, presente no disco anterior. A produção conta com diversas influências espanholas, como ritmos flamencos e palmas ditando o ritmo. O seu tom ardente combina com o tom quente da composição. Vale destacar a complexidade da bridge, que repete Barcelona enquanto vai adicionando diversos elementos, mostrando como a produção está caprichada.

A faixa “Você Vai Me Destruir” é a que melhor resume a situação que inspirou o álbum. Jão canta sobre estar amando mais do que a outra pessoa, e sentir dúvidas com relação ao futuro da relação, como mostrado no verso “Eu tenho medo de te perguntar / O que a gente é”. Tal cenário é propenso para muita mágoa, apesar disso o eu lírico se sente incapaz de ir embora, e aceita a destruição.

“VSF” tem a produção mais animada de todo o álbum, e lembra a vibe de “Fuck You” do CeeLo Green. A canção grita para ser o próximo single, porém a presença de um palavrão pode dificultar na divulgação. A letra fala sobre um companheiro que não admite o relacionamento na frente dos amigos. O refrão é grudento e irônico, praticamente um recado sincero para o motivo de todo o sofrimento. O final, em que uma risada vai se transformando num choro, é um detalhe muito bem pensado.

Outra surpresa fica por conta da faixa “Hotel San Diego”, que traz uma produção mais sexy, que combina muito com a voz de Jão, e lembra o trabalho do The Weeknd. A letra mostra a face mais sensual do relacionamento. O álbum se encerra com a íntima “ :( (NOTA DE VOZ 8)”. A faixa, que é um voice memo, deixa claro o quanto o relacionamento afetou Jão. O trecho “Você diz se a gente aprende / A voar na descida / E você foi tão mais alto / E eu fiquei com o que dói” mostra que, no final do relacionamento, foi ele quem mais sofreu.

A ausência da faixa “Louquinho” foi sentida por muitos fãs. Apesar disso, após conhecer a temática do álbum, faz sentido ela não estar presente. Se Jão seguir o que fez com LOBOS, é possível que uma versão deluxe do segundo álbum seja lançada, talvez com a presença do single avulso lançado em julho desse ano. 

Com ANTI-HERÓI, Jão prova o porquê de ser uma potência no cenário pop nacional. Ele não tem medo de ser vulnerável e honesto com relação aos seus sentimentos, assim como está sempre disposto a testar novos elementos na produção. A turnê “ANTI-HERÓI” começa no dia 26 desse mês e vai percorrer 22 cidades brasileiras.