King Princess canta sobre decepções amorosas e mistura diversos gêneros alternativos para álbum de estreia "Cheap Queen"


King Princess é a nova estrela do pop alternativo. Depois do sucesso de “1950”, devido ao astro Harry Styles ter comentado sobre a letra em sua conta do Twitter, ela lançou o seu álbum de estreia na última sexta-feira (25/10).

Nascida no bairro do Brooklyn, em Nova York, Mikaela Straus é o seu nome verdadeiro. Para o novo Cheap Queen, a cantora mistura diversos gêneros. O pop anos 60, ao rock alternativo, o ritmo urbano e influências do jazz para descrever as suas decepções amorosas. Desde o amor platônico de Ain’t Together”, até a confusão de sentimentos pós término de “Tough on Myself”.


A abertura fica a cargo de “Tough on myself”, que consegue abrir bem a ideia. Ela é lenta, tem guitarras marcadas, um estilo rock indie e o clima é uma mistura de melancolia e sensualidade. Nela, discorre sobre o autojulgamento que vem à mente após um relacionamento frustrado, em que as expectativas não foram supridas, juntamente ao sentimento de culpa por não ter lutado pelo amor.

Os relatos de um relacionamento moderno acompanham o ritmo lento e atmosfera romântica. Com “Watching My Phone” ela introduz a tecnologia e é capaz de gerar grande identificação por parte da atual geração de jovens. Quem nunca se sentiu sozinho ao esperar por uma mensagem ou ligação da pessoa que gosta? Com a faixa, demonstra toda a ansiedade e insegurança por intermédio do celular.

A maioria das músicas tem a guitarra ou piano marcados, que no final conduzem uma melodia dramática e lenta. O pop e o rock alternativos estão mais presentes na primeira metade do álbum, com pesadas guitarras e temáticas que focam nas temáticas já citadas. Enquanto o jazz, também está presente nas primeiras faixas, mas em menor quantidade. Ele realmente ganha força na segunda metade do disco, que abre espaço para os altos e baixos de um novo relacionamento. O estado de paixão, obsessão e confusão. Até tudo se encaminhar novamente ao término.

“Homegirl” e “Prophet” narram o começo de algo novo e a necessidade de estar ao lado da pessoa amada. Até o cenário começar a desmoronar novamente em “You Destroyed My Heart”. Até a faixa anterior, ainda havia esperanças no amor, mas logo a melodia se torna melancólica mais uma vez.


Cheap Queen é uma verdadeira oposição entre altos em baixos. Entre estar apaixonada e desiludida. Se sentir confiante e pessimista. Mesmo que na maior parte do tempo ela não seja otimista em relação ao amor, tendo em vista que a verdadeira temática são os términos. Esses altos e baixos acompanham também o ritmo. Nos picos de rock alternativo e eletrônica a sonoridade é mais agitada. Enquanto naquelas influenciadas pelo jazz, é tudo mais melancólico.

Mesmo assim, em faixas como “Hit the Back” ou o próprio “Cheap Queen”, não deixam de mostrar autoconfiança e uma boa autoestima. Ambas são ambientadas após um break up, mas vocifera trechos como “And ain't I the best you had?”. Na última, ela ainda reflete sobre a sua complicada identidade e muitas das características são positivas.


A estética visual gira em torno do amor adolescente de escola americana, mas ela transita entre o jogador de futebol americano e a cheerleader, como aparece nos videoclipes. Também na imagem de capa do álbum, em que a artista aparece com uma maquiagem pesada no estilo drag queen. Por ser da comunidade LGBT, se preocupa em dar voz aos amores dessa camada que muitas vezes não aparece nas canções.

Ela termina o álbum de forma parecida com a qual começou. Melancólica, com muitos sintetizadores em cima de uma melodia mais crua. Pouca mistura de instrumentos é observada. O que se destaca são as batidas eletrônicas, os ecos, as vozes angelicais e arrastadas. A guitarra e o teclado ainda aparecem, mas de forma mais suave. Amarrando tudo em cima do tom do arrependimento que vem após um término.

Cheap Queen é um ciclo sem fim em que tudo se repete. Não trata de um relacionamento em específico, mas sim de uma vida amorosa real. Em que nem sempre os amores são correspondidos ou acabam bem. Com boa parte da produção a cargo da própria King Princess, é um álbum que gera identificação e deixa uma militância a favor da comunidade LGBT no ar, de forma mais sutil possível. Talvez o que a cantora quis mostrar foi naturalidade e que todos somos iguais. Temos momentos de inseguranças e de confiança. Relações boas e ruins. Somos todos humanos.

Vale ressaltar que King Princess é uma das atrações do Lollapalooza 2020, que acontece nos dias 03, 04 e 05 de abril. Mal podemos esperar pelo que a cantora está preparando para o tão aguardado festival!