DAY promete fazer história com o pop emo sentimental de seu álbum de estreia, "Bem-vindo ao Clube"

Adrenalina. Essa é a palavra que melhor descreve o álbum estreia da DAY, intitulado Bem-vindo ao Clube. Dando sentido a um turbilhão de sentimentos de toda uma geração, a cantora promete fazer história com uma personalidade intensa, irreverente, mas, acima de tudo, muito sensível. Além de uma narrativa conceitual muito bem amarrada, a artista impressiona na sonoridade influenciada por Avril Lavigne, Paramore, entre outros; se mostrando uma forte representante do pop emo revival no Brasil.

Ao vermos a artista completa, confiante e autêntica que brilha neste álbum, até deixa a impressão que tais atributos vieram do dia para a noite. Mas quem acompanha a cantora desde o começo, sabe que toda a contrução vem de muito tempo. Cinco anos atrás, ela encantava seus seguidores nas redes sociais com covers tímidos de seus artistas favoritos. Não demorou muito para começar a lançar suas músicas, que flertavam com o pop e R&B. Mas foi somente em seus últimos singles que a cantora parece te encontrado de vez seu propósito e identidade artística.

Hoje não há mais dúvidas que o lugar de DAY é atrás de uma guitarra, com o skate do lado e visuais despojados. É neste ambiente, neste clube, que a cantora conseguiu colocar para fora todos seus sonhos, ansiedades e frustrações. Por mais que seja um disco pessoal, ela soube dosar e interpretar cada música com muita verdade, colocando sentimentos muito íntimos em um ponto de ebulição universal capaz de impactar qualquer um. 


Logo no "Prefácio", DAY nos introduz ao desencanto da vida adulta: "sigo crescendo e tentando ser quem eu queria", pontua ela na faixa. E na sequência, nos surpreendemos com a efervescente “Clube dos Sonhos Frustrados”, com a guitarra e bateria bem marcadas, nos ambientando bem ao seu novo som emocore e pop punk. É aí que ela dá voz a todos nós que já passamos por altos e baixos, amores e desamores, começos e finais (nem sempre tão felizes). É nessa faixa que ela abraça a dualidade da vida e faz um hino sobre autossabotagem se tornar uma festa. 

Todas as 12 faixas trazem histórias vividas pela cantora antes e depois de se assumir LGBT, além de outras situações de diferentes momentos de sua vida. Em "Fugitivos", DAY fala sobre um amor contrariado em uma faixa que ao mesmo tempo que pulsa de forma tempestuosa, também reflete versos de um tema muito delicado e genuíno. Algo que continua a ser explorado no ritmo suave e lúdico de "Inevitável".


Embora, esse sentimento de conforto e refúgio passa a mudar da água pro vinho com "Inconsequente", um dos momentos mais selvagens e arrojados de todo o disco. Com uma produção ímpar, DAY traz muita atitude e afirma: "Sempre fui impaciente e inconsequente. Um pouco carente, mas tem nada a ver com a gente". Em um contraste um tanto quanto irônico, "Dilúvio" vem em seguida com uma das entregas mais vulneráveis do disco. Como uma poesia cativante, essa canção é uma verdadeira preciosidade à tracklist. E combinando muito bem com a temática de insegurança e recomeços, "Não Gosto de Mim" vem para engrossar essa fase de melancolia com uma letra cheia de mágoa, uma bateria envolvente e vocais fluídos.


Outra canção que promete se destacar é "Isso Não é Amor" com Lucas Silveira, única parceria do projeto. Essa é uma das músicas mais inusitadas de todo o disco. Ela traz batidas mais secas, vocais melódicos e harmoniosos, além de ousar em um pop mais requintado e dinâmico, sem perder o ar voraz do projeto. Um passo ambicioso, mas que deu certo e se tornou facilmente um dos pontos altos do Bem-vindo ao Clube.

Já caminhando para uma reta final, a artista explora a narrativa em um ponto de maior conformismo e superação. O hino "Finais Mentem" vem levantar essa bandeira de amor que não acabou bem com uma euforia indomável e contagiante. Já "Efeito Colateral" revive fantasmas do passado em noites em claro. A faixa tem uma performance louvável. É possível sentir cada palavra cantada por DAY aqui. Já em "Não Me Encontre", ela finaliza o conceito com um ar assombroso, que dá um toque especial ao projeto.


E por último temos "Epílogo: Maldição da Expectativa", a faixa que encerra a tracklist com uma carta aberta a todas as suas inseguranças do ontem, do hoje e do amanhã. "Caindo no mesmo erro desde sempre, desde então. Entende que a vida é isso. Não passa disso", canta ela.

Chegando até a soar pessimista em vezes, Bem-vindo ao Clube é um disco brutal que passa por todos os momentos de caos, sentimentos contraditórios e redescobertas constantes que a cantora vivenciou e espera confortar outras pessoas que sentiram o mesmo. 

“Me expresso dessa forma para poder inspirar outras pessoas a se expressarem também. Agora, com tudo pronto, mais do que nunca eu só quero me conectar com o público. Pesquisas mostram que jovens brasileiros de 15 a 29 anos - maior parte dos meus fãs - se encontram mais tristes, pobres e preocupados, então espero que ouvindo essas músicas se sintam inspirados, amados, compreendidos, e que não se sintam sozinhos”, ressalta Day.

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