Jake Bugg busca reposicionamento de seu som em novo álbum


Depois de ter passado por caminhos bem estranhos no seu último disco, Jake Bugg tenta reconstruir seu som em novo álbum, através de uma pegada mais madura e returbinada do seu estilo de estreia.

Algo que não dá pra negar é a direção turbulenta pela qual a carreira de Jake Bugg passou nos últimos tempos. Tudo começou em 2012, com seu primeiro álbum de estúdio, que trouxe para o mercado uma figura jovem acompanhada de um som completamente inovador, unindo um bom indie rock que todo mundo gosta com letras com quais os adolescentes se identificavam muito. Era o tempo perfeito para o Jake Bugg ser inserido na Indústria, como um ar completamente fresco em comparativo com o resto das paradas. Pode-se dizer que ele foi um grande pioneiro neste quesito, abrindo portas futuras para artistas como Vance Joy e Declan McKenna. O primeiro lançamento de Jake foi uma febre mundo afora, e o buzz continuou, mesmo que menor em seu segundo álbum, em 2013.

O grande problema foi com o seu terceiro disco, onde tudo desandou. Em primeiro lugar, ele demorou muito pra lançá-lo, fazendo isso somente em 2016. O álbum, chamado On My Own, ainda teve um som mais experimental e frouxo, tornando-o desconexo com a primeira proposta dos outros dois discos, tentando até trazer influências do hip hop que simplesmente não rolaram. Agora, porém, para o novo disco, Jake Bugg traz um som mais consistente e maduro que o aproxima novamente daquele menino de 17 anos pelo qual nos apaixonamos em 2012.

Hearts That Strain, o quarto LP de Jake Bugg, resgata todo o charme de seu debute e o traduz em uma pegada mais madura inspirada no Country Rock dos anos 70. De certa forma, ainda tem aquela pegada indie do primeiro álbum, mas agora o cantor brinca muito mais com o Soul nas suas músicas, fazendo delas grandes hinos de meditação e reflexão. As letras ainda são sobre amor e perdas, porém agora são apresentadas de forma bem mais elaborada e profunda. Sobretudo, ele acha um lugar confortável entre o Oasis, James Blunt e o country setentista para formar de seu som algo pacífico e original para a atualidade.



"How Soon The Dawn" abre o disco como um amanhecer de raios de sol que entram pela janela. Ela resume bem o álbum, através da melodia deliciosa e relaxante. A mesma energia é passada para outras faixas, como "Southern Rain”, que possui um instrumental bem rico, cheio de camadas, e uma letra maravilhosamente reflexiva. Claro que, como o ritmo persiste neste som americana mais acústico, o álbum fica meio monótono em alguns momentos, como em “This Time" e "Indigo Blue", porém ainda assim elas são ótimos trabalhos quando as comparamos com o seu último álbum.

Os momentos mais incríveis, no entanto, são quando Jake Bugg constrói texturas diferentes através da emoção. "Waiting”, sua parceria com Noah Cyrus, já é um grande exemplo disso, afinal ela traz um soul romântico ao álbum completamente escasso em seu último LP, apresentando até um solo de saxofone de penetrar na alma. É completamente doce e emocionante. Porém, isso se azeda em alguns momentos mais pesados, como em "In The Event Of My Demise", onde o cantor constrói o cenário de sua morte, mesmo que em um ritmo animado, e na fúnebre e obscura "The Man On Stage”, que possui uma composição de tirar o chapéu construída em volta de uma assombrosa tensão bem "velho oeste”. Seguida desse ápice de intimismo, Jake Bugg se entrega para um ritmo completamente animado e dançante em "Burn Alone”, resultando em algo extremamente refrescante para o disco.

As últimas faixas trazem um aspecto ainda mais iluminado ao disco. “Bigger Lover" é a que puxa essa característica romântica e emocionante com muita classe, com Jake Bugg cantando apaixonadamente sobre sua parceira amorosa. Tudo se concretiza na luz da última faixa, "Every Colour In The World”, que, através de um piano e guitarra extremamente tocantes, traz ao disco um brilho único.

Sem dúvidas, Hearts That Strain é o disco perfeito para darmos uma segunda chance a Jake Bugg. Seu som está bem mais maduro, com uma leveza de outro mundo. Tudo parece mais puro e sincero. Claro que Jake ainda não chega aos pés de seu debute, afinal este disco é mais frio e não deve gerar tanto engajamento com os fãs, mas de uma coisa podemos ter certeza: este álbum marca o renascimento de Jake Bugg.



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