Desencontros musicais marcam "Simulation Theory", o novo álbum do Muse



Louquíssimos no visual oitentista, o Muse está de volta com seu mais novo álbum! O trio vem numa onda de álbuns conceituais já há alguns anos e não parece querer largar a ideia. Consistindo em uma mistura de influências do passado com uma sonoridade futurista, Simulation Theory é uma bagunça, mas uma bagunça organizada. Vem entender isso tudo!

Apesar dos temas obscuros de Drones, The 2nd Law e The Resistance, o Muse veio bem mais tranquilo no novo álbum, mas sem abandonar seu estilo característico, mantendo certas partes da sonoridade e da estrutura lírica. Contudo, Simulation Theory avança em uma direção bastante oposta aos clássicos Absolution e Origin Of Symmetry, deixando o lado mais rock em segundo, quase que terceiro plano, o que pode funcionar para renovar o público da banda.

Por outro lado, é possível e até provável que a nova direção musical do trio afaste o público mais antigo, especialmente aqueles que são grandes fãs da sonoridade dos primeiros três discos. Como de costume, Matt Bellamy não parece estar muito preocupado e mergulhou de cabeça na farofa, como percebemos logo de cara pelos singles anteriormente lançados.

Sintetizador? Temos! Especialmente na faixa de abertura “Algorithm”, que nos recebe com uma enxurrada de teclados e, em contraponto, arranjos de cordas super dramáticos, como não poderia deixar de ser. Impressionante não é palavra, surpreendente talvez. A segunda canção é “The Dark Side”, um pouco menos viajada, ela traz um synth-rock bem gostoso e realmente digno de single. Destacando muito bem os vocais de Matt Bellamy, a faixa é bem direta e conta até com um modesto solo pouco antes do final.


A maravilhosa “Pressure” demonstra um pouco do lado rock do disco, com uma levada dançante, ênfase nas guitarras e deixando o teclado lá no fundo, um estilo já bastante explorado por eles. “Propaganda” é um ponto de interrogação colossal, simplesmente. Com uma pegada que mistura pop, trap music e hip hop, a canção tem um refrão absolutamente esquisito, difícil de engolir. Uma dose extra de decepção vem em “Break it to Me”, faixa morna, com cara de filler e completamente descartável, mais parece uma tentativa desesperada do trio de fazer uma canção pop.


O single “Something Human” é uma das apostas mais inesperadas da banda, um pop com letra bem clichê e detalhes acústicos no instrumental, caindo de vez para o lado comercial. Talvez uma das maiores decepções do álbum. “Thought Contagion” apesar de também explorar uma sonoridade mais acessível, apresenta um pop rock um pouco mais dentro do clássico Muse que conhecemos. Destaque para a produção, que realmente está impecável no single.


Get Up and Fight” reprisa a pegada comercial com ainda mais força e mostra uma das letras menos criativas do disco, com um instrumental desorganizado e pouco interessante. Os fãs mais antigos ficarão muito felizes com “Blockades”, que recria muito bem a sonoridade do tão amado álbum Black Holes and Revelations de 2006, com um gostinho do big sounding rock que os deu fama e de quebra um ótimo solo de guitarra de Matt. Sem dúvidas a melhor canção do disco.


Mais de um ano depois de seu lançamento, aqui está “Dig Down” novamente, uma das coisas mais estranhas que o Muse já teve a audácia de lançar. É até difícil classifica-la num gênero, mas é fácil perceber o quão fraco e morno é esse single. Não se incomodem em ouvir mais de duas vezes, uma para conhecer e uma para ter certeza de não repetir. Por fim, “The Void” encerra o álbum com uma atmosfera esquisita e até otimista. O maior problema aqui é que, por quase cinco minutos, esperamos algo acontecer, mas a canção acaba e nada de fato é mostrado. Muitos teclados e pouca musicalidade. Poxa vida, Matt!

No final das contas, Simulation Theory não condiz com o potencial da banda, não atende as expectativas e se mostra, como um todo, um trabalho essencialmente fraco, sendo a única ressalva o conteúdo visual que o acompanha. Os pontos positivos são escassos e ficam praticamente apenas na parte da produção, com exceção apenas para os vocais. Pela primeira vez na carreira, o Muse não foi feliz ao experimentar novos caminhos, não só pela forma desconexa que os elementos foram apresentados, mas por ter descartado de sua sonoridade quase tudo que os consagrou até hoje.

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