Recomeçar pode até não ser fácil, mas muitas vezes é necessário. É isso que o mineiro Samuel Rosa, vocalista da atemporal banda Skank, mostra ao entrar de vez na carreira solo com o disco Rosa. Misturando o clássico com a novidade, o cantor prova que o sucesso e o reconhecimento nunca foram obra do acaso.
O anúncio do encerramento das atividades do Skank pegou muitos de surpresa, afinal a banda já acumulava mais de 30 anos de muita história e hits para dar e vender. Em março de 2023, os integrantes se reuniram para o show final no estádio do Mineirão, o principal da capital de Minas Gerais, onde tudo começou.
Rosa é o recomeço na carreira de Samuel Rosa. Um recomeço com cara de nostalgia e um toque de audácia, e se engana quem acha que isso é por desleixo do artista. “Eu quis soar eu mesmo, naturalmente, sem querer fazer um disco pretensioso. Deixei que o novo aparecesse de forma espontânea”, explica. E cá entre nós, quando se é um compositor tão exímio e marcante, mudar soa quase como um ultraje.
As composições, ou melhor dizendo, as poesias de Samuel Rosa, moldaram uma geração de artistas e conquistaram o coração de nomes consagrados como Nando Reis, Lô Borges e Milton Nascimento. Em Rosa, elas continuam afiadas, criando figuras de linguagem que misturam os elementos das naturezas com emoções. E tudo fica ainda mais surpreendente quando descobrimos que nove das dez faixas do álbum foram compostas num período de apenas 2 meses.
As letras expõem vivências do próprio artista, ainda que tenham aquele poder de conversar com basicamente qualquer pessoa. O universo do amor permeia boa parte da obra, abordando de novas paixões até o encerramento de ciclos. Mas se engana quem imagina que isso significa música para ouvir na bad, afinal Samuel é experiente na vida e na carreira e prova que existe resiliência até nos momentos mais difíceis da vida.
E a produção não fica para trás! Tendo a música pop como bússola do projeto, o artista passeia pelo rock, reggae, soul, eletrônica e bossa-nova. Com uma atmosfera solar e cativante, o álbum se mostra uma boa pedida para se ouvir durante uma viagem ou num encontro com os amigos.
Agora bora entrar de cabeça nas canções, que tal?
O primeiro single do projeto é a faixa “Segue o Jogo”, que aborda o fim de um relacionamento de forma leve e tranquila, afirmando que o encerramento de um ciclo não é necessariamente algo ruim, e que agora basta ambas as partes seguirem em frente. Em contrapartida, a faixa “Não Tenha Dó” mostra um personagem que ainda sofre com o final da relação, e que vê a outra parte “se divertindo” com o seu sofrimento.
“Rio Dentro do Mar” e “Palma da Mão” abordam o lado mais romântico do artista, que se inspira no próprio relacionamento para cantar sobre as nuances do amor. E não para por aí, viu? O tão almejado sentimento também pode ser percebido nas canções “Flores da Rua” e “Tudo Agora”.
A canção “Bela Amiga” também brinca com a ideia do amor, mas dessa vez abordando uma amizade que pode vir a se tornar algo mais. “Me Dê Você” brinca com uma dinâmica regida pela paixão, com metáforas sensuais e lúdicas. Por outro lado, “Aquela Hora” sai do quesito romance para abordar o tópico família, mais especificamente a separação de pai e filho, que busca alçar novos voos e se emancipar.
Provavelmente a mais diferente do álbum, “Ciranda Seca (Dinorah)” apresenta uma mulher forte, guerreira e emponderada, determinada a lutar pelo que defende e acredita.
Num mundo em que se tornou comum fazer canções com pouco mais de 2 minutos, Rosa é um refresco da melhor qualidade. São 10 faixas que totalizam quase 40 minutos, mas que mostram muito bem que Samuel Rosa foi e sempre será uma referência no cenário da música nacional, principalmente quando falamos de composição e fidelidade com a sua essência artística.
O cantor já está com a agenda recheada de shows para o ano de 2024, então se você curtiu esse novo trabalho é hora de correr e garantir o seu lugar, pois a mais pura verdade é que o talento de Samuel Rosa está aqui para durar facilmente mais uns 30 anos.
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