Popload Festival converge divergências musicais em uma bela tarde de sol


Na última quarta-feira (15/11), a música uniu diferentes idades e gostos em um só evento. Com estrutura montada no Memorial da América Latina, essa edição do Popload Festival foi com certeza uma das mais memoráveis do festival.

Mesmo debaixo de sol intenso, o grande evento uniu fãs de todas as tribos. Claramente conseguíamos identificar o público mais jovem e alternativo, que foi ao festival para expandir a música além do clima introspectivo proporcionado por bandas como Daughter, assim como podíamos ver o pessoal que estava lá para fazer a festa, com um clima mais descontraído, que ganhou cores no show do Phoenix e muito movimento no show do Neon Indian. Os mais velhos, portanto, não ficaram de fora. Muitos deles representaram bem a base de fãs da grande diva do rock da década de 90, PJ Harvey, que expandiu ainda mais o seu som com uma banda triunfal. Como se não fosse o bastante, as atrações nacionais, Carne Doce e Ventre, mostraram o porquê do cenário brasileiro de música precisar de mais reconhecimento. E, ao final do dia, para animar mais o pessoal, Heineken fez uma ativação no festival, revelando AlunaGeorge como atração surpresa do festival, que fez um dos shows mais vibrantes da noite lá no hidden stage da marca, onde a cantora chamou até a IZA, dona dos hits “Te Pegar” e “Pesadão”. Sim, foi um dia eclético que satisfez o gosto de todos da plateia.

A empolgação dos fãs já esquentava na fila, com fãs de PJ Harvey, Phoenix e Daughter comentando sobre seus ídolos. Comentários como “Será que a Elena (do Daughter) vai estar tímida com o público brasileiro?” e “Qual é o setlist da PJ?” vieram à tona durante a espera. Todo aquele amor de fã já estava no ar daquela fila, que ordenava desde pessoas usando preto e camisetas de bandas de rock até outras bem coloridas, com glitter na cara e maquiagem exuberante. Ao abrir o portão, todos os tons e cores se misturaram em uma bela diversidade que convergia pela música. E, ao passar do dia, cada um pode enaltecer seu respectivo artista que tanto admirava. Confira o que achamos de cada show:

Neon Indian


Mesmo com o público ainda chegando no festival, Alan Palomo e sua banda comemoraram a primeira vez deles para shows no Brasil com um dream pop de outro mundo e músicas animadas, todas baseadas em linhas de baixos extremamente groovy, que cativaram o público de um jeito eletrizante. Talvez tenha sido pelo rebolado sensual de Alan ou pelo seu carisma, mas uma coisa que o público fez em seu show foi mexer os quadris até cansar, criando um ambiente dançante e bem festivo, perfeito para começar uma ótima maratona de shows que vinha pela frente.

Ventre


O trio carioca de indie rock experimental foi a grande revelação da noite! Com músicas que voam rapidamente da melancolia à suavidade, a banda construiu uma tensão espetacular, principalmente com a baterista Larissa Conforto, que detonou na bateria e trouxe um forte discurso de protesto à recente polêmica da legislação sobre aborto no Brasil. A jovem trouxe muita representatividade ao palco com a frase “seja menos da garota com a banda e mais da garota da banda”, e foi seu “Fora Temer!” que incendiou a galera até o fim do show, que veio a ser um dos mais marcantes do festival.  No geral, a banda soube vender sua música através da empolgação e energia verdadeira que eles transmitiam no palco por estarem tocando em um festival desse porte. Era genuíno ver tanta felicidade lá envolvida!

Carne Doce


Se o show do Ventre teve toda aquela ardência de principiante, o grupo Carne Doce trouxe um ar fresco de MPB, que envolvem forte experimentações com o nosso famigerado Indie. Talvez a leveza das músicas não foram tão cativantes como a do Ventre, porém a presença de palco de Salma Jô foi um dos destaques do festival. A sincronia do seu corpo junto ao distorcer dos instrumentos é uma imagem que ficará em nossas cabeças por um bom tempo!

Daughter


Com muitos fãs já consolidados, a espera de anos acabou com essa primeira vinda da banda ao Brasil. Finalmente, Daughter impactou o nosso país com seu indie rock intimista. A voz doce e delicada de Elena Tonra levava os fãs ao delírio, tirando vários gritos de felicidade do público, que foram devolvidos com o sorriso tímido de Elena. Mesmo com o calor intenso e muitos problemas técnicos ocorridos por conta do clima, o show continuou da mesma forma, sem perder sua magia e encantando o público com seu som aveludado pela emoção, o que fez muita gente chorar nas faixas mais tocantes, como em “Numbers” e “Youth”.

PJ Harvey


A grande diva do rock era uma das atrações mais aguardadas da noite. Com alguns minutos de atraso, a ansiedade foi construída naturalmente em frente ao palco principal, com diversos fãs que usavam camiseta da cantora e tudo mais. Seus fãs eram os que mais seguiam a linha de “fã roxo” no festival, e isso foi refletido na hora que ela entrou com o sax e sua super banda, fazendo todo mundo pular e cantar junto sem grandes esforços. Sem dúvidas, foi o set que mais esbanjou talento no festival, com uma percussão fenomenal que acompanhou a voz incomparável de PJ de modo épico. Mesmo mantendo sua relação com o público bem fria, PJ Harvey possui algum magnetismo só com sua postura e olhar penetrante entregue no palco. Durante todo seu set, PJ manteve o público de olhos vidrados do começo ao fim. Realmente algo que nunca tinha visto antes!

AlunaGeorge


Pela segunda vez no Brasil, Aluna trouxe ao hidden stage da Heineken; palco escondido atrás de um telão de led da marca, hits como “You Know You Like It”, “I’m in Control” e “Mean What I Mean”, e contou com participação especial da cantora carioca IZA, uma das grandes revelações do mercado Brasileiro. A cantora não estava no lineup, nem nada, mas a surpresa foi tanta que aquela energia de felicidade e de festa ficou reservada para seu set. Foi definitivamente o show mais enérgico do festival!

Phoenix



Trazendo hits de toda a sua carreira, incluindo os do último álbum Ti Amo, a banda de indie rock francesa encerrou o palco principal com uma explosão de cores e muito fanatismo, levando o público a cantar junto à todas as músicas, mais do que em qualquer outro show do dia. O show foi uma grande celebração, e foi aí que percebi que é isso que diferencia o Popload Festival do Lollapalooza, por exemplo: a inovação. O festival está preocupado em trazer artistas completamente inesperados para o nosso país, e que, mesmo com grande potencial, não foram muitos explorados pelas outras produtoras. O resultado disso foi um encerramento caloroso, com um clima completamente vibrante, que contou até com o vocalista Thomas Mars usufruindo da empolgação brasileira indo direto pra plateia para experimentar isso tudo de pertinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário