Suricato conta sobre seu novo momento na música e seu mais recente single, "A Dois" em parceira com Vitor Kley

Em 2020, Rodrigo Suricato não descansou! O carioca lançou três álbuns (Suricateando e One Man Band Ao Vivo nos volumes 1 e 2), um EP instrumental (Respiros, gravado em casa com a artista plástica e esposa de Rodrigo, Paula Costa) e dois singles ("Astronauta", com a banda Melim, e "Até O Fim"). Além de toda a produtividade que o cantor teve durante a quarentena, Suricato foi indicado ao Grammy Latino com o álbum Na Mão As FloresSeu último lançamento foi o single "A Dois", da banda independente Tem Amor, gravado com Vitor Kley. Suricato conversou com o Keeping Track sobre os processos desse single, sua produtividade durante a pandemia, o novo momento do Suricato e seus projetos futuros.


Confira a entrevista na íntegra:

KT: "A Dois" casou muito bem sua voz com a de Vitor Kley, mas é uma regravação da banda independente Tem Amor. Como surgiu a ideia de fazer a releitura dessa canção e qual importância você acha que tem em regravar a música de um artista independente?

Suricato: Acho que você já começa pela importância máxima: prestigiar a arte independente é uma das coisas que eu encontrei muito propósito na minha vida. Eu passei a convidar, as vezes até seis, artistas pra abrirem o meu show. Era como um grande encontro, onde todos eles faziam um show de 50 minutos. Fico muito feliz de vê um artista do mainstream, como o Vitor Kley, dá a mão pro artista de midstream que dá a mão pro artista independente, essa é a forma da gente potencializar o trabalho do outro. Esse é o grande barato de gravar uma canção de uma banda que eu gosto muito, como a Tem Amor.

KT: Um dos seus álbuns lançados ano passado, o Suricateando, é um conjunto de releitura de músicas que foram importantes pra você, certo? E agora tivemos esse novo single. Podemos esperar mais projetos de regravações no futuro? Outro álbum, um EP...

Suricato: Sim. Eu tô aberto, sabe? Eu tava meio inseguro com o meu papel de compositor, passei pela fase de experimentação artística, onde eu queria colocar só canções minhas, com as minhas letras, gravar meus instrumentos. Essa fase coincidiu com meu momento na terapia em que eu queria me entender melhor e usei minha música pra fazer isso. Agora eu tô mais seguro com meu papel de compositor, mais aberto a gravar obras de outras pessoas que me emocionem. "Suricateando" veio desse lugar, eu quero gravar canções que eu consiga me emocionar e através da minha emoção, emocionar as pessoas porque não tem outro jeito. Se a gente não é apaixonado pelo o que faz, a gente não vai apaixonar ninguém.


KT: Como citei antes, "A Dois" combinou bastante com você e o Vitor Kley, inclusive, acho que conversa com os trabalhos anteriores de vocês. Como aconteceu essa parceria?

Suricato: O Vitor foi um amor quando eu convidei. Ele topou realmente pela música. Talvez fosse mais interessante fazer um featuring com, sei lá, um artista tão grande em visibilidade quanto ele. Ele tem admiração pelo meu trabalho, eu tenho muita admiração pelo trabalho dele. É muito bacana ver o artista que se importa com canções, sabe? Violão, uma letra bacana, trazendo uma mensagem positiva, aparecendo lá em cima nas paradas de sucesso e isso deu uma esperança enorme pra artistas que ainda consideram a canção o principal da fórmula artística. O Vitor se preocupa com a canção e eu me identifiquei com isso. Só elogios à fazer pra ele.


KT: O videoclipe é a combinação perfeita para a música, nesse cenário simples e natural que nos remete a calmaria. Considerando o contexto de pandemia, foi difícil o processo criativo desse clipe?

Suricato: Eu analiso os momentos da minha vida pelos calçados que eu tô vestindo, por exemplo, teve um momento no Suricato da barba muito grande, da bota marrom cheia de poeira. Passei um momento agora com um tênis branco moderno fazendo o One Man Band, nesse eu tô completamente de chinelo. Eu despi todo o conceito desse lançamento com um artista que é good vibe, de boa. Queria um clipe que não fosse uma super histórinha bem elaborada, queria natureza, sabe? A gente não aguenta mais ficar em casa. Então falei: "Cara deixa eu ir pro ar livre, com uma equipe reduzida, sem muita historinha". Vitor gravou o clipe em Floripa, eu gravei aqui na Barra da Tijuca. Abri as reuniões de marketing que eu fiz com o meu time pra qualquer pessoa assistir, os artistas independentes, os meus fãs darem a opinão, então eu tô completamente de chinelo nesse momento, de boa.

KT: O Suricato começou como uma banda de rock, certo? Atualmente, com esse projeto reformulado, você ainda define o Suricato como Rock?

Suricato: Eu defino o Suricato como um núcleo criativo que tem a liberdade de flertar com vários estilos. O meu primeiro disco foi um disco muito rock, o segundo foi um disco folk, o terceiro disco mesclou o violão com batidas eletrônicas. Eu gosto de ter a liberdade de gravar o que eu estiver afim de fazer. Talvez eu seja esse restaurante de prato a quilo mesmo, esses pratos que tem sushi com strogonoff. Isso tudo me diverte!

KT: Agora sobre 2020, foi um ano bastante produtivo pra você! Conta um pouquinho como foi passar por esses processos de dois singles, três álbuns, além do EP instrumental gravado em casa. Tudo isso em um momento tão conturbado como o ano passado. Como foi isso?

Suricato: No primeiro momento foi triste pra todo mundo e foi muito ruim. Eu não acho que a superprodutividade seja a cura dos nossos vazios internos, não comecei a trabalhar pra não ficar triste, comecei a trabalhar porque eu não tive a cobrança de fazer aquilo virar um show, uma turnê ou ter que vender muito, escalonar aqueles produtos. Quando tirou essas pressões de promover esses trabalhos, eu pensei: "Cara, só vou me expressar! Vou gravar o que eu tô afim de gravar". Três desses projetos foram muito interessantes, o "Respiros" gravado com a minha mulher, Paula Costa, que é uma artista plástica incrível. Gravei um disco só de interprete, violão e voz, super despretensioso, o "Suricateando" e a live que resultou num disco duplo ao vivo, o "One Man Band Ao Vivo". Então eu consegui realizar essas tarefas que estavam, algumas delas, pendentes e as outras foram circunstâncias do momento. O "Suricateando" e o "Respiros" foram totalmente uma crônica do momento que estávamos vivendo, eles só aconteceram porque houve a pandemia. O disco ao vivo, talvez acontecesse um pouco tempo depois.

KT: Você acha que seu processo criativo aumentou quando você se tornou sua própria banda, sendo também o compositor e diretor criativo?

Suricato: Muito! Eu já era o compositor e o diretor criativo, a questão é que as relações humanas exigem uma dedicação de todos os envolvidos nas relações. Eu enchi um pouco o saco de ter que administrar ego dos outros, mau humor dos outros, eu queria só curtir, ter uma brodagem das pessoas que tivessem do meu lado. Eu tive a sorte de ter esses parceiros no Barão Vermelho, a nossa química fluiu muito coletivamente, a gente briga pra caramba, mas é tudo muito dito. Agora me sinto mais seguro pra outras relações. Tô montando outra banda Suricato, uma nova versão, doze músicos já participaram desse projeto, vão ser talvez mais uns quatro e eu fico feliz, porque as pessoas chegam na nossas vidas e partem e isso é muito o flow da vida.

Para finalizar, o que podemos esperar do Suricato nesse ano de 2021?

Suricato: Eu tô afim de gravar um disco autoral até o fim do ano, quero lançar uns dois singles com featuring antes. Então é basicamente o que eu tô querendo fazer, musicalmente é isso.

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Escrito por: Laura Araújo

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