Daparte revela suas inspirações por trás dos singles “Pescador” e “Acrobata” e revela detalhes do novo álbum!

A banda mineira Daparte já tinha mostrado seu potencial em lançamentos passados, mas com “Pescador” e “Acrobata”, eles mergulharam ainda mais fundo na versatilidade, criatividade e no poder de emocionar com composições sensíveis e melancólicas que tocam o coração. Para saber ainda mais sobre os novos singles e o próximo álbum, o Keeping Track conversou com João Ferreira e Juliano Alvarenga e eles contaram tudo sobre o processo por trás das faixas, os videoclipes animados, a parceria com Zé Ibarra, o retorno aos palcos, o novo disco que chega no segundo semestre de 2021 e muito mais!

Vem conferir a entrevista completa:

KT: Falando um pouquinho dos singles “Pescador” e “Acrobata”, como foi o processo de composição das músicas? Foram músicas que surgiram durante esse período de quarentena ou antes disso?

Daparte (João): Essas duas músicas são de antes. “Pescador” na verdade, acho que é a mais antiga do disco que a gente vai lançar esse ano. Eu tava em uma viagem em Caraíva na época e eu tinha acabado de terminar um namoro que foi super importante pra mim, primeiro namoro da vida, eu tinha 19 anos e aí foi uma música que veio assim, eu tava jogando uns acordes no violão e comecei a cantar em cima já com a primeira coisa que veio na minha cabeça, foi começando a vir uma parada tipo “Pescador, pescador..” e depois eu fui lapidando a letra e adicionando mais coisas. Você perde o namoro meio que “cai o chão” assim e fica se sentindo vulnerável. Eu senti que não estava conseguindo, sabe?

Foi uma música bem autobiográfica, em um momento bem difícil, aí eu mostrei para os meninos e eles curtiram. A gente foi para o sítio de um dos integrantes, o Be (Bernardo) que é o tecladista e lá no sítio o Ju (Juliano) e o Be começaram a fazer uma melodia, o Ju até começou a fazer uma letra para “Acrobata” e a gente achou bonita também e falamos: “Vamos trabalhar essa música também”, isso lá em outubro de 2018. As duas músicas, elas conversam bem, uma foi composta logo em seguida outra, meio que no mesmo mood, a mesma ideia por trás da composição toda, então a gente quis lançar elas juntas até por isso, são músicas que tem bastante a ver desde o nascimento.

KT: E por que vocês decidiram lançar as músicas só agora e não em 2019, por exemplo?

Daparte (Juliano): A gente estava em um esquema muito louco assim de lançamentos de single, porque a gente tinha um plano de lançar o nosso disco em 2019. Aí chegou 2020, só que aí veio a pandemia e a gente foi pegando músicas do disco que a gente gosta e lançando uns singles meio “picados”, inclusive até fizemos uma interrupção nesses singles e lançamos um EP e aí voltamos a trabalhar as músicas do disco também e nós acreditamos, se Deus quiser, que vamos soltar esse disco no final do ano, lá para outubro assim pro pessoal ouvir.

Nós resolvemos soltar elas de single para alimentar a nossa fanbase, mostrar para as pessoas esse lado do nosso disco que a gente adora que é um lado mais introspectivo, não é tão pop, ele é um pouco mais delicado, sensível e a gente quis trazer isso pra talvez quando a gente voltar a fazer show, a galera vai saber cantar mais as músicas sem elas terem sido jogadas ali no disco.

KT: Vocês sentem que a quarentena inspirou e transformou vocês de alguma forma?

Daparte (Juliano): Eu acho que a gente teve que trabalhar mais a gente com a gente mesmo pelo tempo dentro de casa e de certa maneira. Pra mim pelo menos, foi muito bom em alguns aspectos assim, eu pude treinar mais a minha voz, eu comecei a fazer mais acompanhamento com uma fonoaudióloga que me ajuda muito e comecei a me inspirar também em outros artistas que me deram boas ideias para outras coisas, vendo coisa no youtube e tal. Eu acho que composição talvez não foi tão legal porque a gente realmente para de ver muita gente, para de sair, para de viajar igual a gente viajava, são menos experiências vividas, então talvez isso tenha sido meio negativo.

KT: E em termos de composição, as músicas são cheias de detalhes e de sentimento. Como vocês exploram mais disso nesse disco?

Daparte (João): A ideia inicial era fazer um disco que tivesse músicas para deixar o show mais animado. A gente sentiu que no nosso primeiro disco tem músicas animadas, mas de maneira geral, na época a gente não tinha fã, não tinha show, então não tínhamos a pretensão de nada, mas aí quando a gente começou a ir para a estrada, a gente pensou: “Po, vamos fazer umas músicas que seja legal de tocar também no palco, uma músicas mais animadas, mais pra cima” e aí a gente começou nessa onda. Só que aí naturalmente também começaram a aparecer músicas que são meio que contrabalançando essas sabe? Tipo essas duas que a gente lançou, “Calma” também é uma delas, uma que se chama “Carnaval” que está no disco também, aí para essas músicas que são mais introspectivas, que não são tão de pular, a gente deu um toque a mais de um arranjo mais bonito e mais trabalhado e com detalhes para a galera pegar e ouvir.

Então tem esses dois moods no disco, das músicas mais animadas, mais pra pular e das músicas pra ficar mais pensativo, mais triste assim sabe, os arranjos também seguiram essas mesmas ideias, tem uns arranjos que são mais “pra cima” e outros mais “pra baixo”.


KT: E me conta mais da parceria com Zé Ibarra. Como surgiu a ideia desse feat?

Daparte (João): Sempre que a gente vai aí pro Rio, a gente tenta encontrar com o Zé, quando ele vem para BH também e a gente começou a ficar amigo dele na época da Dônica que era a banda que ele tinha com o Tom Veloso e tipo a gente curtia bastante o som que eles lançavam, ainda curte e já fizemos um show com eles aqui em BH e sempre rolou uma amizade, foi natural. Os caras vinham aqui fazer churrasco, jogar bola, essas paradas.

Quando a gente tava fazendo esse disco, queríamos que tivesse um feat ou dois para poder chegar em uma galera diferente e também para a gente mesmo, é legal conhecer o outro lado do artista porque você acaba que modifica um pouquinho a sua sonoridade, dá uma inovada, usa a criatividade de outro jeito. Aí a gente pensou nos nossos amigos, os meninos do Lagum e o Zé, que é um desses caras que nós também curtimos. Foi uma escolha bem natural de ser feita. É um cara que a gente conhece há anos, que curte o nosso som, a gente curte o som dele e sempre trocamos uma ideia, ele até conhecia a música e aí rolou.



KT: Vocês têm algum sonho de parceria? Quais parcerias vocês querem muito fazer?

Daparte (João): O Paul McCartney, um feat, ele cantando em português.

(Juliano): A gente já falou isso algumas vezes, no Brasil, nós piramos muito no Jorge Ben e a gente acha que talvez o samba/rock dele combinaria bem assim com o nosso estilo, acho que o Milton Nascimento também é um cara que a gente pira e tal. Da geração mais nova tem vários, tem o Jovem Dionísio, O Grilo, Anavitória, Vitor Kley eu gosto pra caramba, tem várias pessoas que a gente tem (sonho), mas eu acho que dos sonhos mesmo, eu queria muito fazer um feat com o Julian Casablancas do The Strokes, queria fazer um rock com ele, uma música bem riff e tal.

KT: A música “Guarda-chuva” foi o single de estreia do primeiro disco da banda. O que vocês acham que mudou na Daparte desde lá para esse novo capítulo da banda?

Daparte (João): Pra você ter uma ideia, quando a gente fez “Guarda-chuva” eu tinha 17 anos, hoje a gente está com 22 anos, então eu acho que tudo que aconteceu na banda é da mesma ordem de grandeza que acontece na mudança pessoal de uma pessoa que vai dos 17 aos 22, muita coisa acontece, a gente passou a época que tava na escola, teve faculdade, teve namoro que acabou e começou, aí teve pandemia, teve amigo que brigou, que morreu e teve tudo o que aconteceu no meio desse caminho aí. Então é muita coisa que aconteceu na nossa vida que faz a gente mudar como pessoa. Isso por si só traz para a banda muita diferença. E aí tem todo o fato da gente ter começado a rodar no Brasil, ter começado a ter fã, pegado estrada, então musicalmente também e profissionalmente a gente acaba pegando umas outras ideias, a banda mudou pra caraca no processo de compor, de pensar som, disco, tudo.

(Juliano): Eu acho também que foi uma música que abriu muitas portas para a gente e talvez sem ela a gente não seria o que somos hoje, porque no começo ali, ela foi muito importante e acho que muitas das coisas que aconteceram com a gente depois nós devemos muito a ela assim, foi o nosso principal single do primeiro disco, então é uma música muito importante na história da banda.

KT: Estão ansiosos para voltar aos palcos? Como vocês imaginam que vai ser?

Daparte (João): Uma das coisas que eu mais penso todos os dias da minha vida é isso! Já tem lugares que está voltando o show né, os Estados Unidos já tem gente fazendo show, o The Strokes mesmo que a gente falou agora tava fazendo show em Nova York e a gente fica aqui nessa merda, pensando: “O Bolsonaro não comprou a vacina”, então a gente fica meio puto mas estamos muito ansiosos também positivamente porque nós achamos que durante a pandemia muita gente conheceu o som e também muita gente que já conhecia criou um carinho maior assim porque fizemos lançamentos legais e acho que quando voltar vai ser explosão, vai ser doido, vai ser legal pra caraca, o show vai ser divertido, vai ter momentos de tristeza, de alegria, de tudo assim, acho que vai ser bem bacana, eu to bem ansioso!!

(Juliano): Eu fico vendo shows no computador assim de festivais e fico só sonhando, imaginando.

KT: O que podemos esperar do segundo álbum da banda? Quais são as maiores inspirações para esse novo disco?

Daparte (Juliano): Eu acho que foi um álbum que a gente demorou tanto assim pra gravar uma música em tal época, gravava outra música em outra época que eu não sei te responder assim (risos).

(João): Eu acho que tem uma onda de tudo o que a gente escuta, a gente tava numa onda de escutar muito Sticky Fingers na época que a gente estava gravando, tem Rex Orange County, tem algumas músicas bem Jorge Ben, tem umas paradas de Beatles que é sempre uma referência grande pra nós, a gente tem referências que sempre estão presentes tipo Beatles, Oasis, Clube da Esquina sempre tem um pedacinho que seja botar um vocal a mais ali, mas fora isso tem coisas mais novas também, tipo Anavitória eu lembro que a gente escutou no estúdio pra pegar referência de timbre, de alguma coisa, Lagum a gente escutou no estúdio, The Strokes em alguns momentos. Essas paradas que a gente escuta sempre estão presentes, então eu acho que o que se pode esperar do disco é isso de altos e baixos, músicas bem alegres pra a gente fazer no show e pirar e músicas mais introspectivas que falam de assuntos mais humanos que mexem com o interior da pessoa. É um disco que passa por altos e baixos o tempo todo assim, agridoce.

KT: O que vocês estão mais ansiosos pra mostrar nesse novo disco?

Daparte (Juliano): Tem um single que as pessoas estão esperando, fazem vídeos e fazem pedidos no twitter direto que é a música “Você Gosta Dela”, que é uma música que a gente já tocou em show, já tocamos em live, mas nunca lançamos e as pessoas estão muito ansiosas para ouvir e acho que o que a gente pode adiantar é que quando lançar vai ser um belo de um single, acho que é isso (risos).

Já estamos ansiosos para ouvir todas as músicas desse novo álbum!

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