Em entrevista, Clarissa reflete sobre sua trajetória reluzente na música e adianta novidades

Por mais que a carreira musical de Clarissa seja recente, a artista já demonstrou versatilidade de sobra. Neste ano, ela lançou seu primeiro EP, autointitulado, e dando continuidade, liberou a música pop-punk “nada contra(ciúme)”. Em entrevista ao Keeping Track, Clarissa revelou todos os detalhes de seus lançamentos e de sua fase atual. Sorridente e usando um vestido branco, ficou perceptível em cada uma de suas falas o amor pelo que faz e a sinceridade no que é passado.

“nada contra (ciúme)” & EP

Em junho deste ano, ocorreu o lançamento do primeiro EP de Clarissa, que leva no título o seu próprio nome. “Eu fiquei muito nervosa, porque é uma exposição muito grande. Quando a gente faz um filme existe uma equipe, então se o filme não der certo, não é total sua culpa. Agora quando você lança um trabalho que você escreveu, que é sobre seus sentimentos, é muita responsabilidade. Ver que eu me abri dessa forma e as pessoas receberam tão bem, com o coração tão aberto, foi assim, inenarrável”, revela.

Sua marca são as letras pessoais e sinceras a respeito das experiências de sua vida. “Ela”, por exemplo, é sobre o sentimento que Clarissa sentiu na adolescência ao se apaixonar por uma menina pela primeira vez. “Vem um medo porque ainda é uma coisa muito estigmatizada. Não só um medo em relação às pessoas mais velhas da minha família, mas também em relação ao meu trabalho como atriz, tipo ‘será que se eu falar sobre isso eu vou perder algum papel porque eu tô falando demais, tô me abrindo demais sobre esse tipo de assunto que ainda é um tabu na sociedade?’”, desabafa. “A verdade é que ser verdadeira comigo mesma é muito mais importante para mim do que qualquer coisa no final do dia e não só isso, mas também ver que as pessoas se identificaram com aquilo, ganharam força através daquilo, como eu já ganhei força através do trabalho de outras pessoas que também se arriscaram”.

Essa honestidade se estendeu para “nada contra (ciúme)”, faixa lançada recentemente. A ideia da melodia surgiu numa madrugada em São Paulo e em cerca de 10 minutos, a cantora escreveu a canção. “Eu queria escrever uma música e eu pensei ‘o que eu posso escrever que o Chorão cantaria?’, e eu comecei a entrar nessa. Esse ‘nada contra ela inclusive até faria’ é uma coisa meio politicamente incorreta pra galera de bem e é uma música que não se propõe ser educada, não se propõe ser coerente. O eu lírico sabe que ele tá errado, sabe que o que ele quer não é possível".


No single, Clarissa ousou e explorou uma sonoridade mais voltada para o pop rock, que atualmente, se encontra novamente em alta no meio musical. “Eu sou muito fã de pop punk, de rock, é uma coisa que eu cresci escutando. Paramore, por exemplo, foi o primeiro show da minha vida. As tendências aparecem e desaparecem na mesma intensidade, e eu acho que a música acompanha muito isso. A gente vê agora uma volta dos anos 80, com o novo trabalho do The Weeknd, até nessa fase rock da Miley. A gente tá revivendo muitas coisas e fazendo releituras desses momentos”.

Carreira musical

Clarissa vê um progresso de suas primeiras parcerias até o mais novo single, pois evoluiu com o seu trabalho. “Cada vez mais eu me sinto mais livre para dizer coisas que eu preciso dizer e pra fazer do jeito que eu queria fazer. Eu acho que de agora em diante a gente vai encontrar letras bem mais maduras, melodias bem mais maduras, porque eu tô crescendo junto com as minhas músicas e com as minhas letras principalmente, que são a parte que mais importa pra mim”.

Para a artista, compor é algo muito natural. Ela usa como inspiração, principalmente, os acontecimentos de sua vida e as pessoas ao seu redor “É um processo que mais me usa do que eu uso ele, porque as coisas vêm até mim. Depois que eu observo tudo isso, chega uma hora que eu deito a cabeça no travesseiro e tudo isso vem como uma avalanche e eu sintetizo na minha escrita”. Ela deu como exemplo uma conversa que teve com um amigo da sua produção. Do bate-papo, saiu a fala “sua avó não vai ouvir falar de mim”, que inspirou Clarissa a compor uma música inteira.

A cantora é bem eclética, o que é visível na sua vontade de se jogar em outros gêneros. Atualmente, seu mais novo vício é o álbum If I Can’t Have Love, I Want Power, da norte-americana Halsey. “Eu admiro muito ela como mulher, admiro muito a história dela. Eu escuto ela desde que eu sou adolescente e ela é bissexual e sempre foi muito vocal sobre isso, isso me incentivou muito”, conta.

Carreira de atriz x cantora

Além de cantora, Clarissa é atriz e, no momento, está conciliando as duas coisas. “Uma coisa complementa muito a outra. Tudo é arte nesse mundo, atores cantam e cantores atuam e eu acho que eu tenho muita sorte de poder ter trabalhado com essas duas coisas. Qualquer processo que te faça se abrir e entrar em contato com a sua vulnerabilidade vai te ajudar como atriz. Eu espero fazer essas duas coisas ao mesmo tempo e separadamente para sempre”.

A artista aprecia esses dois jeitos de se expressar, como explica: "O maior sonho da minha vida é ser compreendida, falar e ser escutada e eu posso fazer isso dessas duas formas, tanto atuando como escrevendo e cantando. Claro que compor e cantar são formas mais íntimas ainda, porque quando você tá interpretando um personagem, você tá interpretando outra pessoa. Mas não deixa de ser algo de você ali, algo seu naquele personagem. Então para mim as duas coisas casam muito". 

Essa paixão também é perceptível em seus vídeos. Ela trabalha nas ideias juntamente com seus diretores, como aconteceu no clipe de ‘Ela”. “Eu gosto muito de colocar referências de coisas que foram importantes para mim, cresci vendo esse tipo de clipe LGBT. A gente teve muita influência de filmes que eu gosto muito também, tipo Frances Ha. Eu acho muito importante você colocar uma imagem atrelada à música, contar uma história visualmente que faça sentido com aquela música, uma coisa não vive sem a outra”.


Planos futuros

Por ser uma artista versátil, que quer se aventurar em diferentes estilos, Clarissa ainda não sabe qual direção vai seguir. “Eu sou muito eclética nas coisas que eu admiro, nos artistas que eu consumo, então é muito difícil para mim falar ‘olha, eu quero seguir pra esse nicho, eu quero seguir pra esse lugar’ porque eu não sou uma pessoa de espaços exclusivos. Eu quero sim explorar mais esse lado pop punk, eu não acho que foi um trabalho de uma coisa só. Mas eu ainda quero explorar outros lugares do pop alternativo, da música alternativa, do pop inclusive, do funk, por que não?”

O que mais importa para Clarissa é que seja uma vontade verdadeira. A reação acolhedora do público com o seu EP foi importante para guiá-la em seus próximos projetos. “É muito difícil para mim fazer algo para vender, fazer algo para algum tipo de fim que não seja uma verdade pra mim. Então o [lançamento do EP] me impactou até de uma forma pessoal, para o que eu quero para minha vida, como eu vou encarar meus trabalhos de agora em diante. Eu nunca tinha passado por isso: algo que eu escrevi, ajudar alguém, confortar alguém num momento difícil”.

Clarissa já adianta que em setembro, lançará música nova. ‘É uma música muito especial pra mim, muito íntima. Ela não se trata de amor romântico, ela se trata de outro tipo de amor”. A artista também confirmou que o trecho “me leva no seu beijo e dá pra quem quiser/ eu não me importo mais”, postado no Twitter, é uma letra nova, que em breve, poderá ser lançada. “Cara, a gente tem muita coisa e eu fico muito feliz com isso. Depois que eu fiz o EP eu fiquei com medo de ‘será que eu ainda tenho coisas pra dizer? Que linguagem eu adoto agora?’, mas tudo fluiu tão bem”, finaliza.

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