Uma cara nova para uma clássica Rihanna em novo álbum, “Anti”


A única coisa em que todos concordam é que o Anti não era nada do que se esperava, mas o que a maioria não enxerga – ou se recusa a enxergar – é que o álbum é deliciosamente atrativo.

Depois de muito adiar e instigar a curiosidade de todos, na sexta-feira, dia 29/01, o Anti foi oficialmente lançado mundialmente, dividindo as opiniões dos críticos e dos fãs. Aguardado desde seu último lançamento em 2012, o álbum traz um novo lado da boa e velha Rihanna, que deixa de lado os hits pop-farofa e entrega músicas sutis e intrigantes, deixando sua voz se sobressair aos instrumentais, e não o contrário. É o tipo de material em que você se apaixona mais e mais a cada ouvida e que vai sempre mudando mentalmente o lugar de suas preferidas.

As faixas, comentadas uma a uma, estão a seguir:

Riri abre o álbum com o pé direito com Consideration, parceria com SZA – que mal conheço e já considero pacas – que traz boa harmonia de vozes e sotaques barbadianos puxados, além de batidas com influências do hip-hop e do reggae. Como se já previsse as críticas ao novo trabalho, a letra manda um “I got to do things my own way darling (...) You should just let me/Why you will never let me grow?”. Está no meu top 3, com certeza.

Apesar do nome e da letra terem uma sacada boa e um tanto cômica sobre maconha, acho James Joint bem dispensável, uma interlude bem chatinha. O mesmo não pode ser dito da próxima música, Kiss It Better, que já é uma das queridinhas dos fãs. É uma baladinha romântica muito boa, com uma guitarra pesada que dita o tom do refrão e que lembra as músicas dos bailes de formatura dos filmes americanos dos anos 90. É bastante provável como próximo single por ser uma das mais acessíveis do álbum.

É muito bom quando Riri traz um pouco de Barbados para suas músicas, onde ela consegue facilmente mostrar que ainda é uma island girl com personalidade e atitude. Work é aquele reggae-pop que ninguém entende nada, mas que não para de tentar cantar o viciante refrão que se repete várias vezes. Como se não bastasse, a colaboração com Drake só dá mais brilho à música.

Masterpiece! Desperado foi a que curti logo de cara, talvez por ser quase uma Bitch Better Have My Money, só que mais low-key e sem o refrão manjado. A faixa é um tanto agressiva, tanto pela letra quanto pelas batidas fortes de bateria e sintetizadores. Gosto bastante de Rihanna nesse ritmo, talvez tanto quanto gosto dela no dancehall, ela sabe aproveitar muito bem os elementos do hip-hop a seu favor. Muito disso pode ser percebido na faixa seguinte, Woo, mas com vocais de notas mais altas e agressivas, em contraste com um “Woo Woo” suave que os segue durante a maior parte da música.


Needed Me e Yeah, I Said It foram produzidas por grandes nomes que já alavancaram hits no mundo todo, DJ Mustard e Timbaland, respectivamente, e embora tenham também a similaridade de serem slow-tempos com sintetizadores marcantes, diferem em qualidade. A primeira é bem contagiante e gostosa de ouvir e sentir as batidas, mas a segunda fica um pouco perdida no caminho e você tem que estar no clima para não passa-la.

Outra que me apeguei bastante e que está no meu top 3 é Same Ol’ Mistakes. Apesar de ser um cover de New Person, Same Mistakes do Tame Impala, não achei nem de longe um desperdício de faixa, como li muita gente dizendo por aí. O resultado final foi bem fiel ao original, com toda a vibe psicodélica que ecoa na cabeça, e a música numa voz feminina deixou tudo muito mais refreshing. Muito, muito boa.

Gosto bastante de Never Ending e não gosto nada de Love On The Brain, vai entender. Vou contra a maioria mesmo sabendo que pode ser que ninguém concorde comigo aqui, mas a segunda é apenas chata e nem a vibe retrô me agradou, foi anos 50 demais, particularmente falando. A primeira, sim, é bem gostosinha de ouvir, me lembrou um pouco o ritmo do Coldplay e fui com a cara do popzinho romântico.

As duas músicas que encerram o álbum são bem fraquinhas e passam despercebidas por mim quando estou ouvindo o Anti. Higher tem vocais excelentes, que não se viam frequentemente nas outras músicas de Riri e tem uma letra bem interessante sobre amar enquanto se está sob efeito de drogas, rs. Mas é só isso. E Close To You é uma balada com um piano. Só isso também.

Cada música do Anti é única e diferente das outras do álbum, compondo uma mistura de ritmos e estilos que seguem novas direções criativas, mas que remetem, ainda que pouco, a seus primeiros trabalhos de estúdio. Do dancehall ao hip-hop e a baladas lentas, Rihanna dá um passo para fora do mainstream e entrega um material conciso, salvo alguns pontos falhos, e, por mais estranho que pareça a princípio, um grande álbum para este ano. 

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