Halsey e Lauren Jauregui voltam ao Brasil para shows de encher os olhos


Em meio a tantas polêmicas envolvendo suas declarações na mídia, shows como esse se fazem muito necessários para lembrarmos quem é Halsey como artista e por quê ela é tão boa no que faz. E de bônus ganhamos Lauren Jauregui em carreira solo.

É evidente que qualquer artista que toque no Brasil fique deslumbrado pela multidão apaixonada que, apesar da crise financeira, pagará caro para vê-lo, e apesar da barreira linguística, cantará suas músicas com as letras na ponta da língua. Acredito que isso tenha acontecido com Halsey em sua primeira vez aqui no Lollapalooza 2016, e agora, com a Hopeless Fountain Kingdom Tour, ela retribuiu da melhor forma que pôde, com um show animado, tocante, e bem misturado com seus melhores hits.

E o mesmo pode ser dito do show de abertura de Lauren Jauregui. O falecido Fifth Harmony tem no Brasil, desde sua formação, um de seus maiores e mais fiéis públicos, muito mais até que nos EUA, de onde são originalmente. De tantos shows que fizeram aqui, pude ir em um e vi como a galera ia a loucura quando as meninas estavam no palco. E Lauren tem plena consciência disso, visto que seu primeiro show da carreira solo foi esse aqui em São Paulo. E apesar de o público estar bem limitado em número, ela se manteve animada em mostrar mais de seu novo material que vem por aí.

Provando que ainda tem fôlego para continuar depois do disband, a nossa segunda cubana favorita pareceu se sentir em casa ao apresentar três novas músicas - e fez questão de enfatizar que compôs todas elas do começo ao fim. O show se iniciou com "Toy" e nem parecia que era uma inédita, porque depois de 1 min todo mundo já sabia cantar como se tivessem antes. "Inside (Myself)" foi a minha favorita, é uma balada pop de qualidade, com letra bem pessoal e um refrão marcante, já estou com o botão de repeat pronto, rs. "Expectations" era a última das três e encerrou com dignidade seu set autoral, com muita potência vocal, parecida com o que víamos em época de The X Factor.



Além disso, mostrou versatilidade nos covers de "Imagine", de de John Lennon, e "Ojos así", de Shakira, que devem definir bem musicalmente os caminhos que seguirá num eventual álbum. Lauren tem essa dualidade emoção-sensualidade muito evidente e é divertido vê-la abraçando sua cultura latina - jogando os cabelos, balançando o corpo e cantando em espanhol -, mas é quando só seus vocais estão no centro das atenções que ela mais brilha. No show, vi uma Lauren muito mais humana e confortável do que em muito tempo de Fifth Harmony. Torço muito por ela e espero que consiga se dar tão bem como Camila nessa nova fase.

E então foi a vez de Halsey subir ao palco. Em 2016, no Lollapalooza Brasil, eu estava na plateia assistindo a seu show da turnê do Badlands, que, para mim, segue sendo um dos melhores álbuns já lançados por uma cantora pop. Lembro de ter me fascinado ainda mais pela cantora, que entregou um espetáculo consistente, muita presença de palco e atrações visualmente empolgantes. No show de 2018, com um figurino que lembrava muito os de Britney Spears em Vegas, sai boa parte das atrações visuais e entra muito mais interatividade com o público: um dos pontos altos da experiência de um show menor, mais intimista e na altura de uma carreira mais consolidado, de público definido.

A maior parte de seu show foi, obviamente, constituída pelas faixas do Hopeless Fountain Kingdom, seu último álbum. A setlist estava mais curta, porém não senti falta de nenhuma, parece que ela estava atenta ao que o publico mais gostava quando cantou "100 Letters" e disse "Vocês não acharam que eu ia vir ao Brasil e não ia cantar "100 Letters", né?". Do que senti falta foram algumas do Badlands - Halsey meu anjo, como você não coloca "New Americana"? E "Ghost"? Tenha dó. Outro momento em que eu esperava mais foi quando Lauren voltou ao palco para cantar "Stranger" com Halsey, a galera foi a loucura esperando um afeto maior, como a música pede, mas foi rápido e com gostinho de "Lauren, fica mais!". De resto, estava tudo muito coeso e as interludes foram impactantes, ainda que o conceito do álbum fora deixado um pouco do álbum e que seria um grande atrativo.

Se da primeira vez pareceu que a cantora veio ao Brasil para festejar - quando até ganhou a alcunha de MC Halsinha - dessa vez ficou evidente que ela só queria se conectar com seu público, seja pelas vezes que desceu até a plateia, pegou o celular de um fã para gravar um vídeo, confessou que também odeia "Closer", seu maior sucesso até então, ou quando cantou uma música diferente de seu set especialmente para nós no Rio de Janeiro. Uma das coisas que mais prezo num show é quando a artista para seu show para conversar, confessar, dar risada, chamar no palco, improvisar (alô Lana del Rey).



Para um show excessivamente caro no Brasil, que impactou na grande ausência de público, posso afirmar que quem estava lá teve uma experiência ótima, sejam fãs de longa data ou não. Apesar de controvérsias que passou recentemente em sua carreira, Ashley é uma ótima pessoa e isso deixa transparecer na Halsey das performances, e isso conta muito mais do que qualquer coisa.

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