KISS faz show histórico em São Paulo com megaestrutura

Durante cerca de 125 minutos, Paul Stanley (vocais/guitarra), Gene Simmons (vocais/baixo), Eric Singer (bateria) e Tommy Thayer (guitarra) capturaram a atenção total dos milhares de fãs presentes no Allianz Parque lotado, em São Paulo, no último sábado, dia 30. É difícil pensar em um cenário no qual o KISS não tenha o público na palma das mãos: o show foi tão eletrizante que poderia durar muito mais sem virar cansativo. 

Com músicas de Black Sabbath, Ozzy Osbourne, AC/DC e Aerosmith tocando antes da apresentação, dava para perceber qual era o clima dentro da arena. As pessoas já cantavam a plenos pulmões, faziam “ola”, batiam palmas e ficavam eufóricas com qualquer movimentação no palco.

São 50 anos de carreira, 20 álbuns de estúdio e muitas turnês, mas é como se todo o setlist do KISS fosse inédito. Cada música performada tem a empolgação de uma primeira vez, sendo triste e mágico lembrar que essas foram as lives finais do grupo na capital paulista.

Tirolesa pelo estádio, guitarra soltando fogos, plataforma que sobe e desce, telões tecnológicos, luzes coloridas, fumaças... faltam palavras para descrever a quantidade e a magnitude dos efeitos especiais da apresentação. É uma megaestrutura de brilhar os olhos e de (literalmente) esquentar o coração. No entanto, a performance do quarteto roubou a cena em meio a tantos outros artifícios que, claro, tornaram o espetáculo ainda mais grandioso e deixaram tudo com a cara intensa do KISS (conhecido exatamente por realizar shows com essa parafernália).

Todos os integrantes esbanjaram carisma, fizeram muitas gracinhas nos telões (com direito a beijos para os admiradores!) e rasgaram elogios para o Brasil. Não dava para não se empolgar com Stanley dizendo repetidas vezes “awesome”, “Sao Paolo”, “you rock”, "put your hands up" e até brincando com o grilo pousado em seu microfone.

Nos momentos extremamente enérgicos, como a música de abertura “Detroit Rock City”, “Love Gun” ou “Psycho Circus”, ou nos instantes intimistas como “Beth”, com Eric no piano e as lanternas dos celulares ligadas, o público estava totalmente entregue. Cantavam todas as letras, entoavam coros de “KISS KISS KISS” e pareciam estar vivendo um sonho, que nem a pequena chuva conseguiu estragar. E é essa a sensação final: tudo é surreal, desde a produção ao contexto de despedida.

Mesmo com tanto tempo de estrada, o show do KISS é fresh, continua inovador e de certa forma jovial. Não era raro encontrar adolescentes e crianças acompanhadas da família na plateia: todas as idades aproveitaram a apresentação da mesma forma. Foi especial para quem já tinha visto os caras em diversas ocasiões, como para quem teve sua primeira (e talvez última) oportunidade.

A “End of the Road World Tour” em São Paulo entregou um show memorável, para dizer o mínimo. Ao projetar “KISS loves you São Paulo” no telão ao som de “God Gave Rock and Roll to You”, o peso do adeus surgiu, trazendo uma atmosfera emocionante para todo o espaço. Com o fim do espetáculo, a guitarra quebrada por Paul e os confetes vermelhos e brancos no chão lembravam de tudo que tinha acabado de acontecer, assim como os rostos de felicidade espalhados pelo Allianz. Duro imaginar um mundo sem apresentações do KISS, porém o sentimento de gratidão pela longa existência da banda é maior.

Setlist:

  1. Detroit Rock City
  2. Shout It Out Loud
  3. Deuce
  4. War Machine
  5. Heaven's on Fire
  6. I Love It Loud
  7. Say Yeah
  8. Cold Gin
  9. Lick It Up
  10. Calling Dr. Love
  11. Tears Are Falling
  12. Psycho Circus
  13. 100,000 Years
  14. God of Thunder
  15. Love Gun
  16. I Was Made for Lovin' You
  17. Black Diamond
  18. Beth
  19. Do You Love Me
  20. Rock and Roll All Nite

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