Alguns artistas têm como inspiração para suas músicas o lugar em que estão vivendo. Mas foi a saudade de casa que tornou realidade o álbum Doce Carnaval, de Alexia Bomtempo, lançado neste mês: “Ele nasceu da minha memória afetiva. Eu estava longe do Brasil e não fazia ideia de quando poderia retornar e matar a saudade. A ideia era justamente me transportar para um lugar de aconchego e alegria num momento de tanta incerteza”, explicou a cantora para o Keeping Track.
O disco tem nove releituras de clássicos carnavalescos, entre elas “Banho de Cheiro”, “Rapunzel” e “Direito de Sambar”. Alexia, que mora em Nova York, teve a ideia de regravar as faixas durante o auge da pandemia, como explicou: “Eu estava isolada em Nova York, com muita saudade do Brasil, e senti uma necessidade de me expressar musicalmente através de um repertório que me trouxesse leveza, numa espécie de Carnaval afetivo. Eu sempre tive muita curiosidade pelo Carnaval e sou fascinada pela qualidade musical e pela pluralidade na música em torno da festa. São tantos ritmos, sonoridades, e formas de expressão através da música… É impossível pensar no Brasil e na música brasileira sem essa celebração”.
A tarefa de desconstruir os arranjos originais e interpretá-los de maneira inusitada, nas palavras da musicista, “nunca é fácil”: “Mas eu adoro esse desafio, a ideia era oferecer uma nova leitura, mais íntima e delicada, fazendo uma reflexão sobre esse momento de recolhimento que eu estava vivendo na época das gravações”.
Roberta Sá, Fernanda Abreu, Otto, Maïa Barouh e Josh Klinghoffer (Red Hot Chilli Peppers, Pearl Jam) participam do Doce Carnaval. Segundo Bomtempo, o Carnaval é muito coletivo e por isso, ela queria que o projeto tivesse um ar de festa, com muitos amigos queridos envolvidos no processo.
“A Roberta Sá foi a primeira artista que convidei para cantar comigo no disco. Quando gravamos a base de “Banho de Cheiro” achamos que a faixa seria perfeita para dividir com ela. Liguei pra ela chamando, ela disse sim na hora e depois gravou os vocais num estúdio no Rio. Quando ela mandou a sessão e a gente abriu no estúdio aqui no Brooklyn, juntando as nossas vozes, eu chorei de emoção! Era o conceito do álbum nascendo ali”, relembra.
Para o futuro, a brasileira pretende divulgar esse trabalho ainda mais, fazer alguns shows pelos Estados Unidos e parcerias com pessoas que admira. Vir ao Brasil no início do ano que vem também está em seus planos e, principalmente, continuar vivendo intensamente o presente.
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