Iron Maiden entrega show apoteótico em São Paulo



Em 1980, o Iron Maiden lançou a faixa “Phantom of the Opera”, baseada no romance de mesmo nome. Anos depois, a história da obra virou um musical para teatro, com muitos efeitos visuais, diferentes espaços e performances emotivas e sombrias. E o show da banda inglesa em São Paulo, no último domingo (4), no Estádio do Morumbi, carregou essa mesma energia dramática.

O grupo sueco Avatar - formado por Johannes Eckerström (vocais), John Alfredsson (bateria), Henrik Sandelin (baixo), Tim Öhrström (guitarra) e Jonas Kungen Jarlsby (guitarra)- ficou responsável pela apresentação de abertura. Vestindo roupas vermelhas e em meio à bateção de cabelo, os membros tocaram sete faixas.

Com os telões desligados, era difícil enxergar e fácil sentir a energia dos caras. “Esse amor foi à primeira vista, vocês são absolutamente incríveis. Quando chegamos aqui há duas semanas, não esperávamos esse frio. Isso significa que precisamos trabalhar mais”, brincou o vocalista, antes da faixa final (e a mais empolgante) “Smells Like a Freakshow”. Ele terminou deixando um recado para os presentes: “Cuidem de vocês e dos outros. Prometemos retornar e da próxima vez teremos um novo álbum”.

A pontualidade da atração principal- composta por Bruce Dickinson (vocais), Steve Harris (baixo), Dave Murray (guitarra), Nicko McBrain (bateria), Janick Gers (guitarra) e Adrian Smith (guitarra) - foi quase britânica. Aproximadamente às 20h10, os milhares de fãs enlouqueceram quando “Doctor Doctor” explodiu nas caixas de som, dando, depois, lugar à música de abertura “Senjutsu”. Mesmo integrando o álbum mais recente do Maiden, a live tem um jeitão de clássico e contou com a presença do mascote Eddie gigantesco de Samurai.

Cada conjunto de músicas da turnê “Legacy of the Beast” possui um cenário diferente, de acordo com a temática. Templos japoneses, lustres, vitrais egípcios, colunas gregas, tochas com fogo e cruzes são só alguns dos objetos que passam pelo set

Apesar de pronunciar várias vezes “grite para mim, São Paulo”, Dickinson não precisava falar nada para arrancar euforia da multidão, que repetia incansavelmente “Olê Olê Olê Maiden Maiden”. “Normalmente, quando a gente vem para o Brasil, está sempre quente, nunca chove e não tem nuvens no céu. Mas hoje não é esse tipo de dia”, disse divertido o líder da banda, mencionando a noite fria acompanhada de garoa. “O tempo pode mudar. Mas quem liga para o tempo? As pessoas podem mudar. Mas somos muito gratos que as pessoas em São Paulo, nossos fãs, não mudam. Somos meio que uma grande família”, finalizou, para começar “Blood Brothers”.

Ao longo do espetáculo, Bruce destacou-se de diferentes formas: totalmente coberto por um capuz preto em “Sign of the Cross”, soltando chamas em “Flight Of Icarus” e enjaulado em “Hallowed Be Thy Name”, quando entregou seu melhor desempenho vocal ao segurar por alguns segundos a nota final. Mas é durante “Fear of The Dark”, empunhando um candelabro com uma máscara no rosto, que o vocalista e a banda mais brilham. Arrepia quando Dickison solta um “Fear of The Dark, Morumbi” seguido de sua típica risada, antes das guitarras entrarem com força total e o estádio inteiro se iluminar com as lanternas dos celulares. É aquele momento em que a plateia toda pula junta e berra cada um dos versos.

“The Number of The Beast” também trouxe gritos eufóricos, sobretudo no refrão: ao final, Bruce mudou a letra para “and I'll possess your body and I'll make São Paulo fucking burn”. Essa era a última canção antes do encore.

Os dois “bis” geraram ótimos momentos: no decorrer de “The Trooper”, o frontman ergueu uma bandeira da Inglaterra e posteriormente, uma do Brasil para lutar com Eddie, novamente no palco. Já em “The Clansman” e “Run to the Hills”, os músicos se atrapalharam com o tempo, mas recuperaram o bom ritmo. E então “Aces High” - que costumava iniciar os shows - termina o espetáculo, com um grande avião no palco.

Nicko, quando levanta da batera para jogar as baquetas, exibe chinelos nos pés (e inclusive parte da calça rasgada), enquanto Janick sorridente finge jogar sua guitarra no público. É desse jeito que o Iron Maiden se despede dos admiradores de São Paulo, mostrando que, por mais que estejam frequentemente no país, os veteranos sempre serão bem vindos novamente.

Setlist:
  1. Senjutsu
  2. Stratego
  3. The Writing on the Wall
  4. Revelations
  5. Blood Brothers
  6. Sign of the Cross
  7. Flight of Icarus
  8. Fear of the Dark
  9. Hallowed Be Thy Name
  10. The Number of the Beast
  11. Iron Maiden
  12. The Trooper
  13. The Clansman
  14. Run to the Hills
  15. Aces High

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