Lana Del Rey propõe um amor transcendental em clipe de “Freak”


E quando a gente menos esperava, Lana resgatou seu último álbum e lançou mais um clipe para promover um novo single. Honeymoon is alive and breathing!

Posso ser um pouco suspeito para falar, já que quem me conhece sabe o quanto sou fã da Lana e de tudo o que ela faz, mas preciso declarar meu amor por Honeymoon. O álbum todo, lançado na metade de 2015, é extremamente prazeroso de ouvir, principalmente por resgatar a vibe do Born To Die ao mesmo tempo em que experimenta novos traços do trip hop, e foi exatamente por isso que senti que ele foi muito mal aproveitado. O disco tinha músicas com muito pontencial comercial, e até então só dois singles tinham sido lançados oficialmente, sem muita divulgação, performances ou qualquer outra coisa, até que veio Freak como um suspiro de alívio.

Há aqui uma clara mudança de rumos de seu trabalho anterior, o Ultraviolence, evidenciada pelo modo como Lana brinca com o trap e deixa de lado o rock psicodélico e obscuro de Dan Auerbach, com quem trabalhou. Em Honeymoon a cantora teve a ajuda de Rick Nowels, mas a produção foi praticamente só dela, e suas decisões artísticas refletem o ótimo resultado final. O trio High By The Beach/Freak/Art Deco é o meu preferido do álbum, mas não pude evitar de ficar triste por as duas últimas não terem sido lançadas juntas num mesmo clipe – se você nunca as ouviu em sequência, recomendo muito.

Acredito que o amor seja o grande fascínio de Lana Del Rey nessa vida. Ela sempre se utiliza das artes visuais e sonoras para questionar, levantar, propor e tentar passar todas as formas possíveis em que o sentimento possa estar presente. Pode-se perceber que ela nunca trata do amor simples, convencional, a que se está habituado a ouvir, muito pelo contrário, ela explora o lado perverso, viciante, incondicional e puro dele, sem barreiras e restrições. Freak é um produto audiovisual que não distoa disso tudo e provoca e faz pensar até que ponto o ser humano é capaz de entregar sua vida a outra pessoa.



O que se tornou uma grande polêmica é que boa parte dos elementos do clipe remetem a grandes casos de cultos extremistas que levaram à morte de centenas de pessoas nos Estados Unidos. Mas, manchetes sensacionalistas de lado, não é plausível enxergar uma celebração aos crimes de Charles Manson e de Jim Jones. Lana sempre se utiliza de simbolismos e de referências para uma proposta maior, e nesse caso, ela passa a ideia de obsessão amorosa que alcança níveis transcendentais. A expressão “drink the Kool-Aid” significa abraçar uma perspectiva e ao tomar o suco Kool-Aid no clipe, é exatamente dessa filosofia que ela está querendo dizer, figurativamente.

No vídeo, a cantora se transforma em uma mulher que é motivo de fascínio por seu companheiro que a segue por todos os lugares do deserto californiano. Durante todo o tempo no plano terrestre, o homem parece não acreditar que ela é real e que é digno de tê-la, mas Lana compartilha com ele de sua droga alucinógena que abre a mente e o entrega a grandes prazeres, destacados pela bela fotografia utilizada. E se antes inatingível, os dois se igualam apenas em uma realidade desconhecida para nós, num plano alternativo onde finalmente ficam juntos na eternidade, embalados pela trilha de Claude Debussy, Clair de Lune.

Gosto muito das produções da Lana, pois são sempre filmes complexos que geram visões completamente diferentes e abrem espaço para muitas interpretações. Entretanto, a cantora já cortou a minha viagem totalmente sóbria e explicou – ou não necessariamente, né – que o vídeo foi inspirado em uma viagem real e nada sóbria de quando J. Tillman, o ator com quem contracenou, usou LSD em um show da Taylor Swift. Bizarro!

Ps: Para quem não sabe, a irmã da Lana, Chuck Grant, é uma das meninas que disputam quem consegue ficar mais tempo sem respirar embaixo d’agua e é lindíssima igual a irmã <3.

Ps2: Lana é gente como a gente e também bebe Askov de frutas vermelhas até morrer.

Ps3: Desculpem-me pelo post enorme, mas precisei devido à polêmica chata em cima do clipe. E pelos muitos Ps’s. E pelo atraso do post.

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