Harry Styles lança debute
surpreendente, se distanciando de todo o pop comercial abundante das rádios para
vestir a camisa do classic rock inspirada pelos seus grandes ídolos da década
de 70, incluindo David Bowie, Rolling Stones e Queen.
Vindo de uma boyband de muito
sucesso e inaugurando uma carreira solo, dificilmente se consegue chegar ao
mesmo patamar da carreira que tinha com o grupo, a não ser que você é o Justin
Timberlake. Com o seu álbum de estreia, porém, Harry Styles promete ir muito
além do que o One Direction nos ofereceu. Finalmente, o cantor não precisa mais
ficar cantando pop chiclete e sim, adquirir uma certa liberdade e sinceridade
sobre seus sentimentos através de sua música. Para isso, ele quebrou com qualquer
padrão esperado de um ex-One Direction, mostrando toda o seu dom natural de
juntar gerações através de seus grandes ídolos old school. Harry estabelece
aqui um grande respiro das faixas genéricas do rádio para abrir portas para um
som completamente autêntico, juntando o classic rock e o folk para unir tanto o
público que já carrega da boyband, quanto até os mais velhos.
O álbum como um todo possui uma
sonoridade que viaja entre várias vertentes do rock clássico e do rock
alternativo, fazendo com que, se inspirando em seus grandes ícones, Harry
tirasse moldes para seu próprio som, renovado e apropriado para os dias de
hoje. Há momentos em que você irá se lembrar do som dos Rolling Stones e há
momentos em que você irá se lembrar do som de artistas como James Bay. Harry
Styles faz essa ponte inesperada unindo o tempo e o espaço de contextos
musicais completamente diferentes, e é por isso que o álbum soa tão inovador.
Ele selecionou o melhor da música atual com o melhor da música antiga, tendo
como resultado um álbum consistente de hits agradáveis para um grande leque de
público. Com tamanha conquista, Harry Styles ganha a responsabilidade de
propagar o rock como um gênero popular, assim como foi nos anos 70 e 80. E isso
foi sentido logo de cara quando o cantor lançou “Sign Of The Times”, que deixou
muitos com o queixo no chão por trazer uma versão completamente nova para o
classic rock e glam rock de David Bowie e Queen, misturada com uma pitada do
rock alternativo do Oasis. O cantor esbanja pluralidade em seu disco e é por
este motivo que ele se destaca perante aos recentes lançamentos monótonos e nada
criativos da Indústria.
Já dá pra ter uma ideia de que o
disco merece respeito assim que “Meet Me In The Halway” abre o álbum –
exercendo muito bem a sua função como faixa de abertura, aliás – com um som que
lembra bem a linha psicodélica de Pink Floyd misturado com uma pegada de
Americana, exalando ecos nebulosos e melodias tímidas e frias, que, junto a
letra de coração quebrado, proporciona um clima de dor e vulnerabilidade, assim
como o próprio cantor se encontra na capa do disco: despido banhado pela cor
rosa. O visual e a sonoridade se encontram já na primeira música e continua ao
longo do álbum, uma vez que a imagem traz também uma ideia de paz e aceitação
que leva Harry a se encontrar à sua verdadeira essência, individualmente e musicalmente.
Na boyband, ele era apenas mais um produto da indústria e uma marionete de
Simon Cowell sem muita autonomia. Agora, Harry Styles cansou de ser ofuscado e
está pronto para mostrar pro mundo quem realmente é e o que é capaz de fazer,
movido pela sua verdadeira paixão pela música.
Vemos neste álbum a versatilidade
absurda do cantor que nunca imaginei que iria ver algum dia, e nem ao mesmo
sabia que existia. Harry consegue brilhar igualmente em momentos de um grande
rockstar e em horas completamente opostas, mais intimistas. Ele impressiona com
seu sex appeal em “Kiwi”, “Woman” e “Carolina” – músicas mais ardentes, com
riffs admiráveis, que envolvem muita sensualidade e rock n’ roll – e ainda
consegue, no mesmo álbum, nos proporcionar um ambiente aveludado de serenidade com
“Two Ghosts” – que poderia ser facilmente do álbum Speak Now da Taylor Swift – e “Ever Since New York” – que poderia
sem problemas ser uma música do Fleetwood Mac –, que juntas trouxeram uma vibe
meio country misturada com folk rock para o álbum.
Dois grandes destaques do álbum
também são “Sweet Creature” e “Only Angel”, a primeira por trazer a sonoridade
do One Direction, com qual os fãs já estão acostumados, e a segunda por ter
exatamente a fusão da grande compilação de emoções que este álbum é. “Sweet
Creature” é a que mais lembra o som da boyband britânica da qual Harry fazia
parte, porém tudo de uma forma returbinada, com muita influência do indie folk
atual de Vance Joy e James Bay. Já “Only Angel” é um marco pela sua introdução
maravilhosa que abrem as portas do paraíso até que Harry concretiza tudo com um
grande grito, que abre alas para um ritmo completamente oposto ao primeiro,
desta vez cheio de riffs pesados, como os do Rolling Stones. Esta faixa daria
uma ótima abertura para os shows da turnê, principalmente pela fusão do êxtase
para a vivacidade do som seguinte. Saber trabalhar com velocidades e diferentes
ritmos em uma mesma música num corte tão pontual é um baita desafio, porém tudo
foi feito de um jeito genial, assim como o disco predominantemente faz.
Nos mantendo a atenção do começo
ao fim, sem nenhum deslize relevante, Harry Styles fecha o seu disco de estreia
do mesmo jeito que começou em “Meet Me In The Hallway”: com muita dor e um
vazio fúnebre. “From The Dining Table” encerra o repertório, com um final
fechado e sombrio executado admiravelmente de um jeito sincero e cru. Se não
foi claro nas outras faixas, Harry mostra o verdadeiro sentido do álbum: expor
sua própria alma para o mundo, de um jeito que nunca tínhamos vimos antes. O
violoncelo tocante de “From The Dining Table” nos leva à mesma simplicidade e
dor do começo, nos proporcionando um ciclo sem fim com emoções reais, de
histórias reais que são guiadas por instrumentos reais. Isso é o que este disco
é: real – algo tão inesperado para um ex membro da boyband mais idealizada do
mundo atualmente.
Definitivamente, este álbum será
o grande divisor de águas para Harry Styles, trazendo-o muito respeito de
diferentes públicos, uma vez que o disco está recheado de faixas que
simplesmente vão contra a fórmula clichê de se produzir música atualmente. Com
um conteúdo de uma qualidade fora do comum, seu material de estreia deve ser
responsável por tirar o Harry da bolha do One Direction para explorar novos
caminhos. Talvez seja ainda muito arriscado colocar o cantor ao lado de suas
grandes inspirações tão emblemáticas, porém não há dúvidas de que o cantor
esteja percorrendo o caminho correto para estabelecer a sua grandiosa marca na
história e, dessa forma, se tornar responsável para reviver o rock como um gênero
popular, principalmente entre os jovens. Ao infinito e além!
Há uma distância tã grande entre o Harry do 1D e o Harry solo que até parece que essa fase "Classic Rock" é forçada. O disco é realmente surpreendente, mas funciona quase como uma linha do tempo na história do Rock'n'roll, passando pelo blues, chegando à uma fase meio Elvis e terminando num R&B.
ResponderExcluirhttps://sagadasmusicas.wordpress.com/