Identifique os erros e acertos no lançamento da carreira solo de Camila Cabello


Após deixar o Fifth Harmony em dezembro do ano passado, Camila Cabello acaba de lançar sua carreira solo com a contagiante “Crying In The Club”, o carro chefe do seu álbum de estreia. Porém, será que a música é tudo o que a gente esperava mesmo?

No fim do ano passado, tivemos um grande choque com o anúncio da Camila avisando que estava deixando o Fifth Harmony após uma longa trajetória de desentendimentos internos da equipe. Com o grupo, Camila emplacou grandes hits nas paradas, como “Worth It” e “Work From Home”. Porém, após sair de um grupo de sucesso, a pressão só aumenta para o álbum de estreia da carreira solo. Como todos artistas na mesma situação da cantora, há uma necessidade de se reafirmar no mercado para mostrar o quão longe você pode ir individualmente. Camila sempre foi uma das queridinhas do girlgroup americano, porém qualquer deslize nesse novo cenário é perigoso.

A vantagem de Camila Cabello é que a mesma não forçou uma mudança brusca entre seu trabalho com o Fifth Harmony e sua carreira solo. Desde 2015, a cantora vem lançando parcerias fora do girlgroup, obtendo um destaque e reconhecimento notável, principalmente ao cantar ao lado de Shawn Mendes, Pitbull e Machine Gun Kelly. Camila não perdeu tempo e aproveitou todas as oportunidades que surgiram para alavancar seu nome na Indústria, e consequentemente se desvinculando do Fifth Harmony.

Sendo assim, a carreira solo dela foi muito mais uma transição natural do que uma ruptura. E ainda, nenhuma parceria que a cantora fez foge tanto do som que ela já fazia com girlgroup, já que estava sempre cantando músicas pop bem comerciais com batidas e melodias marcantes. Dessa forma, a cantora trouxe boa parte dos fãs do quinteto para seu trabalho autoral e ainda, para quem não a conhecia muito bem, ela foi reforçando seu nome no mercado com os feats, para que os desavisados conhecessem o trabalho da cantora além do Fifth Harmony e se preparassem para a sua carreira solo, que finalmente foi lançada com o primeiro single “Crying In The Club”.


“Crying In The Club” – composta por Sia, Camila, Benny Blanco, Cashmere Cat e Nathan Perez – é uma grande aposta para mundo pop neste ano. A faixa é poderosa e poderia ser de qualquer grande diva pop sem problema algum por uma série de fatores: o refrão extremamente contagiante, a mensagem encorajadora pra quem acabou de ter um coração partido, a produção muito bem feita e, por fim, os vocais poderosos, que conseguem até obter um destaque bom em momentos em que a má dicção de Camila não está em primeiro plano. O single tem, acima de tudo, uma tendência a ser um dos grandes sucessos do verão americano, principalmente pela batida meio tropical bem despojada e efervescente que, entrelaçada pelo Dance R&B, promete não deixar ninguém parado quando tocar nas rádios. E de fato, “Crying In The Club” em si está muito bem estruturada e provavelmente irá alavancar a carreira da cantora, porém só há uma preocupação: onde é que está a marca “Camila Cabello” na música?

Camila vem esquentando todos para a carreira solo, porém quando finalmente chegamos no carro chefe, apesar de apresentar uma faixa muito agradável para o ouvido de todos, ela deixa a desejar na originalidade. Logo no começo, a música é introduzida com o mesmo ritmo de “Cheap Thrills”, de Sia, e “Shape Of You”, de Ed Sheeran, porém não é só isso. No refrão, a melodia é um sample de “Genie In A Bottle”, de Christina Aguila. E, como se não fosse suficiente, pelo motivo da música ter vindo de uma demo da Sia, Camila ficou muito presa à versão da cantora e tentou cantar exatamente igual a ela, causando um grande estranhamento, principalmente quando ela procura copiar as mesmas técnicas vocais que Sia. A Camila tem uma habilidade vocal tremenda e sempre soube brincar muito bem com diferentes tons, principalmente nas performances ao vivo, porém em “Crying In The Club” ela infelizmente não foi fiel à sua identidade vocal e artística. E autenticidade é o mínimo a ser esperado de uma cantora lançando o carro chefe de sua carreira solo.

No entanto, a esperança foi reerguida com “I Have Questions” – a faixa que inesperadamente precede “Crying In The Club” no clipe. A faixa traz um outro lado vulnerável e mais sincero de Camila, tanto liricamente, quanto em sua entrega performática. Totalmente diferente do single oficial, “I Have Questions” segue uma linha mais pesada e introspectiva. O violino que guia a música parece dar à luz a verdade de Camila, que no passado era muito mascarada, mas que agora chega no momento certo pra cantora, colocando-a em uma posição muito mais madura do que qualquer outro momento de sua carreira. Essa música foi boa para expor o lado mais criativo da cantora, que resultou em uma composição bonita pela sua simplicidade autêntica. E é exatamente por mais momentos como estes que eu ainda tenho muita fé no primeiro disco solo de Camila Cabello.

As duas músicas fazem parte do disco de estreia de Camila Cabello, intitulado The Hurting The Healing The Loving, ainda sem data de estreia. A cantora descreveu o projeto como “a história da minha jornada da escuridão para a luz, de um momento em que eu estava perdida para um momento em que me achei novamente”. Isso é bem introduzido no clipe, principalmente pela transição de “I Have Questions” para “Crying In The Club”. O conceito parece estar sendo levado bem a sério, e isso é um dos elementos que mais enriquece o trabalho de um artista. Admiro muito os que conseguem expor suas emoções através da arte, e é isso que Camila parece estar fazendo para o seu disco. Mal podemos esperar!




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