Noah Cyrus mostra para que veio ao mercado musical com o EP de estreia, “Good Cry”


Quem tem na cabeça a imagem da pequena Noah da época de “Hannah Montana”, quando a víamos ainda saindo das fraldas, pode esquecer: a jovem já tem 10 singles lançados, um deles com certificado de platina, e agora seu primeiro EP chega aos nossos fones de ouvido. Será que faz jus ao sobrenome Cyrus que carrega?

Não deve ser fácil crescer numa família de grandes artistas. Se por um lado imaginamos que a vida destes seja repleta de luxos e regalias, não podemos esquecer-nos da pressão a que são submetidos para serem sempre bem-sucedidos. Billy Ray foi o primeiro Cyrus a alcançar a fama e marcar sua geração com o country nos EUA. A filha, Miley, teve mais sorte e foi lançada mundialmente como uma estrela dessa geração presente; e desde então, nos acostumamos a acompanhar sua vida pelos tabloides. Anos depois, a caçula da família carrega a responsabilidade de continuar o legado dos Cyrus em meio a uma nova geração em ascensão. Felizmente, a menina tem talento.

Para ser completamente honesto, confesso que achei o EP médio. Não apenas por gosto pessoal, mas porque não há nada muito marcante ou memorável nas seis faixas. Entretanto, é importante ressaltar os pontos positivos, sim, e eles não são poucos. Reconheço a importância do Good Cry nesse estágio da carreira de Noah: ela precisa mostrar para que veio na indústria, e qual o melhor jeito, senão pela voz? Seu tom vocal é belíssimo e, apesar de ser muito similar ao de Miley, se diferencia por conseguir alcançar notas mais agudas no lugar da charmosa rouquidão presente no da irmã.



Há muitas influências claras no estilo musical de Noah, principalmente vindas de sua família, e discordo quando dizem que isso é ruim e que não mostra personalidade própria. O EP é saudosista ao resgatar um pouco do que seu pai fazia musicalmente, e isso revela um ponto de sua origem, do ambiente onde cresceu e do que estava ao seu redor lhe inspirando. As faixas “Punches” e “Topanga” são as que deixam isso muito claro – a segunda mais ainda, em formato de gravação amadora ao ar livre, com grilos ao fundo e um violão, apenas. Em ambas, Noah mostrou um pouco de suas raízes de forma mais orgânica possível, algo que não havíamos visto antes da cantora.

Sobretudo, Noah escreve muito bem, principalmente músicas tristes e esse é o conceito da obra, logo anunciado na primeira faixa, a experimental “Where Have You Been”. Ela se mostra uma grande compositora na linha romântica e retrata com muita verdade tudo o que já viveu no amor; muito apropriado para sua idade e seu público-alvo. 

Os arranjos por sua vez, ao invés de se jogar aos elementos do synthpop moderno, Noah escolhe seguir em uma pegada mais vintage que definitivamente chama atenção na sua discografia, ainda mais com seu belo lirismo e voz suave. Isso com exceção de “Sadness” e “Good Cry”, que experimentam com o trap e surpreendentemente traz uma sonoridade atual que também se destaca no conjunto.

A parceria com Gallant, “Mad at You”, também é interessante e tem seu espaço no mercado, sendo um R&B com muita força e potência vocal dos dois lados. Essas três mencionadas anteriormente se encaixariam bem num álbum mais conciso, com uma produção mais bem elaborada. Por hora, esse parece ser o caminho certo para Noah daqui para frente, a tomar o exemplo de como o Dangerous Woman fez bem para Ariana Grande. Uma produção consistente faz toda a diferença.



Good Cry, por fim, exala os vocais e escrita de Noah, nos surpreendendo em grande escala, além de ousar em vários gêneros. Esse foi o momento perfeito para que a jovem pudesse se apresentar e mostrar do que é capaz de fazer. Depois desse experimentalismo, esperamos um álbum mais direcionado que irá trilhar uma carreira que, como vemos nessa primeira amostra, tem muito potencial pela frente. Noah Cyrus tem tudo para ser a nova princesa alternativa dessa nova geração.


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