Dua Lipa quer te botar para dançar com seu novo álbum, Future Nostalgia



Depois do sucesso estrondoso do seu primeiro álbum auto-intitulado, Dua Lipa lança antecipadamente o seu tão aguardado segundo álbum de estúdio, Future Nostalgia e consegue a atenção de boa parte da indústria em nova fase de sua carreira.

Ao que parece, o vazamento do álbum só serviu para que seu lançamento fosse antecipado em uma semana. O ocorrido não implicou em praticamente nada no desempenho do novo projeto da cantora, que é o principal assunto nas redes sociais nos três dias posteriores ao seu lançamento. 

Agora, com 24 anos, Dua já é uma mulher com mais experiências na bagagem, bem diferente da jovem de 20 anos que compôs as faixas de seu primeiro álbum. O que será que mudou na mensagem de Lipa para o mundo? 

No conteúdo de suas letras, merecem destaque as faixas “Future Nostalgia” e “Boys Will Be Boys”. Ambas são emponderadoras e recheadas de metalinguagem. em suas formas. A faixa-título coloca as mulheres do mundo da música no topo da indústria, enquanto a última faixa do álbum é um relato da perspectiva de muitas mulheres na realidade. Com ela, a cantora pontuou situações que as mulheres são constantemente submetidas diariamente, como voltar para casa sempre antes do anoitecer e andar com constante medo da própria sombra diante da violência. A cantora mostra como a realidade exige que as mulheres passem por processos de amadurecimento muito antes que os homens, devido aos contextos em que se inserem. 

Nas faixas restantes, Dua retorna ao tema que esteve presente em absolutamente todas as faixas do seu álbum de estreia: situações previsíveis de relações amorosas. As outras 9 canções não possuem muita personalidade, já que retratam as ocasiões mais clichês possível em um relacionamento: o envolvimento, a intensidade, o término e a superação. 



Quanto à produção, não há de que se queixar. Com Future Nostalgia, Dua propôs entregar produções com referências de músicas do passado sob uma nova releitura, de modo que soe atual. A artista atingiu perfeitamente esse objetivo com a equipe de produtores que reuniu para o projeto. 

Outra proposta da artista com seu novo álbum era fazer músicas que animassem o dia a dia das pessoas, e não poderia ter melhor resultado. Não espere uma balada romântica em Future Nostalgia. Com exceção de "Boys Will Be Boys", que carrega densa crítica social, e por isso é compreensível que tenha ritmo reduzido, o restante do álbum poderia perfeitamente ocupar as pistas. O Disco Pop é a marca predominante do projeto, e de pronto já é comparado com as obras de Kylie Minogue, quem sabe como ninguém o que é ter um repertório de hits que transitam entre o Disco, Dance e Eletrônico

A já conhecida “Don’t Start Now” foi uma ótima escolha para ser o lead single do álbum. O baixo conduz o ritmo da faixa, mas não tira o protagonismo dos violinos, que encaixam como uma luva na canção. Os violinos ganham ainda mais destaque na faixa “Love Again”, que ditam o ritmo da canção nos moldes de “Your Woman”, da banda britânica White Town, que serviu de sample


As faixas “Cool” e “Pretty Please”, embora com mesmo conteúdo lírico, expondo uma Dua totalmente entregue ao seu parceiro quando em sua companhia, são quase que completos opostos quando se trata dos ritmos. A primeira, que inclusive tem autoria assinada por Tove Lo, mescla o baixo, a guitarra e a voz de Lipa de modo que pareça uma paixão ingênua da cantora. Já em “Pretty Please”, o baixo é o principal instrumento da canção, e com ele, contrói-se um clima de tensão sexual entre ela e seu parceiro. 

“Physical”, o segundo single do projeto, traz uma grande referência oitentista para o álbum. O refrão nos transporta instantaneamente para o sucesso de Olivia Newton John, que possui o mesmo nome inclusive, mas não se deixe enganar. A referência se limita ao verso “Let’s get physical”, já que a canção de Dua parte para caminho diferente do sucesso de 1981. Os sintetizadores tanto de “Physical” quanto de “Future Nostalgia” fazem com que seu uso seja inegavelmente de produções dos dias de hoje, embora ambas as faixas estejam repletas de referências do passado. 


E por falar em referências de outros artistas, a faixa “Good In Bed”, uma das mais controversas do álbum, também tem traços de outra artista em suas linhas. O refrão recheado de repetições, bom humor e marcado por teclado traz um questionamento: essa canção poderia perfeitamente estar no repertório de Lily Allen. Não fosse somente pelos instrumentos, mas também pelo seu conteúdo lírico – uma relação que não é das melhores, mas que explicitamente só funciona por conta da conexão sexual entre Lipa e seu pretendente. 

Entre os possíveis próximos singles, devemos esperar “Levitating” e “Hallucinate”. As duas faixas possuem refrão pop em sua excelência, são chiclete e elevam o astral do álbum. “Levitating” referencia diretamente o groove de Nile Rodgers, e está aí o culpado de ser praticamente impossível ouvir essa música parado. Já com “Hallucinate”, Dua entra nas pistas de dança com os dois pés na porta. SG Lewis assina a produção da canção, que remete as faixas Dance dos anos 90. 

“Break My Heart”, o atual single do projeto, repete a fórmula de sucesso do lead single. O ritmo oitentista volta a predominar, e dessa vez com refrão ainda mais chiclete que “Don’t Sart Now”. O ritmo marcado por um sample de “Need You Tonight”, do grupo INXS reforça as referências do passado, elevando o clima da Disco Music


O álbum tem seu fim com uma grande ruptura de ritmo. Os violinos voltam a ter protagonismo em “Boys Will Be Boys”, mas dessa vez eles são convocados para engrandecer a critica social que Dua propôs. A quebra da temática do álbum talvez possa comprometer o conceito do álbum, mas por outro lado é responsável por engrandecê-lo, já que com a faixa, Lipa assume seu papel na luta contra o machismo e deixa claro que sabe falar de outros temas além das relações amorosas que tem. 

Com Future Nostalgia, Dua Lipa passa a ser uma artista de respeito na indústria. No lançamento de seu primeiro álbum, muito se falava que suas canções eram genéricas e sem personalidade alguma. Com seu segundo álbum, Lipa prova que essas pessoas estavam erradas e que tem potencial para ser uma das maiores vozes do pop de sua geração. A cantora soube falar sobre o quê teve vontade, alinhou suas ideias dentro de um conceito concatenado entre as faixas e mandou o recado para a indústria musical: Dua Lipa é uma artista que veio para ficar. 

As faixas de maior destaque álbum são os acertados singles “Don’t Start Now”, “Break My Heart”, e as canções “Hallucinate” e “Love Again”. De modo geral, o Future Nostalgia já é um dos maiores lançamentos do ano, conseguiu combinar sucesso comercial e de crítica e já é uma das nossas apostas para as premiações de 2020 e 2021.

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