De forma madura, Kehlani reflete sobre acontecimentos conturbados de sua vida no novo álbum "It Was Good Until It Wasn't"

A nossa estrela do R&B, Kehlani promete fazer história com o novo álbum It Was Good Until It Wasn´t. O projeto inclui colaborações com Tory Lanez, Jhené Aiko, Lucky Daye, James Blake e outros. Esse é definitivamente um dos trabalhos mais maduros da cantora, que compartilha um olhar transparente e àcido sobre relacionamentos conturbados e o universo urbano que a cerca.

Após o debute de sucesso, a cantora fez deste novo lançamento uma verdadeira carta aberta ao ouvinte, relatando todos os seus erros do passados, reflexões inquietantes e amores intensos que fizeram de sua vida um grande espetáculo público.

Ser uma inspiração, uma boa cantora, uma boa namorada, uma boa mãe e ter a saúde mental estável não é fácil. Imagina então viver isso em plena juventude, com pessoas te assistindo o tempo todo e te julgando por controvérsias alheias, envolvendo uma chocante tentativa de suicídio ou um relacionamento mal resolvido com um rapper também famoso. Tudo é nitidamente demais e vai além de só ter autocontrole.


Portanto, It Was Good Until It Wasn´t era uma álbum necessário para Kehlani em muitos sentidos. Toda a pressão em cima de suas atitudes é colocada para fora em grandes preciosidades do R&B. Um exemplo que resume tudo isso é a suave faixa acústica "Everybody Business", em que a cantora reflete sobre sua reputação tão inflamada pela mídia: “I hear every word they talk / Try not to care at all / I know it’s frontin’, don’t know me from nothin'”.

Esse disco destaca uma nova Kehlani, que exclama confiança e amadurecimento tanto em seus versos quanto em sua produção, que se mostra agora mais complexa e plural. Os tradicionais instrumentais doces de sua discografia são complementados com batidas ácidas, atmosferas soul e um intenso sex appeal. 


“É definifitvamente meu trabalho mais maduro. É super-honesto. É mais escuro. Enquanto muitos dos meus projetos anteriores eram muito brilhantes, ‘It Was Good Until It Wasn´t’ é mais sexy”, comenta Kehlani. “Quando você é um músico, você vem de uma experiência real. Não importa qual experiência seja, será transferida para a música. Ter um bebê, me ajudou muito a ser mais feminina e ‘adulta’. A música é mais significativa. Minha filha é a maior influência indireta em tudo o que eu faço. Se o meu álbum soa mais maduro, é por causa dela”.

Desde a faixa de abertura "Toxic", Kehlani não tem medo de tocar na ferida. Ao mesmo tempo que a cantora se permite entregar um lado intimista de sua história, ela não dispensa sua personalidade de atitude para lidar com a vulnerabilidade, definindo bem sua força com uma grande Femme Fatale mesmo com tantos imprevistos problemáticos. Tal faceta ganha vida de forma ousada na sensual parceria com Tory Lanez, "Can I".


Grandes momentos da obra ficam por conta do sax surpreendente de "Hate The Club", a composição genial de "Serial Lover" e a atmosfera catártica da parceria com James Blake, "Grieving", um hino tocante e reflexivo que representa um dos pontos altos do álbum. 

It Was Good Until It Wasn´t encerra de um jeito inesperado, porém coerente e emocionante: "Lexii's Outro". A faixa é inteiramente conduzida pela rapper Lexii Alijai, que faleceu em janeiro deste ano. Ela era uma das melhores amigas de Kehlani e já havia até participado do seu mixtape de 2015. Neste final, ela resume toda a essência de seu desenvolvimento com uma mensagem sólida sobre resistência e sororidade: "Cause if they see you down, they gon' try to get up / They gon' know that you stuck, exactly what they want / So even if you fuckin' up, you gotta put on that front / You gotta act like you're on top, even if your shit sunk". Esses versos finais inspiram. 

Durante todo o álbum, Kehlani sempre deixa claro como o mundo afora é perigoso em sentidos emocionais e interpessoais. Suas palavras e atitudes são vistas muitas vezes como armas apontadas por todos os lados, assim como descrito na faixa "Serial Lover". Por isso, assim como ela mostra na capa do disco, ela prefere se manter isolada de todos esses problemas. Porém, sua colega póstuma mostra o outro lado na última canção. Mostra a importância de ser resistente e se fortalecer diante dos obstáculos. Uma bela homenagem e um final esperançoso para um disco tão denso. Admirável! 

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