Os 22 melhores álbuns de 2022

Chegou o fim de 2022! Aquele momento para relembrar o quão incrível este ano foi para o mundo da música. Por isso, a equipe do Keeping Track se reuniu para exaltar os melhores discos lançados de janeiro a dezembro de 2022. Tem o revolucionário Motomami de Rosalía, o imponente Renaissance de Beyoncé, o universo íntimo de Midnights de Taylor Swift, a transformação rock de Demi Lovato em Holy Fvck, o profundo QVVJFA? do Baco Exu do Blues, o Numanice #2 (divisor de águas de Ludmilla), o pop punk raíz de Avril Lavigne em Love Sux e muito mais. Vem mergulhar com a gente nos melhores discos do ano!

Confira a lista a seguir, em ordem alfabética:


5SOS5 - 5 Seconds of Summer

Por Maria Eloisa Barbosa

Primeiro disco lançado de maneira independente. Primeiro com produção de um dos próprios membros da banda. Primeiro lugar, mais uma vez, na parada australiana. O quinto álbum do 5 Seconds of Summer, chamado 5SOS5, deixa de lado as influências passadas punk e rock do grupo e mostra o quarteto saindo 100% da sua zona de conforto, entoando letras poéticas e explorando mais elementos da dance music. Facilmente, suas melhores músicas estão no conjunto: "Bad Omens", “Flatline” e “You Don’t Go To Parties”, onde exploram seus talentos multifacetados e ressaltam a evolução lírica de cada um. Como afirmou a revista CLASH, “o trabalho captura realisticamente seus dez anos de experiência e prova que sair da sua zona de conforto e assumir riscos pode valer a pena”.


Being Funny In a Foreign Language - The 1975
Por Gabriel Bonani

A última vez que o grupo britânico entregou um álbum tão coeso e satisfatório como este foi em 2016, com I like it when you sleep, for you are so beautiful yet so unaware of it. Neste novo disco, Matty Healy e sua turma soube refletir a essência do The 1975 em uma leveza lúdica e sentimental. Como um raio de sol em manhã de inverno, a obra floresce com faixas românticas que mesclam melodias solares, mas sem perder as nuances de profundade mais complexas que são tão inerente ao quarteto. "Oh Caroline," "I'm in Love With You" e "About You" vão te fazer transcender, principalmente pela produção impecável de Jack Antonoff, que deu um toque especial em todo o trabalho.

BURBURINHO - Clara Valverde
Por Laura Araújo

O segundo disco de Clara Valverde chegou no dia 14 de outubro para causar um verdadeiro “BURBURINHO”. A soteropaulistana - como se auto intitula - apresenta seu lado mais maduro, tanto nas composições quanto na concepção artística do disco. Ao longo do ano de 2022 Clara vinha dando indícios de que esse seria um disco cinco estrelas com músicas como “curiosidade” e “gostosa”, mas garanto que a experiência de ouvir todo o álbum com suas 10 faixas é inigualável. Clara consegue transitar por diversos ritmos brasileiros com pitadas tropicais em suas músicas, não tem outro termo para definir som além de: brasilidade. 

Além disso, a cantora e compositora busca colocar a mulher como protagonista de suas vidas através do seu som e das suas vivências. Ela brinca com as adversidades de ser uma mulher na atualidade e revela sentimentos genuínos através da sua composição. Eu diria que é um disco impecável.

Chloë and the Next 20th Century - Father John Misty
Por Gabriel Bonani

Para um artista conhecido por suas letras sarcásticas e afiadas, Chloë and the Next 20th Century é uma reinvenção em tanto. Abraçando seus sentimentos com muito charme e nostalgia, Father John Misty entregou um material fascinante que encanta do início ao fim. O músico embarca em uma jornada à la Hollywood Old School com uma paleta vintage muito singular que flerta com o jazz, bossa nova e pop tradicional orquestrado. Versos sinceros e produções divinas te fazem flutuar e não deixam dúvidas de que este disco é, sem medir esforços, um dos mais impactantes de sua carreira.

Crash - Charli XCX 
Por Gabriel Bonani

Um dos discos pop que mais chamaram atenção nesse ano. Com muita atitude, Charli XCX se joga a um som mais radiofônico, porém de extrema qualidade, num nível que poucas divas pop conseguiram entregar nos últimos anos. Com uma produção pulsante e visuais impactantes, a cantora entregou tudo e muito mais do que se espera de uma figura pop hoje em dia. É um dance-pop que bebe de fortes influências dos anos 80 e 90, mas que se mantém atual e autêntico. Charli vive a melhor era de sua carreira atualmente, sem sombra de dúvidas.

Gêmeos - Terno Rei
Por Gabriel Bonani

Na mais bela evolução de seu já aclamado antecessor Violeta, o novato Gêmeos chegou para destacar a maturidade e destacar sua relevância dentro da cena nacional. Entre boas doses de calmaria e nostalgia, o álbum constrói uma relação afetiva muito palpável, seja por sua mistura de MPB com rock oitentista ou pelas letras que iluminam o lado mais genuíno da humanidade. Denso e delicado. Acolhedor e melancólico. Sereno e inquieto. Gêmeos mostra que as maiores dualidades da vida andam lado a lado e é algo lindo de se perceber através do som envolvente e transformador da banda.
Harry's House - Harry Styles
Por Gabriel Bonani

Após o arrebatador Fine Line, todos estávamos curiosos para ver quais seriam os próximos passos do britânico. Para a nossa alegria, Harry's House foi surpreendente. Começando por "As It Was" que foi a grande música do ano. E destacando também toda a versatilidade presente neste disco, que vai desde faixas vibrantes até momentos mais íntimos. Tudo isso é muito bem executado com produções cintilantes cheias de vida que fazem jus ao lugar de Styles entre os artistas pop mainstream mais interessantes da atualidade.

Holy Fvck – Demi Lovato
Por Beatriz Amorim

No dia 19 de agosto de 2022, Demi Lovato deu um grande presente a todos nós ao lançar seu oitavo álbum de estúdio, Holy Fvck. Quem é fã da cantora desde 2008/2009, sonhava com o dia que ela voltaria ao mundo do pop-rock novamente e nesse ano isso aconteceu. Tudo começou com a divulgação de pequenos trechos das músicas do álbum para atiçar a curiosidade dos fãs, até o lançamento dos aguardados singles "Skin Of My Teeth" e "Substance".

Com 16 faixas no total, o disco aborda as experiências mais profundas da vida de Demi intercalando letras melódicas, pesadas, com muita honestidade e sonoridade. As canções são uma carta aberta sobre relacionamentos antigos, sobriedade e os padrões da sociedade. Com certeza, “Holy Fvck” foi uma ótima surpresa para todos que acompanham Demi por tanto tempo.

Ivory - Omar Apollo
Por Gabriel Bonani

Intenso, diverso e experimental. Ivory, o tão aguardado disco de estreia de Omar Apollo, veio para realmente ser um divisor de águas de sua carreira. Em um cenário intimista e muito intenso, o cantor mergulha em suas narrativas amorosas e dá luz ao público às suas raízes mais submersas. São emoções completamente a flor da pele que dão tom ao disco, que é guiado por influências de R&B alternativo, bedroom pop e um tempero latino. Tudo ecoa de forma profunda suficiente para te fazer viajar em seus versos, sem deixar de ser palatável o bastante para se tornar um audacioso viral no TikTok. Recém-indicado ao Grammy e pronto para entrar em turnê com SZA, Omar veio mesmo para ficar.

Love Sux - Avril Lavigne 

Por Maria Eloisa Barbosa


Love Sux, de Avril Lavigne, é nostálgico. A canadense uniu-se a Travis Barker e MOD Sun, símbolos do pop punk atual, e criou um trabalho que remete aos seus antecessores do mesmo estilo. Nele, a cantora soa atrevida, rebelde, direta, apaixonada e jovem, como se o tempo nunca tivesse passado. “Usamos guitarras e bateria ao vivo e a gente não se conteve, conseguimos fazer exatamente o que eu queria e o que eu sinto que provavelmente queria fazer há muito tempo”, explicou. Ainda, o disco conta com outros nomes de peso e amigos de Lavigne: Machine Gun Kelly, blackbear, Mark Hoppus e YUNGBLUD. Love Sux, com “Cannonball”, “Bite Me” e "Déjà vu”, assegura o status de “princesa do pop punk” da artista e mostra onde é o seu lugar.

Melt My Eyez See Your Future - Denzel Curry
Por Gabriel Bonani

Este disco é resistência. Denzel Curry nos deixou de boca aberta com Melt My Eyez See Your Future, um disco sincero e reflexivo sobre seus traumas mais profundos e da sociedade. Entre momentos mais ácidos e outros cheios de soul, o rapper assume seu dom camaleônico de fazer música, deixando de lado os sintetizadores para uma produção impecável mais orgânica. Pianos melódicos, samples de jazz e versos introspectivos fazem com este seja o trabalho mais coeso e hipnotizante do artista. Denzel acertou em cheio.

Midnights - Taylor Swift
Por Gabriel Bonani

Após o universo aconchegante de Folklore e Evermore, Taylor Swift retorna ao pop ao lado de seu parceiro de longa data, Jack Antonoff. O resultado é Midnights, um disco que aflora algumas das melhores e mais inusitadas composições da carreira da artista, que reflete suas inquietações noturnas en navega entre suas melhores memórias e mais temidas inseguranças. Com grande densidade, Taylor nos convida a revisitar os amores e desamores de sua vida em seu universo mais fantasioso e íntimo, tudo com muita poesia, melodias poderosas e euforia.

Mil Coisas Invisíveis - Tim Bernardes
Por Gabriel Bonani

Este é um daqueles discos que te impacta e arranca suspiros no primeiro play. Certamente, a maior surpresa da música nacional em 2022. Não completou um ano de seu lançamento, mas já soa como um clássico. Esculpido em cada detalhe de forma muito delicada, Mil Coisas Invisíveis é um abraço cativante de pura humanidade que fala sobre mudanças e crescimento. Em meio ao caos mundano, o existencialista segundo disco solo de Tim Bernardes constrói um ambiente lúdico de conforto que tanto precisamos. São sábias palavras, orquestrações elegantes e vocais penetrantes que tornam a experiência excepcional e muito inspiradora.

Motomami - Rosalía
Por Gabriel Bonani

Um dos discos mais inusitados, experimentais e ousados deste ano. Diferente de tudo que você já ouviu, Motomami desafia os padrões de se fazer música unindo em um só lugar batidas fortes, temperos exóticos, melodias crescentes, momentos intimistas e um som camaleônico que se transforma a cada canção de forma calorosa. Aqui a cantora catalã não só esbanjou originalidade, como também transformou seu nome em uma das principais referências de inovação dentro da música global atualmente. Este é o som do amanhã.

Mr. Morale & The Big Steppers - Kendrick Lamar
Por Gabriel Bonani

Não é dúvida nenhuma para ninguém que Kendrick Lamar é um dos maiores rappers da nossa geração. E isso fica mais do que evidente no triunfal Mr. Morale & The Big Steppers, um álbum confessional onde o artista fala sobre fama, trauma, violência e relacionamentos conturbados. Esses temas são abordados de forma muito crua, com storytelling impactante e produção assertiva entre o jazz, soul e trap. Sem medo da vulnerabilidade e do lado sombrio, Kendrick mais uma vez compartilha feridas amargas e humanas com o mundo. Um álbum denso e lendário.

Numanice #2 - Ludmilla
Por Thais Vieira

Especialista em transitar em diversos gêneros musicais, foi no pagode, onde as vozes masculinas predominam, que Ludmilla se consagrou como uma das maiores artistas do país. Com as famosas canetadas da Lud em Numanice #2, a cantora conquistou o primeiro gramofone da carreira na edição deste ano do Grammy Latino, na categoria “Melhor Álbum de Samba/Pagode”. Fica até difícil acreditar que o projeto começou sem pretensões em 2019 e já reuniu mais de 30 mil pessoas no sambódromo da Marquês de Sapucaí, além dos outros shows esgotados ao redor do país. Destaque especial para "Quem é você", "Maldivas" e "Sinais de fogo". Menção honrosa para "Insônia", parceria com a saudosa Marília Mendonça.

QVVJFA? - Baco Exu do Blues
Por Laura Araújo

QVVJFA? ou “Quantas Vezes Você Já Foi Amado?” foi lançado dia 26 de janeiro e, desde então, músicas como “Samba In Paris” e “20 Ligações” estão na boca do povo, principalmente nas dezenas de festivais pelo Brasil que Baco Exu do Blues esteve esse ano. 

A obra mostrou um lado diferente do rapper, mais profundo, como “Autoestima” onde ele desabafa que precisou de 25 anos para se ‘achar lindo’ ou na faixa “Lágrimas”, com a eterna Gal Costa - que nos deixou este ano, onde Baco repete “Eu tenho medo, não conte pra ninguém é o meu segredo”. Apesar de ser diferente dos trabalhos anteriores, QVVJFA? tem muito do Baco que conhecemos nos discos Esú Bluesman, e mostrou que o rapper tem tudo para ser reconhecido como um dos maiores do país. 

Renaissance - Beyoncé
Por Thais Vieira

Manter a calma com um dos comebacks mais aguardados da música em 2022 não foi fácil e Beyoncé não decepcionou com “Renaissance”. Mesmo sem o lançamento dos famosos visuais, a cantora mais uma vez subiu o nível, entregando um trabalho que resgata elementos da dance music sem abandonar o R&B, gênero que a consagrou. Não por acaso, o disco rendeu 9 indicações ao Grammy incluindo “Album Of The Year”, um dos favoritos para levar a categoria. Vale a pena ouvir (de novo): "ALIEN SUPERSTAR", "CUFF IT" e "VIRGO’S GROOVE". Aqui ela fez história.

Superache – Conan Gray
Por Guilherme Araújo

O novo álbum de Conan Gray é profundo e honesto. O cantor encara seus medos mais íntimos e anseia por algo a mai. Ele é maior e mais robusto que seu antecessor Kid Krow, e ainda expande as qualidades do cantor. Ao longo das 12 faixas, Conan trabalha cuidadosamente traumas do passado, se afastando dos ressentimentos e expondo suas vulnerabilidades.

Conan diz que foi um álbum miserável e aterrorizante de escrever, mas acabou se tornando uma representação muito verdadeira dele mesmo. É uma história de desgosto, amigos, luto e lamentação de partes do seu passado que você ignorou.

The Hardest Part – Noah Cyrus
Por Gabriel Bonani

Um dos álbuns mas preciosos do ano. No debute The Hardest Part, Noah Cyrus canta sobre dores, amores, medos e perdas que a envolvem ao fazer parte de uma das mais famosas famílias de Hollywood. Entre baladas revigorantes e desoladoras, a cantora entrega um trabalho muito pessoal e honesto que ecoa como uma verdadeira obra de arte sentimental. Sua voz aveludada acalma o coração e a produção beira o folk, country e pop para construir um clima intimista e emocionante. Vale muito o play.

Un Verano Sin Ti - Bad Bunny
Por Thais Vieira

Talvez o sucesso de Bad Bunny não tenha chegado até a sua bolha, mas os 10 BILHÕES de stream no Spotify conquistados pelo álbum “Un Verano Sin Ti” não negam: o cantor porto-riquenho é um fenômeno. Único projeto em espanhol indicado ao Grammy na categoria “Album Of The Year”, o artista foi considerado pela Billboard como o nome de 2022. Além dos charts, o artista ganhou os estádios com shows esgotados. Destaque para "Me Porto Bonito", "Tití Me Preguntó" e "Ojitos Lindos".

V - Maglore
Por Gabriel Bonani

Moderno e clássico ao mesmo tempo. É assim que soa o amadurecimento de Maglore dentro do seu novo álbum V. Neste trabalho, a banda baiana soube equilibrar com maestria o melhor do pop rock e da brasilidade tropical que temos em nosso país. Com uma leveza admirável, o quarteto apresenta uma sonoridade plural e temáticas diferentes, desde as mais politizadas às mais românticas. Este é uma obra com grande potencial para a Maglore furar a bolha indie brasileira e ir muito além. Em V, eles flutuam para um céu que não há limites.

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