The Last Shadow Puppets está de volta com um som bem retrô e experimental


Apostando em uma linha mais retrô, Miles Kane e Alex Turner estão novamente, e finalmente, juntos para dar continuidade, depois de oito anos, ao The Last Shadow Puppets. O resultado? Bom, em contraposto ao título, não sei se é bem o que você estava esperando.

Desde o lançamento de The Age Of The Understatement, Alex Turner teve seu grande momento na música com o Arctic Monkeys (convenhamos que foi merecido), diferente de Miles Kane, que não chega aos pés da repercussão que Turner teve. Mas deixando as comparações a parte, ambos amadureceram muito, o que nos deixou ainda mais ansiosos para este retorno. Afinal, esperávamos que isso refletiria nas composições da banda, não é mesmo? E, para alegria de alguns, o amadurecimento está presente nas melodias do novo álbum e na coerência sonora em geral. Por outro lado, a composição lírica poderia ser bem melhor e mais trabalhada para combinar com o ritmo consistente e maduro das músicas. Sinceramente, parece que Alex Turner deixou todas as letras legais pro Arctic Monkeys e decidiu colocar o que sobrou neste projeto. Mas para disfarçar os malfeitos, Turner e Kane arrasaram nos instrumentos de corda, os usando como ferramenta de camuflagem.

Nos tornamos mais críticos quando um álbum tem tanta expectativa carregada consigo mesmo e, infelizmente, é isso o que ocorre com Everything You’ve Come To Expect, mas não podemos ficar cegos pelos pontos negativos, pois há o lado bom do novo projeto. Mesmo não sendo rico em grandes explosões, as músicas são bem interessantes pelo clima mais experimental que é explorado nelas, trazendo uma cara diferente para The Last Shadow Puppets. As vozes dos dois continuam encantadoras, soando como mágica quando decidem harmonizar. Além disso, é um álbum cheio de diversidade, que varia do blues, do soul e do groove, com uma vibe mais orquestral, que prende o ouvinte da maneira mais suave e romântica possível. 



“Aviation”: Essa faixa soa muito como o primeiro álbum do The Last Shadow Puppets, o que é muito bom. Os riffs permanecem durante a música toda, quase construindo determinado cenário de um filme de ação, que se intensifica com o drama dos elementos orquestrais do fundo. E para ser bem sincero, fica difícil achar defeitos na faixa de abertura, ainda mais com uma composição e interpretação tão efervescentes.

“Miracle Aligner”: Mantendo o nível da anterior, a faixa mostra Alex Turner como ninguém nunca viu antes. Aqui são experimentadas melodias soul, porém ainda bem pop, dando liberdade para a exploração vocal do cantor. Não há nada de tão espetacular na faixa, mas com certeza foi uma das que mais me cativou por conta da delicadeza construída ao decorrer da música.

“Dracula Teeth”: Essa foi uma das minhas favoritas. O instrumental cria o ambiente ideal para a letra “macabra” e romântica da faixa. Ouvindo essa música em especial, fico muito feliz da adição da orquestra, que dá uma sensação totalmente única para a música. Dá até pra imaginá-la em uma trilha sonora de um filme qualquer de terror dos anos 70.

“Everything You’ve Come To Expect”: Mais romântico do que nunca, The Last Shadow Puppets mostra seu lado mais poético e clássico nessa faixa. Se você acabou de ouvir o primeiro álbum da banda e, em seguida vai para essa música, te garanto que o choque vai ser inevitável, afinal são dois extremos.

“The Element Of Surprise”: A partir daqui, não é tudo um mar de rosas. O “elemento de surpresa” é que o álbum, mesmo contendo ótimas faixas, também possui seu lado entediante. A música é muito parada, o que é um perigo para essa nova fase experimental da banda. Não estamos acostumado com isso, muito menos estávamos esperando por isso. Queremos mais explosões de riffs, apenas.

“Bad Habits”: Olhem só as letras imaturas das quais me referia! Porém, apesar de repetitivo, gostei muito do ritmo rebelde da música, assim como os arranjos vocais. A música entra em uma dimensão rock n’ roll que o álbum estava precisando desesperadamente.

“Sweet Dreams, TN”: Mais letras bobas, porém até que dá pra esquecer com a famosa tática de disfarce da banda. Se em “Aviation” Miles Kane roubou a cena, agora é a vez de Alex Turner emocionar todos com suas notas grandiosas que, juntas à marcha orquestral de fundo, faz de “Sweet Dreams, TN” uma das mais poderosas músicas do álbum.

“Used To Be My Girl”: A produção com os instrumentos de cordas não deu nada certo nessa faixa. Além disso, não há nada que se destaque positivamente nessa música a não ser a maior participação de Miles Kane. Bom, no geral, essa é totalmente descartável.

“She Does The Woods”: Um pouco melhor que a última, a faixa agora encontra firmeza nos instrumentos de cordas. Porém, por outro lado, ainda assim não é uma das mais fortes do álbum. O refrão é muito bom, porém não consegue carregar o resto da música.

“Pattern”: Finalmente uma evolução lírica! Eu recomendaria facilmente essa faixa que, ainda simples, não apresenta nenhum defeito grave. Além disso, todos instrumentos entram na hora certa para causar determinada sensação. Sem dúvidas, é a melhor da segunda metade do álbum.

“The Dream Synopsis”: Uma música totalmente sobre o inconsciente de Alex Turner em seus sonhos não poderia ser mais agradável ou mais certa para um álbum como este. O disco tem essa pegada meio dreamy, então quando me deparei com uma música sobre sonhos, logo já imaginava que combinaria muito com o novo som deles. Achei uma ótima faixa para encerrar a tracklist da versão standard.



O novo álbum do The Last Shadow Puppets realmente não é nem um pouco do que esperávamos. Mas sempre é bom inovar, não é mesmo? E assim como toda mudança extrema, há algumas falhas notáveis, deixando o álbum chato em alguns momentos. Porém, apesar de tudo, seria loucura negar a evolução artística de Miles Kane e Alex Turner em comparação com o primeiro álbum. Isso se reflete bem no som experimental deles, que nunca seria possível no último álbum. Agora, só espero que a banda não fique tanto tempo longe, pois isso aumenta as expectativas demais para um grande retorno, o que pode ser um problema para a banda ao tentar entregar algo parecido com a demanda.

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