“Make Me”, “Rise” e a onda de decepção que engole o mundo pop



Com os lançamentos recentes de duas potências do pop, fica claro que o gênero vem passando por momentos difíceis entre seus maiores representantes. Quem poderá nos resgatar?

Não é de hoje que venho me decepcionando um pouco com o pop. Não sei bem ao certo dizer quando isso começou ou o porquê, mas é muito perceptível que de uns tempos pra cá as maiores artistas do gênero tem deixado de lado a sua essência em seus últimos trabalhos. E não falo de amadurecimento, afinal isso é normal na vida de qualquer ser humano, mas, sim, da falta de alegria que costumava seguir todo o universo pop. Está tudo maquinado, construído, inserido em conceitos muitas vezes vazios, o que acaba se tornando uma perda muito grande para os fãs, como eu. Não tiro o foco da importância de trabalhar questões sociais através da música, mas parece que nada está sendo feito com amor e com vontade.

Gosto de pensar que sou aberto a todos os tipos de música, mas a música pop é a que mais me move. Acompanho os artistas desde pequeno e acompanhei alguns desde o início de suas carreiras, por isso o grande apego que tenho e a inconformidade que sutilmente me persegue quando noto algo de errado. Não acho que os últimos lançamentos da música em questão vêm sendo ruins, mas estão longe de serem memoráveis, icônicos e à altura do que entregavam há alguns anos atrás. O Lemonade não é ruim, o Anti não é ruim, o mesmo com Rise e Make Me, mas até que ponto lembraremos desses trabalhos no futuro? O que fica mesmo é todo o material das eras passadas.

Quando Katy Perry e Britney Spears lançaram suas músicas no mesmo dia, há algumas semanas atrás, a empolgação foi geral pelo significado que o comeback de duas gigantes do pop tinha. Mais por isso do que pelas faixas em si, que demoram a criar um apelo com o público pela falta de carisma. Ainda assim, particularmente, achei Make Me muito superior à Rise – inclusive só consegui engolir esta última por completo há uns dois dias. Acredito que hoje em dia Britney tenha um pouco mais de controle sobre suas produções e que, portanto, o material seja próximo de seu gosto, por não requerer muita potência vocal e por estar em sua zona de conforto. Já no caso de Katy, só consigo enxergar o single como fruto da pressão da gravadora para não deixa-la tanto tempo fora mídia. A desculpa utilizada para lançar um material tão boring distante do que ela costuma fazer foi para divulgar as Olimpíadas do Rio de 2016, mas até hoje não a ouvi em nenhum veículo relacionado ao evento, talvez com exceção da NBC.



É o terceiro clipe de Britney que tem uma versão original engavetada – por motivos obscuros que ninguém sabe ao certo – que seria, aparentemente, muito melhor que a divulgada. O início do vídeo engana bastante, levando a crer que veríamos uma história divertida e cativante, mas a coisa toda se mostra, em seguida, sem o menor sentido ou propósito. A própria cantora fica em segundo plano em meio a tantos homens que não sabemos nem quem são, num roteiro que não tem o mínimo de apuração. É realmente uma pena, porque eu queria ver a Neide finalmente emplacando algo, mas vamos continuar ouvindo a música como se o vídeo nunca tivesse existido.


Rise tem uma pegada completamente diferente, já que o vídeo em si cumpre seu papel como produto audiovisual. A beleza não sai de tela em nenhum momento, tanto pelas paisagens incríveis como pela própria Katy, e é perceptível que a produção toda precisou de muito esforço, mas, no fim, é o que todo mundo já esperava. Lindo, porém previsível e clichê, assim como a música toda. Se essa é a Katy Perry da nova era, fico muito triste, pois falta o bom humor que eu sei que ainda está lá, mas que precisa ser despertado em seus próximos trabalhos. E dá pra arrumar uma peruca nova pra garota, por essa água de jesus? Dry ass wigs na era Rise, hein.

De certa forma, ainda boto fé nos próximos álbuns das duas cantoras, mas ainda há muito a ser trabalhado. Talvez Britney consiga mesmo emplacar com uma sonoridade próxima a que Selena Gomez fez em seu Revival, como ela mesma já afirmou que a terá como influência, mas um vídeo faz toda a diferença na divulgação de um single e é nisso que ela deveria trabalhar mais para voltar à boa forma de clipes. Para Katy, vejo o oposto: seus vídeos são sempre impecáveis visualmente e dinheiros nunca são poupados na produção de um, mas sinto muita falta de vê-la bem-humorada e extremamente divertida, como nenhuma outra da indústria. No mais, anseio a volta de Lady Gaga para salvar o pop novamente, rs.

Ps: Não sou little monster ou de qualquer outro fandom, mas amo todas as cantoras e defendo quem merece ser defendida. <3

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