James Blake constrói história de amor em clima cósmico e melancólico em novo álbum "Assume Form"


Para a nossa alegria, James Blake nos presenteou com Assume Form, o seu mais novo álbum de estúdio. O músico consagrado do soul alternativa volta à ativa com uma pegada R&B melancólica e contemporânea. As suas faixas, bem diferentes e exóticas, permeiam um tipo de ideia cósmica sobre os sentimentos. Ainda abordam assuntos como problemas psicológicos e o estado de paixão. 

Logo no começo do disco, nos é apresentada uma mistura de sons e vocais, dando um aspecto futurista que o álbum todo carrega. Ao decorrer da obra, o ritmo vai se suavizando, porém o clima é continua sempre muito melancólico. Os sons, por sua vez, são misturas peculiares e criativas dos instrumentos orgânicos, como piano e violino, com sintetizadores eletrônicas, que agregam uma fluidez R&B e trap bem singular ao trabalho. 

“Assume Form” é a primeira faixa e também o nome do disco. Ela expressa a ideia de deixar as preocupações de lado e transcender. Algo como estar observando as coisas de fora do próprio corpo. Se desprender da mente para, assim, observar de outra forma, que se dá na narrativa como um novo amor. Em “Mile High”, por exemplo, ele passa da fase da curtição e chama a nova parceira para transcender junto a ele, ainda com uma batida mais animada e confusão de sons. Já em “Tell Them”, a confusão é em sua letra, narra o início de relacionamento e toda a reflexão e insegurança que o envolve. A sintonia de James e Moses Sumney nessa canção é surreal.


Seguindo, “Into The Red” expõe o amor já idealizado, desta vez, pelo lado de sua parceira. Enquanto “I’ll Come Too”, faixa nove, quem faz tudo pelo outro é ele. Reciprocidade chega ao seu auge a essa altura do álbum. Ao final, o artista mostra ter se conhecido melhor, aprendido coisas novas, como se redimir e se colocar no lugar do outro. Em “Power On”, mesmo ainda falando sobre transcendência, ao som mais tranquilo de um tipo de a capela futurista ele canta: “From space I can see that I was wrong”

Assume Form é recheado de parcerias, e elas agregam muito ao álbum, que flerta com R&B e melodias alternativas de um jeito memorável que poucos artistas sabem fazer hoje em dia. Outro fator que agrega trata-se das referências a outras obras, tais como “It feels like like a thousand pounds of weight holding your body”, trecho de “Assume Form”, tirada da obra Depression do poeta Rage Almighty. O mesmo ocorre com a expressão “40 days and 40 nights” de “Mile High” em referência a ideia de jejum da bíblia e de muitas religiões. 


Um aspecto observado é ainda o fato das faixas irem desacelerando, mudando de tema e atmosfera. Chegamos ao ponto que até a ansiedade e depressão são levadas em conta no relacionamento narrado. É uma alegoria que vai absorvendo todas as inseguranças e instabilidade contemporânea que assombram um relacionamento nos dias de hoje. Em “Don't Miss It”, o piano é bem marcado e toma conta do instrumental quase inteiro. Tudo é muito suave, calmo e em tom de conselho. Expressa o quanto a pessoa amada consegue o ajudar nesses problemas e em momentos difíceis. É um momento muito especial.

Apesar do clima mais pesado, Assume Form é um álbum muito romântico e pessoal. No twitter, o cantor mostra que ele só existe devido a sua atual namorada. Ele expressa as várias fases e faces de um relacionamento. Ao invés de algo superficial, fala das consequências positivas do amor. Como o apoio e aprendizado envolvido. Tudo é colocado em um disco cheios de músicas que são estranhas de início, porém de uma genialidade indiscutível.

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