Em “Love It If We Made It”, The 1975 problematiza todas as polêmicas da atualidade em uma só música.


Depois de “Give Yourself A Try”, o nosso querido The 1975 continua nos preparando para o novo álbum com mais uma música. Acompanhada de uma crítica social muito bem apontada, “Love It If We Made It” integra A Brief Inquiery Into Online Relationships, o próximo disco da banda que já tem previsão de lançamento para outubro desse ano.

Musicalmente, a produção flerta com um synthwave psicodélico que nos leva direto ao som pelo qual nos apaixonamos logo nos primeiros trabalhos da banda, como em “Heart Out”, junto a uma pitadinha do som sofisticado de I Like It When you Sleep, for You Are So Pretty Yet So Unaware Of It. Tudo isso é ainda combinado aos vocais cheios de sentimento de Matty Healy, assim como já tínhamos visto um pouco em “The Ballad of Me and My Brain”. As batidas junto à voz maravilhosa de Matty se misturam em uma harmonia futurista e iluminada. Porém, a verdadeira protagonista aqui é a composição genial e realista sobre o mundo contemporâneo.

Em “Love It If We Made It”, a banda reflete sobre o momento atual, pontuando vários acontecimentos dos últimos tempos e os problematizando em uma só música. Desafiador, né? Mas o quarteto soube executar isso tudo muito bem, chegando a mencionar a morte chocante de Lil Peep, várias referências ao polêmico Donald Trump, o ignorante backlash que vem se tornando cada vez mais comum na indústria de entretenimento, e muito mais.


Colocando todos esses fatos juntos, temos uma obra que brinca com o absurdo e o caos pós moderno que nós mesmos chegamos. Através de versos como “We’re just left to decay. Modernity has failed us”, Matty Healy deixa claro que nos encontramos em um buraco bem difícil de sair, revelando que amaria se a gente conseguisse se organizar novamente. Na bridge, porém, vemos que a situação é muito mais destoante e severa do que imaginamos: “Consultation. Degradation. Fossil fuelling. Masturbation. Immigration. Liberal kitsch. Kneeling on a pitch”. Aí, o vocalista traz tópicos como a saúde mental que não é levada a sério, a sexualização cada vez mais comum no mundo, a ignorância com os imigrantes e o liberalismo ilusório atual.

Colocando todos esses fatores em uma balança, nos resta enxergar que estamos em uma guerra infinita de intolerância e superficialidade, em que nenhum dos lados ganha, alimentando uma bolha desconexa e frustrante que cresce mais a cada dia. Profundo, né? É exatamente para isso que The 1975 está aqui, para abrir nossos olhos e nos dar um choque de realidade. O seu próximo disco, A Brief Inquiery Into Online Relationships, deve chegar com a mesma premissa de abordar e problematizar a pós-modernidade através da tecnologia, cultura pop e a briga de ideologia que encontramos hoje em dia. Podem vir com tudo, porque estamos prontos para mais uma obra de arte!

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