Charli XCX mostra com seu novo álbum que PC Music pode ser consumida pelo mainstream

Depois de cinco anos após seu último álbum, com direito a um EP e duas mixtapes neste período, Charli XCX está de volta com o tão aguardado Charli. Durante essa jornada, a cantora passou por um longo processo de reinvenção em sua carreira, ganhou mais autonomia em sua gravadora e o resultado é um álbum recheado de pop perfections que vieram da PC Music.

A nova fase da cantora não tem relação alguma com seu último álbum de estúdio, Sucker (2014), época em que atingiu grande público com os hits "Boom Clap", "Break the Rules" e "Doing It". Depois de ser conhecida pelo mainstream, Charli lançou o EP Vroom Vroom, e as mixtapes super elogiadas Number 1 Angel e Pop 2. Com esses últimos trabalhos, vimos Charli se envolver com outros artistas e experimentar mais, sobretudo na música eletrônica.

Depois dessa longa jornada, Charli, que também é compositora de mão cheia, reuniu Christie and the Queens, Sky Ferreira, Troye Sivan, Kim Petras, Tommy Cash, HAIM, Lizzo, Big Freddia, CupcakKe, Brooke Candy, Pabllo Vittar, Clairo e Yaeji em um único álbum, dando liberdade para seus parceiros darem às suas músicas sua própria personalidade. Com isso, Charli é um álbum com muitas facetas, e mesmo assim, coeso entre si.

Antes de seu lançamento, Charli nos brindou com alguns lançamentos antecipados que já falamos aqui no blog, como foi no caso de "1999", "Blame It On Your Love", "Cross You Out", "Warm", "February 2017", "2099", e a ótima "Gone", a tradução de pop perfection que merece todos os #1 do mundo!


Na data de estréia do álbum, ainda eram inéditas as faixas "Next Level Charli", que abre o álbum mostrando a faceta hiperenergética da cantora, não poupando elogios para si mesma, e "Click", parceria  com Kim Petras e Tommy Cash, que já é  uma das favoritas entre os fãs e segue a mesma vibe da música de abertura. 

Ainda que carregada de elementos da música eletrônica e não sendo nada discreta no uso  de auto-tune, usando a mudança  de voz com próprio instrumento, "Thoughts" diminiu o ritmo frenético que o álbum vinha seguindo, e prepara terreno para "White Mercedes", uma balada emocionante em que Charli reflete se toda sua euforia não é uma auto-sabotagem, já que, por ser assim, não consegue ficar ao lado de quem ama. 


Em seguida, "Silver Cross", "I Don't Wanna Know" e "Official" dão as caras. Depois do balde de água fria que foi "White Mercedes", o  álbum diminiu ainda mais  de ritmo e agora podemos prestar atenção nas letras da Charli, que mesmo cercada de tanta informação e se auto-declarar "à frente de seu tempo", também tem tempo para se apaixonar. Porém, ao fim dessas três músicas, somos novamente surpreendidos com "Shake It", parceria  com Big Freddia, CupcaKke, Brooke Candy e a nossa Pabllo Vittar, que, assim como "2099", é muito mais experimental que as demais faixas e chega cheia de informação, sendoquase impossível de digerir ouvindo só uma vez. Lembrando muito o Pop 2 em sua melhor forma, os pontos altos da música estão  no verso  susurrado da CupCakKe no verso cantado em português pela Pabllo, não se deixando apagar em meio a grandes artistas envolvidos no álbum. 

Com Charli, a cantora bate no peito e não se curva ao tipo de música consumido pelo grande público. O álbum mostra que o potencial criativo de Charli não tem limites e é um ótimo cartão de visitas para outros públicos conhecerem mais sobre a PC Music. A produção diversa faz com que, embora com 14 faixas, o álbum não  seja cansativo e facilmente seja escutado no repeat por semanas! Seja como álbum de estúdio, mixtape ou EP, uma coisa é certa: Charli XCX não nos decepciona em nenhum quesito, seja na produção, nas letras ou parcerias.